Dilma
Rousseff será responsabilizada, política e judicialmente, por decisões
gerenciais tomadas que causaram prejuízos milionários causados aos
investidores das estatais do setor energético. Além de ser questionada
pela “oposição” na campanha reeleitoral, a Presidenta e os dirigentes da
Petrobras e Eletrobras têm tudo para ser alvo de ações, em tribunais de
Nova York, cobrando suas responsabilidades diretas pela perda de valor
de mercado das ações das companhias, por atos de incompetência
estratégica, má gestão comprovada e até indícios concretos de corrupção.
Ontem,
o chamado “Blocão” impôs uma super derrota do governo. Aliados
descontentes e a oposição aprovaram a criação de uma CPI para investigar
denúncias de corrupção da Petrobras na Holanda. Por 267 voos a favor,
28 contra e 15 abstenções, a Câmara vai verificar se é real a suspeita
de que a SBM Offshore, transnacional holandesa, tenha pago propina a
dirigentes estatal brasileira, para facilitar o negócio milionário do
aluguel de plataformas flutuantes de petróleo. O caso é alvo de ações na
Justiça dos EUA, Holanda e Reino Unido – o que pode ser fatal para o PT
em plena campanha reeleitoral. O PT espera aparelhar a comissão, para
que ela nada investigue...
O elevado custo na utilização de
usinas termoelétricas, movidas a combustível fóssil, altamente poluente e
caro, sob a desculpa de gerar energia durante a escassez de chuvas nos
reservatórios já levanta suspeitas de ser uma ação proposital para
beneficiar aliados do governo que controlam as térmicas. Quem garante
que o valor a alto pago pelo governo não retorna, politicamente, na
forma de “mensalões”? Na pior hipótese, a conta cara da operação errada é
paga pela sociedade, via Tesouro Nacional. Mas é o consumidor, que fica
com energia mais cara, e com risco de racionamento, quem sofre no
final.
A
maior burrada de todo o processo é a incompetência como é
propositalmente gerenciado o potencial hidroelétrico. O governo permitiu
a criminosa construção de 32 usinas pelo esquema de “fio d´água”, entre
os anos 2000 e 2012. Apenas 10 foram feitas com reservatórios. O
culpado indireto por isso é a enganadora militância ambiental e jurídica
– que impedem que se aproveite o potencial hídrico corretamente. O
esquema de fio d´água, em vez de reservatórios, impede que se faça uma
mais correta gestão da água, em tempos de pouca chuva, como agora.
Embora
tenha potencial energético e hídrico, o Brasil fica sem explorar
corretamente essas duas qualidades, seja por burrice ou canalhice dos
seus dirigentes políticos. No caso do setor energético, Dilma é
propagandeada como a “gerentona” (desde a gestão oficial de Lula).
Portanto, a Presidenta é a principal culpada por todos os erros. Tomara
que, pelo menos, as urnas lhe façam a cobrança do prejuízo. Se não
fizerem, a Justiça, certamente fora do Brasil, pode fazer.
O cotidiano, problemas, a resposta para a origem do universo, o sentido da vida e tudo mais... Tudo junto e misturado.
sexta-feira, 14 de março de 2014
Valladolid ‘forever’, por Luis Fernando Veríssimo, na velha mídia de hoje
Ao
que me lembre, não consigo recordar de uma única época em que alguém
não estivesse pilhando alguém, acima ou abaixo da linha do Equador...
Se os espanhóis pilharam os astecas, estes haviam pilhado os toltecas.
Por trezentos anos os mongóis pilharam e arrasaram cidades da Rússia à
Europa orienta para fazer pastos para seus cavalos (literalmente). Os
piratas da costa norte –africana passaram outros trezentos anos pilhando
a Europa meridional, da Grécia à Espanha.
