quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A Revolução Documental


Posted: 23 Sep 2014 03:12 AM PDT


“Em 9 de novembro de 1989 caiu o Muro de Berlim, mas ele continua em pé em muitas cabeças. No Leste e sobretudo no Ocidente, a crença continua viva. O luto do comunismo durará ainda por muitos anos e pesará sobre o trabalho dos historiadores que analisam o que foi o Estado-defunto” (O Livro Negro do Comunismo)

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja

O colapso do sistema comunista provocou quase que instantaneamente uma revolução documental com a abertura dos arquivos e com a liberdade de palavra dada às testemunhas que, até então, acreditavam estar obrigadas ao ‘sigilo partidário’.

Durante quase três quartos de século, os únicos documentos dos quais dispunham os observadores do sistema comunista mundial eram somente as fontes públicas do comunismo – jornais, publicações oficiais, discursos dos líderes, literatura e cinema dirigidos -, bem como os relatos dos dissidentes e as fontes da polícia e dos serviços de informações, quando disponíveis. O trabalho era ainda dificultado pela mania de segredo própria de todos os partidos e regimes comunistas, o que significa dizer que os analistas do sistema comunista trabalhavam de modo semelhante aos paleontólogos que reconstituem a imagem de um dinossauro a partir de um fêmur ou de um maxilar. Hoje em dia, no entanto, os historiadores têm à sua disposição todo o esqueleto.

A despeito da penúria das fontes, todos fizeram o melhor que podiam, expondo-se à crítica permanente, irônica e hipócrita dos colegas comunistas e também aos desmentidos arrogantes dos apparatichiks, que consideravam: a responsabilidade soviética no massacre de Katyn –propaganda nazista; milhões de mortos na grande fome ucraniana de 1932-1933 - propaganda capitalista; as negociações entre Otto Abetz - general alemão, governador da cidade de Paris durante a ocupação nazista – e o PCF, de junho a agosto de 1949 – pura imaginação; a direção do PCF, posta de 1931 a 1939 sob a tutela de um judeu eslovaco chamado Clément, cujo verdadeiro nome era Eugen Fried – tolices; centenas de milhares de fuzilados pelo Grande Terror de 1937-1938 – afirmações anticomunistas primárias; a colocação sob vigilância de todos os cidadãos da RDA pela Stasi – calúnia dos revanchistas de Bonn. Essa litania poderia ser declinada indefinidamente.

Mas depois de 1991-1992, esses críticos se calaram. A cada dia, os documentos retirados dos arquivos dos países do Leste Europeu vêm aniquilando todas essas denegações, trazendo luzes inéditas para a tragédia do comunismo.

Annie Kriegel, uma intelectual comunista francesa que nos anos 70 abandonou o partido, falecida em 1995, após examinar os arquivos de 1991 a 1994, tinha o ponto de vista de que, para muitos, o que nos traz a abertura dos arquivos é, em primeiro lugar, a possibilidade de verificar, de controlar e de reunir provas que confirmem, aprimorem ou desmintam nossas análises e conclusões passadas.

Assim, ela retorna à sua própria conceituação de sistema comunista mundial para corrigir seu aspecto estático: por um lado, o sistema abriga, de maneira articulada e cada vez mais interativa e orgânica, um Estado (e, mais tarde, uma comunidade de Estados) e, por outro lado, um movimento. Isso significa dizer que são igualmente falsas tanto a tentativa de fazer do movimento apenas um apêndice do Estado ou de seus interesses, quanto a de fazer do Estado somente uma referência longínqua do movimento.

O certo é que desde 1993 os historiadores já se viam confrontados com uma revolução documental que fundava uma nova história do comunismo, na qual cada evento e cada figura histórica deviam ser revistos sob a luz dos arquivos (1). Essa história baseia-se numa revolução da prova documental: a materialidade de inúmeros fatos históricos é, a partir de então, estabelecida sem contestação possível, pondo um ponto final, dessa maneira, nas intermináveis polêmicas que se multiplicaram nos 70 anos de história do comunismo. Todavia, nem todos os fatos são conhecidos, mas aqueles que o são foram estabelecidos com um grau de exatidão aceitável.

