quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Subversão é o meu trabalho


Esse foi o processo que o Brasil sofreu. É isso que o Brasil vem servindo há algum tempo. Yuri Bezmenov

(Ex KGB) conta as maneiras de subverter um povo e, depois do caos instalado, vem "a grande solução".

Deixando claro que não são apenas os comunas que fazem isso.

No final tem uma tabelinha, e eu desafio os leitores a fazerem um teste par ver a situação atual do Brasil.



Dubitando, ad veritatem parvenimus... aliquando! Duvidando, chegamos à verdade... às vezes!

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A subversão nos países-alvo da extinta União Soviética
Vídeo no YouTube || Ficheiro PDF disponível AQUI ou AQUI.
Palestra de um ex-agente do KGB, Yuri Alexandrovitch Bezmenov (Tomas Schuman) (1939 — 1993), proferida na Summit University, em Los Angeles, Califórnia, em 1983.
Subversão é o termo. Se virem no dicionário ou no código penal deste assunto, é normalmente explicado como uma parte de uma atividade para destruir coisas como religião, Governo, sistema, sistema político-económico de um país; e, normalmente, é ligado a espionagem e coisas românticas, como explodir pontes, descarrilar comboios, atividade capa e espada no estilo Hollywood; quando o que vou falar a respeito, agora, não tem absolutamente nada a ver com o cliché de espionagem ou da atividade do KGB de coletar informação.
Então, o maior erro ou conceito errado (acho eu) é que, quando estamos a falar de KGB, por alguma razão estranha, de produtores de Hollywood a professores de ciência política e «especialistas» em assuntos soviéticos (kremlinólogos, como se autodenominam), acham que a coisa mais desejável para Andropov e todo o KGB é roubar o esquema de algum jato supersónico, trazê-lo de volta para a União Soviética e vendê-lo para o complexo industrial militar soviético. É apenas em parte verdadeiro.
Se tomarmos todo o tempo, dinheiro, e mão de obra que a União Soviética e o KGB em particular gasta fora das fronteiras da União Soviética, descobriremos (claro que não há estatísticas oficiais, ao contrário da CIA ou do FBI) que a espionagem como tal ocupa apenas 10[%] a 15% do dinheiro, tempo e mão de obra. 15% da atividade do KGB. Os 85% restantes são sempre subversão. E ao contrário de um dicionário de inglês (dicionário Oxford), subversão, na terminologia soviética, significa sempre uma atividade distratora e agressiva, visando destruir o país, nação ou área geográfica do seu inimigo. Então, não há românticos lá, de forma alguma. Nada de explodir pontes, nada de microfilmes em latas de Coca-Cola, nada desse género! Sem «nonsense» James Bond!
A maior parte. Esta atividade é aberta, legítima e facilmente observável, se vocês se derem ao tempo e trabalho de observá-la; mas, de acordo com a lei e sistemas fiscalizadores da civilização ocidental, não é crime! Exatamente por causa do conceito errado — manipulação de termos —, achamos que o subversor é uma pessoa que vai explodir as nossas lindas pontes! Não! Subversor é um estudante que vem para intercâmbio, um diplomata, um ator, um artista, um jornalista (como eu fui há dez anos)…
Bem, subversão é uma atividade que é uma estrada de dois sentidos. Vocês não podem subverter um inimigo que não quer ser subvertido. Se conhecerem a história do Japão, por exemplo: Antes do século XX, o Japão era uma sociedade fechada. No momento em que um barco estrangeiro chegava às margens do Japão, o exército imperial japonês, educadamente, mandava-o desaparecer. E se um vendedor americano chega às margens do Japão, (digamos) uns 60, 70 anos atrás, e diz: «Oh, eu tenho um aspirador de pó muito lindo para si! Sabe, com um bom financiamento...». «Por favor, deixe-nos. Não precisamos do seu aspirador.» Se não forem embora, eles atiram, para preservar a sua cultura, ideologia, tradição, valores, intactos! Vocês não foram capazes de subverter o Japão. Não podem subverter a União Soviética, porque as fronteiras estão fechadas, a comunicação social é censurada pelo Governo, a população é controlada pelo KGB e polícia interna. Com todas as lindas figuras lisas da revista Time e Magazine America, que é publicada pela embaixada americana em Moscovo, vocês não podem subverter os cidadãos soviéticos porque a revista nunca chega aos cidadãos soviéticos. Ela é coletada das bancas e lançada na lata de lixo.