Veríssimo está correto quanto aos fatos, mas o primeiro degrau a subir para fora do poço é ultrapassar o complexo de inferioridade, latente em toda América Latina. Duzentos anos de revoluções sobre revoluções não nos levaram a lugar nenhum. Estudar a revolução mexicana de 1911 é mergulhar em uma crônica de desperdício inútil.
Não há saída fora do trabalho sob leis estáveis. Evolução precisa de tempo, mas, acima de tudo, necessita de educação abrangente, prática e não ideológica.
Valladolid
é uma cidade de 300 mil habitantes no Noroeste da Espanha. Foi lá que
se casaram e reinaram os monarcas católicos Isabel e Fernando, foi lá
que viveu Miguel de Cervantes e morreu Cristóvão Colombo.
Veríssimo está correto quanto aos fatos, mas o primeiro degrau a subir para fora do poço é ultrapassar o complexo de inferioridade, latente em toda América Latina. Duzentos anos de revoluções sobre revoluções não nos levaram a lugar nenhum. Estudar a revolução mexicana de 1911 é mergulhar em uma crônica de desperdício inútil.
Não há saída fora do trabalho sob leis estáveis. Evolução precisa de tempo, mas, acima de tudo, necessita de educação abrangente, prática e não ideológica.
E
foi lá que em 1550 e 1551, diante de uma junta de doutores e teólogos
convocada pelo rei Carlos V, o historiador eclesiástico Juan Ginés de
Sepúlveda e o frei Bartolomé de Las Casas se reuniram para debater a
colonização espanhola do Novo Mundo e o que fazer com seus nativos, além
de catequizá-los.
Las
Casas voltara do Novo Mundo e tinha uma visão humanitária das suas
populações subjugadas. Pregava a sua cristianização benévola. Sepúlveda
era um escolástico sem experiência fora do mundo acadêmico e um seguidor
da teoria aristotélica segundo a qual seres inferiores são naturalmente
escravizáveis.
Assim,
para Sepúlveda, os nativos poderiam ser ao mesmo tempo cristãos, para o
caso de terem almas a serem salvas, e escravos, para ajudar na pilhagem
da sua própria terra.
No
famoso debate de Valladolid o Império espanhol pretendia fazer um exame
de consciência depois dos excessos da conquista, uma espécie de faxina
depois da chacina. O que Las Casas e Sepúlveda estavam realmente
discutindo era se índio é gente ou não é gente e, portanto, qual era o
tamanho da culpa dos conquistadores.
O
fato de os nativos terem almas que respondiam à catequese não provava
nada; na época também se discutia, com o mesmo ardor intelectual, se
bicho tinha ou não tinha alma. Convencionou-se que Las Casas ganhou o
debate, pois tinha os melhores sentimentos cristãos ao seu lado, mas
Sepúlveda ficou com a razão.
A
pilhagem do Novo Mundo continuou, com a cumplicidade involuntária dos
nativos — e continua até hoje. O debate de Valladolid se eternizou.
Afinal, os miseráveis do hemisfério são gente ou não são gente?
Os
bons sentimentos cristãos de Las Casas impediram que a divisão entre
saqueadores e saqueados no continente se aprofundasse ou só serviram
para encobrir o abismo com o manto da caridade inútil, que só satisfaz o
caridoso?
Por
que será que todas as tentativas de romper esta maldição no hemisfério
acabam em golpe ou farsa, com os eventuais insurgentes fazendo o mesmo
papel de bichos exóticos que os nativos faziam diante dos colonizadores
do século 16?
Conforme
o adágio, não existe pecado abaixo da linha do Equador. Henry
Kissinger, sem saber, fez uma adaptação geopolítica da frase quando
disse que ninguém faz história no sul do mundo. O que é outra maneira de
duvidar que aqui haja gente, ou pelo menos gente consequente. Talvez
por modéstia, não se lembrou de dizer que quando aparece um decidido a
não ser mais escravo, como Allende no Chile, é rapidamente abatido.
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