Assim, a partir de 1991 e graças à revolução documental, os segredos mais bem guardados do comunismo foram revelados. O protocolo secreto adicional ao Pacto Germano-Soviético de 23 de agosto de 1939, cuja existência era negada havia meio século, foi tornado público. Encontrou-se até mesmo o mapa no qual os compadres nazistas e soviéticos tinham demarcado a partilha do Leste Europeu, com a rubrica triunfal de Stalin ornando sua parte oriental. A ordem de 5 de março de 1940 determinando o assassinato de 25.700 oficiais e dirigentes poloneses, assinada pelo conjunto dos membros do Politburo soviético, foi retirada em 1992 de seu envelope timbrado e transmitida por Boris Yeltsin a Lech Walesa.

Os dossiês elaborados em Moscou sobre os dirigentes comunistas em todo o mundo, índice do controle político e policial que Stalin sempre exerceu sobre o conjunto do Komintern, passaram a ser acessíveis em Moscou, e os escritos mais homicidas de Lenin, ocultados por tantas décadas, apareceram. A partir de 1994, surgiram inúmeras publicações que utilizaram os arquivos de Moscou, de Praga e de outros países comunistas. As obras sobre a URSS se multiplicaram, especialmente na França, Rússia, EUA e Alemanha.

E com o presumido fim da guerra fria, alguns países ocidentais também abriram certos arquivos. Os EUA divulgaram os documentos Venona, retirados da decodificação das mensagens de rádio dos serviços secretos soviéticos durante a guerra (2), o que possibilitou uma melhor compreensão de vários episódios obscuros, como o caso Rosenberg.

A abertura dos arquivos – com maior ou menor grau de generosidade – foi acompanhada pela liberação de palavra concedida a certo número de atores e de testemunhas, de vítimas ou de carrascos, obrigados a manter o sigilo partidário ou silenciados por ameaças.

O próprio funcionamento do sistema comunista, na URSS, no interior do Komintern, dentro dos partidos comunistas, o papel preciso dos diversos atores, tudo que, por tantas décadas, tinha sido mantido sob ‘sigilo partidário’, enfim, a face imersa do iceberg – ou, como chamam outros autores, ‘a face oculta da lua’ – começou a aparecer. Os locais, as modalidades e os canais de transmissão das decisões, todos esses dados elementares, bem conhecidos para todos os outros sistemas políticos e, até o momento, misteriosos no que dizia respeito ao comunismo, tornaram-se parcialmente disponíveis. Esses dados permitiram o aprimoramento do foco sobre o tema e que um novo quadro, bem mais verídico e muito menos contestável, fosse estabelecido.

Muitos julgaram conveniente desdenhar. Afinal eram arquivos policiais, arquivos falsificados, etc. Ora, esses desiludidos dos arquivos evitaram, na maior parte das vezes, a consulta a esses documentos e, quando o fizeram, retiveram apenas os aspectos mais anódinos. É certo que a abertura dos arquivos conheceu suas vicissitudes: na Rússia, alguns se fecharam rapidamente e outros, mais importantes, ainda não foram abertos.

Na Bulgária e na Romênia, dez anos após a mudança de regime, o acesso aos arquivos permanece difícil. Na ex-Iugoslávia, em Belgrado, o acesso aos arquivos de Tito acabam de ser permitidos, mas permanecem totalmente fechados na Coréia do Norte, no Vietnã, em Cuba e na China. A despeito desses obstáculos, a história do comunismo está caminhando.

O momento mais intenso e mais inesperado dessa primeira reavaliação histórica do comunismo, provocada pela conjunção da mudança no ambiente intelectual e pela revolução documental foi, sem dúvida, a publicação na França do Livro Negro do Comunismo, em 7 de novembro de 1997, exatos 80 anos depois da Revolução de Outubro (publicado no Brasil em 1999). Essa obra foi concebida para demonstrar uma das dimensões do comunismo: a dimensão criminosa. Apenas no que diz respeito ao assassinato de pessoas, os autores se ligaram a três fenômenos principais.

Em primeiro lugar, os assassinatos diretos. Dos anos pré-revolucionários na Rússia e da fase inicial do comunismo, até a morte de Lênin. No decorrer dos dias e semanas que se seguiram ao Golpe de Estado bolchevique, no qual grande quantidade de pessoas – malfeitores libertados das prisões, soldados desertores, o populacho – seguiu o slogan de Lênin – ‘afanar os afanadores’ – e praticou uma violência selvagem contras os ‘burgueses’, roubando, pilhando, violentando e matando sem qualquer ponderação.

Depois, nos cinco anos seguintes, nos quais os bolcheviques, em nome de sua ideologia, da pretensa legitimidade da sua visão histórica, da vontade de conservar o Poder a todo custo, praticaram um terror de massa sistemático contra seus inimigos reais ou supostos: o massacre dos‘brancos’, na maior parte burgueses, comerciantes, membros da intelligentsia, oficiais, sacerdotes, camponeses, operários assassinados em massa pelo Exército Vermelho e pela Cheka entre 1918 e 1921 – sem esquecer da primeira experimentação de genocídio de classe contra os cossacos do Don em 1919-1920. E depois, as 690 mil vítimas do Grande Terror de Stalin em 1937-1938, cuja lista exaustiva ainda está sendo estabelecida pela associação russa Memorial. E depois... e depois...

Em segundo lugar, o fenômeno examinado foi o dos campos de concentração estabelecidos a partir do verão de 1918 por Lênin e por Trotsky. Depois de terem servido de locais de extermínio para inimigos políticos, esses campos se tornaram, a partir de 1928-1929, um sistema generalizado de exploração de trabalho forçado, Gulag, que se estendeu progressivamente à totalidade dos países comunistas.

Esses campos eram alimentados por gigantescas deportações em massa: dezenas de milhões de homens, mulheres e até mesmo crianças, dos kulaks da coletivização soviética às populações conquistadas por Stalin de 1939-1941 (poloneses, estonianos, lituanos, letões e bessarábios), dos prisioneiros civis e militares de 1944-1945 (ainda poloneses, húngaros, romenos, alemães, coreanos e japoneses) aos ex-prisioneiros de guerra soviéticos pervertidos por sua visão do Ocidente, dos trabalhadores forçados do canal do Danúbio romeno às vítimas da lavagem cerebral do laogai chinês, dos campos norte-vietnamitas às cidades transformadas em campos de concentração dos khmers vermelhos.

Em todos os casos, as condições de trabalho, de alimentação, de alojamentos de saúde eram destinadas a rentabilizar ao máximo a força de trabalho do detento até o esgotamento total. Exceto qualquer compromisso feito com os carrascos, somente a sorte permitia salvar a própria pele.

O terceiro fenômeno recenseado pelo Livro Negro do Comunismo foi o da fome, em alguns casos provocada pelo voluntarismo ideológico e pela incompetência do regime. Assim, a fome soviética de 1921-1923 que provocou a morte de cerca de cinco milhões de pessoas deveu-se à decisão do Politburo de avaliar a colheita em mais de um terço do que fora previsto por seus próprios estatísticos, ordenando requisições proporcionais a esse cálculo, o que levou os camponeses à morte. Morte por fome!

No caso dos alemães do Volga, instalados na Rússia desde o século XVIII, as requisições de trigo destinadas a alimentar o partido e o Exército Vermelho – quando os alemães já estavam à beira da penúria alimentar – provocaram a morte de pelo menos 100 mil pessoas – morte por fome! - numa comunidade de cerca de 450 mil, e nas condições mais assustadoras, inclusive antropofagia. A fome chinesa de 1959-1961, provocada pelas aberrações do ‘Grande Salto pra Frente’, obedeceu às mesmas causas.

Outras fontes foram deliberadamente suscitadas pelo poder comunista: Pol Pot provocou assim a morte de 800 mil cambojanos. Stalin organizou a fome ucraniana de 1932-1933 para exterminar a elite social e para sujeitar um campesinato e uma nação rebeldes.

Dois jornalistas ucranianos, Lydia Kovalenko e Volodymyr Maniak, decidiram estabelecer um Livro-Memorial da Fome e lançaram um apelo por testemunhas para que os últimos sobreviventes contassem suas histórias. Mais de seis mil respostas chegaram até eles e 450 das mais significativas foram reunidas e uma seleção desses relatos foi publicada na França. Os testemunhos publicados traçam um quadro apocalíptico dessa guerra de extermínio contra a fração mais dinâmica e mais independente do campesinato, recordando que naquela época 80% dos ucranianos eram camponeses.

Essa evidência mais do que clara da utilização sistemática da fome como arma pelos poderes comunistas remete à visão que Lênin mantinha da sociedade comunista na qual toda a produção e toda a distribuição deviam estar nas mãos do Poder, único habilitado a fornecer alimento, alojamento, aquecimento e saúde aos ‘kamaradas’ e àquela parte da população considerada como ‘politicamente correta’.

Um paradoxo espetacular: a fome, utilizada como método de controle, de repressão e de extermínio das populações recalcitrantes e dos camponeses, aqueles que produzem os alimentos. Todos levados a morrer de fome pelo poder soviético preocupado com uma utopia igualitária.

O texto acima é um resumo da matéria em epígrafe, publicada nas páginas 31 a 41 do livro Cortar o Mal pela Raiz! História e Memória do Comunismo na Europa, diversos autores sob a direção de Stéphane Courtois, editora Bertrand do Brasil, 2006.
(1) Stéphane Courtois, Arquivos do Comunismo: Morte de uma Memória, Nascimento de uma História. Artigoem Le Débat, novembro-dezembro de 1993.
(2) Thierry Wolton, O Grande Recrutamento, Paris, Gasset, 1993.


Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

PERSPECTIVAS DANTESCAS PARA O RIO DE JANEIRO


Economista Marcos Coimbra

Professor, Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.
         Desta vez, a situação ficou fora de controle. Se há dúvida quanto ao candidato a ser votado no tocante à eleição presidencial, imagine no relativo ao pleito estadual no Estado do Rio de Janeiro. Nenhum dos candidatos postulantes ao cargo, em especial os quatro principais, é merecedor da confiança do sofrido eleitor fluminense.
         Em São Paulo, a qualidade dos candidatos, independentemente de filiação partidária, é bem melhor, oferecendo aos eleitores escolha satisfatória. No Rio, vamos ter que continuar a votar no menos pior, conscientes de que a opção pela abstenção, pelo voto nulo ou em branco vai contribuir para o agravamento da nossa situação.
         O candidato da situação é um fiel representante do ex-governador Cabral e dos componentes de seu grupo, no qual se destaca o ex-dono da Delta, Fernando Cavendish, que apareceram em uma festa em Paris com guardanapos em forma de “bandanas” na cabeça. É o candidato possuidor dos maiores recursos para a campanha e é apoiado pelo alcaide do município do Rio de Janeiro, fato que já o torna desmerecedor do voto do eleitor consciente e bem informado. Representa a continuação da administração abaixo da crítica exercida por seu partido. A notícia alvissareira foi a desistência do Sr. Cabral em concorrer nestas eleições, esperando que seja definitiva, a exemplo das excelentes novas do afastamento da vida pública do senador José Sarney e da governadora Roseana, sua filha. É oportuno lembrar que tanto Cabral quanto Roseana, “por coincidência”, ambos estão na lista divulgada pelo Sr. Paulo Roberto Costa em sua delação premiada, apontados como beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras. É impossível votar neste candidato.
         O candidato petista senador Lindbergh responde a 15 inquéritos e a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal, segundo o site Congresso em Foco. Em junho, o ministro Gilmar Mendes, autorizou a quebra de sigilos fiscal e bancário de servidores, empresários e pessoas ligadas aos contratos firmados entre Nova Iguaçu e a empresa Rumo Novo Engenharia Ltda., no período em que Lindbergh foi prefeito da cidade. Mendes decidiu em favor de um pedido do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, que leva adiante um inquérito instaurado no Ministério Público do Estado do Rio para apurar irregularidades em licitações e execuções de obras em Nova Iguaçu.
No mesmo mês, o ministro Dias Toffoli, autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Lindbergh entre janeiro de 2005 e dezembro de 2010. A abertura dos dados é parte de inquérito no qual o parlamentar é investigado por supostas fraudes ao Fundo de Previdência dos Servidores Municipais de Nova Iguaçu. O prejuízo é estimado em R$ 356 milhões. Em abril, no entanto, antes de ser acusado no inquérito que investiga o rombo milionário do dinheiro dos aposentados da prefeitura, Lindbergh Farias foi alvo de mais uma ação. O processo por improbidade administrativa - o 13º movido contra ele pelo Ministério Público do Rio de Janeiro - acusa o senador de usar dinheiro da prefeitura de Nova Iguaçu para pagar as despesas de um “showmício” petista.
O deputado federal Garotinho em abril de 2000, quando era governador do RJ, enfrentou uma enxurrada de denúncias que atingiam o alto escalão de seu governo. Boa parte das acusações recaía sobre os integrantes da chamada Turma do Chuvisco, assessores que acompanhavam o governador desde Campos, sua cidade natal e base política. O grupo, cujo nome faz referência a um doce típico de Campos, era acusado de favorecer empresas em concorrências públicas e firmar contratos sem licitação. Com o passar dos anos, Garotinho acrescentou denúncias cada vez mais graves ao currículo e acabou na mira da Polícia Federal.
A Operação Segurança Pública S.A., de 2008, resultou em seu indiciamento por quadrilha armada, sob a suspeita de ter usado seu período no Palácio Guanabara (e também o de sua mulher, Rosinha) para acobertar as ações de um grupo de policiais que, encastelados na chefia da Polícia Civil, atormentou o Rio de Janeiro cometendo ilícitos variados. A lista inclui facilitação de contrabando, formação de quadrilha, proteção a contraventores, cobrança para nomeação de delegados, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva. E ainda existe a denúncia da ÉPOCA de desvio de dinheiro público, envolvendo a GAP Comércio e Serviços Especiais, uma locadora de veículos próxima à família Garotinho. A sigla GAP reproduz as iniciais de seu dono, o empresário George Augusto Pereira. Documentos obtidos por ÉPOCA mostram que George Augusto não existe no mundo das pessoas de carne e osso.
O bispo licenciado da Igreja Universal Crivella, sobrinho do bispo Edir Macedo, lançou o projeto de irrigação da Igreja Universal do Reino de Deus no chamado “Polígono das Secas”, através da ONG Fazenda Nova Canaã, tendo lançado um CD que vendeu mais de um milhão de cópias. O lucro foi investido na compra de 450 hectares de terras em Irecê (BA) em 1999. Quando empossado como ministro da Pesca, ele foi acusado de usar a estrutura do próprio ministério para ajudar a sua ONG para entrar no mercado da carne de tilápia na Bahia. A revista ISTOÉ publicou uma matéria para mostrar que haveria “uma inequívoca utilização do cargo público em benefício pessoal”.
E agora, José? A esperança reside em uma inspiração divina.
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
Página: www.brasilsoberano.com.br (Artigo de 16.09.14-MM).

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Estatuto Trilhos do Rio (ONG)

Olá, pessoal !
No próximo dia 12 de setembro o nosso fórum de debates (www.trilhosdorio.com.br/forum), base de criação e fortalecimento do nosso grupo, completará 3 anos de existência ! De lá pra cá diversas conquistas e realizações foram conseguidas, mas ainda temos um caminho extenso pela frente, talvez até agora tenhamos percorrido nem 1% do que pode ser percorrido ainda.
Visando a evolução e fortalecimento do nosso grupo, nosso próximo passo será formalizar o grupo. Deixar de ser virtual para nos tornarmos uma realidade, apesar de já sermos em diversos aspectos. Entretanto, com a formalização do grupo, poderemos ser mais atuantes no meio ferroviário, em todos os tempos: passado, presente e projetos futuros dos transportes sobre trilhos no estado do Rio de Janeiro.
Para isso, um dos caminhos naturais é tornarmos o grupo uma ONG (Organização Não Governamental). Formalizando o grupo, um imenso leque de oportunidades se abre, com inúmeras opções de atividades. E o melhor é que poderemos obter recursos para a realizações destas atividades, através de doações de empresas ou do próprio governo.
Temos visto ultimamente várias polêmicas e atividades ilegais envolvendo este tipo de organização, desde o desvio de doações recebidas até lavagem de dinheiro de políticos ou empresários. Muita calma nessa hora ... temos total convicção das irregularidades dessas atividades que deturpam a nobreza das ações que toda ONG deveria realizar, e queremos e faremos que isso NUNCA contamine nossa equipe.
Para isso, junto com a importantíssima contribuição do amigo Carlos Assis, muito experiente nesse assunto e nos meandros da documentação necessária para a formação de uma ONG, montamos um esboço de Estatuto Associativo, um documento que possui as instruções gerais de formação, coordenação e atuação da ONG, em vários âmbitos. Este documento segue em anexo, em formato .DOC  e gostaria de que debatêssemos sobre os diversos artigos contidos neste documento. Após a leitura (são 20 páginas, um pouco de burocracia, mas vale a pena ler), poderemos debater respondendo a este e-mail, acessando o link abaixo, no fórum de debates:
http://www.trilhosdorio.com.br/forum/viewforum.php?f=230 ou então através do grupo no Facebook (https://www.facebook.com/groups/trilhosdorio/) ou ainda pelo aplicativo TELEGRAM, uma plataforma segura que pode ser utilizada em Smartphones e computadores simultaneamente e que poderá tornar-se o meio de comunicação oficial do grupo. Para quem já usa o Whatsapp, nada muda, os aplicativos são idênticos. Tudo isso será passado em detalhes a todos em breve.
Para isso, gostaria que todos participassem da criação deste estatuto, dando opiniões e sugestões, apontando erros e entrando com novas idéias para que brevemente possamos figurar mais do que um conhecido fórum de debates e pesquisas, mas uma instituição respeitada e mais ainda conhecida do que já somos hoje. E além disso, para que possamos ser uma referência na matéria "Transporte sobre trilhos" no estado !
Enfim, é isso. Peço por favor que leiam o estatuto em anexo, ou através dos links acima (fórum ou Facebook), e opinem. Sua mensagem com certeza será muito importante.
Nos falamos em breve.

Atenciosamente,
Eduardo P.Moreira
“DadoDJ”
Administrador Trilhos do Rio

O BRASIL SERÁ O GRANDE PERDEDOR?


Economista Marcos Coimbra
Professor, Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.

         Seja quem for o vencedor do próximo pleito presidencial em nosso país, os brasileiros serão os grandes derrotados. Isto porque nenhum dos três principais candidatos possui, em nosso entendimento, condições razoáveis de ser o primeiro mandatário de uma Nação como a nossa, em um cenário bastante complexo e adverso. Inclusive, dos dez candidatos, seis foram ou são petistas. Escapam apenas quatro: o tucano Aécio, o pastor Everaldo e os Srs. Levy e Eymael.
         A candidata à reeleição revelou-se incapaz de administrar o Brasil de forma sequer razoável. A sequência de escândalos já atinge o limite máximo imaginado. O último, realçado pelas bombásticas revelações do ex-diretor Sr. Paulo Roberto Costa, fere profundamente a todos nós, brasileiros nacionalistas, defensores ferrenhos da nossa eterna Petrobras.
É triste verificar o aparelhamento político-partidário da empresa símbolo do Brasil com suas nefastas consequências.
O “mensalão 1” já foi uma dose cavalar. Seguiram-se então Pasadena, Abreu Lima e outros. Não é possível acreditar que a “grande gerente”, tendo exercido as funções de ministra de Minas e Energia, da Casa Civil, presidente do Conselho de Administração da Petrobras e agora na Presidência, de nada sabia. Neste caso, então é de uma incompetência gritante. Se sabia e nada fez para impedir os “malfeitos” é no mínimo conivente.
         A situação econômica é grave. Temos uma taxa de inflação no teto da meta, apesar do represamento de inúmeros setores (energia, combustíveis e outros), um crescimento pífio do Produto Interno Bruto (PIB) com a previsão de algo inferior a 1%, um déficit estimado do Balanço de Pagamentos em Transações Correntes no corrente ano de cerca de US$ 80 bilhões, uma taxa de desemprego, segundo o DIEESE de 10,8% em junho do corrente ano, e de 7% segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, contra 5% da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), uma dívida externa de US$ 526,3 bilhões, considerando os empréstimos intercompanhia de US$ 197,9 bilhões.
O real está sobrevalorizado devido à atuação do Banco Central. Estima-se um reajuste de pelo menos 15 % após as eleições. A taxa de investimento não consegue ultrapassar o patamar de 18% e a taxa de poupança fica em 14% do PIB. O ministro da Fazenda torna-se um “pato manco”, pois já foi anunciada sua saída ainda restando quatro meses de “governo”.
Isto sem contar o Passivo Externo Bruto, em torno de US$ 1,3 trilhão já em 2010, segundo o Prof. Reinaldo Gonçalves. A corrupção campeia livremente sem ser devidamente coibida. Centenas de milhões de dólares são doadas a “governos amigos”, com o perdão de dívidas, ou através de financiamentos do BNDES a empreiteiras privadas, generosas doadoras de campanhas eleitorais, que também nunca serão ressarcidos devidamente. Ganham as empreiteiras, os países agraciados e perde o povo brasileiro. E ainda afirmam que não temos recursos para investir na saúde, na educação, na segurança, enfim, na infra-estrutura econômico-social. Até para os quase dez milhões de aposentados que recebem pouco mais de um salário mínimo de aposentadoria não há dinheiro para reposição de seus “benefícios”.
Na expressão política, com a reeleição, teremos a definitiva implantação de um regime bolivariano no Brasil, a exemplo do ocorrido na Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e outros sob a inspiração castrista. Os exemplos da Venezuela e da outrora próspera Argentina são gritantemente esclarecedores das consequências do populismo autoritário e da incompetência explícita. Se agora, já está assim, imaginem se a reeleição de Dilma ocorrer. Teremos a aplicação, na prática, dos piores pesadelos dos defensores da democracia, com a confirmação das previsões do genial escritor George Orwell (Eric Blair). E o pior. A falta de confiabilidade das urnas eletrônicas de primeira geração da Diebold, que está sendo processada nos tribunais dos EUA.
O senador Aécio possui compromissos políticos que o impossibilitam na prática de administrar o país com soberania e independência. Sua dependência a FHC piora o quadro, pois o pecado da reeleição foi cometido pelo sociólogo, quando na prática prorrogou seu mandato por mais um período. Não revela carisma e os indicadores de seu desempenho são decepcionantes a começar pela sua posição atual nas pesquisas em MG que o apresentam em terceiro lugar. Pode ser que se recupere agora, pois não foi atingido pelo “mensalão 2”.
Quanto à messiânica Marina, ela representa um salto no escuro, se bem que é notória representante dos interesses anglo-saxões no Brasil, bem como apresenta em sua assessoria representantes do segmento financeiro e de ONGs ligadas ao movimento mundial de oposição ao desenvolvimento de Nações emergentes, apesar de suas origens no PCR (Partido Comunista Revolucionário) e no PT. Porém, para manter-se no poder terá que fazer alianças mais programáticas do que os já repudiados acordos do denominado “presidencialismo de coalizão”.
Resta-nos apoiar a quem cause menos prejuízo ao nosso Brasil.
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
Página: www.brasilsoberano.com.br (Artigo de 09.09.14-MM).

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Marina considera a “luta de classes” velha e ruim. Sua ideia de elite é outra. É quem inspira e lidera


RUTH DE AQUINO

"O problema do Brasil não é sua elite, mas a falta de elite. Não tenho preconceito contra a condição econômica e social de quem quer que seja. Quero combater essa visão de apartar o Brasil, de combater a elite. Essa visão tacanha de combater as pessoas com rótulo. Precisamos fazer o debate envolvendo ideias, empresários, trabalhadores, juventudes, empreendedores sociais. Com pessoas de bem de todos os setores, honestas e competentes.”

Essa resposta desconcertante de Marina Silva no debate  da Band entre os candidatos à Presidência mostra que Dilma Rousseff e Aécio Neves terão de dar um duro danado para dinamitar – ou “desconstruir” – a rival.

O Brasil do PT tem reforçado o maniqueísmo entre pobres e ricos, ou “proletariado” e “burguesia”, expressões caras da esquerda caviar-champanhe. Como se os pobres fossem todos bons, puros, generosos e vítimas – e os ricos fossem todos safados, cruéis, desnaturados e bandidos. Em nosso país, quem ganha mais de seis salários mínimos é rico.

Nos últimos tempos, sobrou fel até para a classe média. Vimos com espanto o vídeo com o discurso histérico da filósofa da USP Marilena Chauí no ano passado. Era uma festa do PT para lançar o livro10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma. “Odeio a classe média”, afirmou Chauí, sob aplausos, risos e “u-hus” da plateia. “A classe média é o atraso de vida. A classe média é a estupidez. É o que tem de reacionário, conservador, ignorante. Petulante, arrogante, terrorista.” Presente no palco, Lula ria e aplaudia a companheira radical petista, embora dificilmente concordasse. “A classe média é uma abominação política porque é fascista. É uma abominação ética porque é violenta”, afirmou Chauí, fundadora do PT e adepta da luta de classes.

É uma luta que Marina considera antiquada e ruim para o país. Sua ideia de elite é outra: quem se sobressai no que faz, quem inspira e lidera. Neca Setubal, socióloga, educadora, autora de mais de dez livros, defensora do desenvolvimento sustentável e herdeira do banco Itaú, é o braço direito de Marina. Com seu discurso de união e um plano de governo de 244 páginas, costurado com Eduardo Campos, Marina ameaça tornar-se presidente do Brasil, segundo as pesquisas de intenção de voto.

Ela não passa de uma amadora, diz Aécio Neves. Marina responde: “Melhor ser amador do sonho que profissional das escolhas erradas”. Ela faz uma campanha da mentira, afirma Dilma. “Mentira”, responde Marina, “é dizer que os adversários não estão comprometidos com políticas sociais”.

Marina virou o sujeito da mudança. Colhe em sua rede indecisos, revoltados, idealistas, anarquistas e também aecistas e dilmistas. Isso não é elogio, só a constatação de um fato provado em pesquisas. Os “marineiros” são um caldeirão de eleitores de diversas ideologias, ou avessos a pregações ideológicas. Quando Marina diz que “a polarização PT-PSDB já deu o que tinha que dar”, ou que “o Brasil não precisa de um gerente, mas de um presidente com visão estratégica”, isso bate forte em milhões de brasileiros de todas as idades.

Marina não tem resposta para uma enormidade de questões – entre elas, como a “nova política” poderá ser diferente da “velha política”, se concessões e alianças são essenciais para aprovar reformas, governar o país e transformar em realidade seus sonhos. Marina tem convicções pessoais que precisará reavaliar ou abandonar se quiser mesmo colocar o país nos trilhos do futuro, abraçar as novas famílias e os estudos de células-tronco.

Mas seu discurso de grandes linhas, abstrato e utópico, empolga e atrai. Os adversários a ajudam. De um lado, temos o desfile chato, emburrado e claudicante de percentagens e estatísticas infladas. Do outro, um rosário sorridente de êxitos discutíveis em Minas Gerais.
Nos Estados Unidos, Barack Obama ganhou uma eleição no discurso, na oratória, no simbolismo – não no preparo ou na experiência administrativa. Guardadas as proporções, Marina busca o mesmo.

Nas redes sociais, a ascensão de Marina provocou uma campanha de ódio e ironias. Ela foi chamada de “segunda via do PSDB” – porque defendeu a estabilidade iniciada por Fernando Henrique Cardoso e porque os tucanos votariam nela, jamais em Dilma, num confronto direto. Chamaram Marina de “segunda via do PT” – porque defendeu a política de inclusão social de Lula. Traíra, oportunista e coisas piores. Fizeram uma montagem de seu rosto com o corpo nu da mulata Globeleza. Disseram que ela tem “cara de macaco”. Um show de racismo e de pânico.

Os arautos à esquerda e à direita a chamam de “novo Collor” ou de “Jânio de saias”. A Transmarina, ao acolher a “zelite” do bem, veio para confundir. E incendiar uma eleição antes morna, entediante e previsível.

O que realmente mudou?

Documento especial de 1990, sobre o surfe ferroviário. Várias imagens sobre a miséria que é o subúrbio do rio fde janeiro, hoje são poucos os surfistas, mas o que mudou realmente?