A subversão só pode ser bem sucedida quando o iniciador, o ator, o agente da subversão, tem um alvo que responde. É um tráfego de dois sentidos. Os Estados Unidos são um alvo recetivo de subversão. Não há resposta similar à dos Estados Unidos à União Soviética. Ela para em algum lugar no meio do caminho; nunca chega aqui.
A teoria da subversão remonta a 2500 anos atrás. O primeiro ser humano que formulou as táticas de subversão foi um filósofo chinês chamado Sun Tzu (500 a. C.). Foi um conselheiro para várias cortes imperiais na China antiga. E ele disse (após longa meditação) que, para implementar política estatal de uma maneira belicosa, é mais contraprodutivo, bárbaro e ineficiente lutar num campo de batalha.
Sabem que a guerra é a continuação da política estatal. (Certo?) Então, se querem implantar com sucesso a sua política estatal e começar a lutar, esta é a maneira mais idiota de fazer. A mais alta arte da guerra é não chegar a lutar; mas subverter qualquer coisa de valor no país do seu inimigo, até ao momento em que a perceção da realidade do seu inimigo deteriora a ponto de ele não o perceber a si como um inimigo e em que o seu sistema, a sua civilização e as suas ambições parecem ao seu inimigo uma alternativa se não desejável, então ao menos factível. «Antes vermelho que ser morto.» Esse é o propósito final, a etapa final da subversão, após a qual vocês podem simplesmente dominar o seu inimigo sem disparar um tiro, se a subversão for bem sucedida. Isto é basicamente o que é a subversão.
Como podem ver, nenhuma menção a explodir pontes. Claro que Sun Tzu não sabia muito sobre explodir pontes. Talvez não houvesse tantas pontes naquela época!
Mas o básico da subversão está sendo ensinado a todo o aluno da escola do KGB, na União Soviética, e a oficiais de academias militares. Não sei se o mesmo autor está incluído na lista de leituras para oficiais americanos, sem falar de estudantes comuns de ciência política. Eu tenho dificuldade em encontrar a tradução de Sun Tzu na biblioteca universitária em Toronto e depois aqui, em Los Angeles; mas é um livro que não está «disponível». Ele é forçado para todo o estudante na União Soviética, todo o estudante que se pensa que lidará mais na sua carreira com estrangeiros.
O que é subversão?
Basicamente, consiste em 4 períodos, temporalmente. Se começarmos aqui e formos neste sentido no tempo (certo?), aqui é o ponto inicial. A primeira etapa da subversão é o processo chamado basicamente desmoralização. Diz por si o que é.
DESMORALIZAÇÃO
Leva (digamos) de 15 a 20 anos para desmoralizar uma sociedade. Porquê 15 ou 20 anos? Esse é o tempo suficiente para educar uma geração de estudantes ou crianças. Uma geração. Um tempo de vida de uma pessoa, de um ser humano, que é dedicado a estudar, a formar a mentalidade, ideologia, personalidade. Não mais, não menos. Normalmente, leva de 15 a 20 anos.
O que inclui? Inclui: Influenciar, ou (por vários métodos) infiltração, métodos de propaganda, contactos diretos (não importa muito; vou descrevê-los depois), várias áreas onde a opinião pública é formada ou moldada: religião, sistema educativo, vida social, administração, sistema fiscalizador legal (militar, é claro) e relações de trabalho (trabalhador) — patrão, economia. (OK?) Cinco áreas. (Não vou escrever porque não vamos ter espaço suficiente.)
Às vezes, quando descrevo todos os métodos, alunos perguntam-me: «Tem a certeza de que isso é o resultado da influência soviética?» Não, necessariamente. Vejam: a tática da subversão sobre a qual estou a falar é similar à arte marcial, a arte marcial japonesa. Se alguns de vocês estão familiarizados com esta tática, provavelmente vão-se lembrar de que se um inimigo é maior, mais pesado que você, seria muito doloroso resistir ao seu golpe direto. Se uma pessoa mais pesada me quer acertar no rosto, seria muito ingénuo e contraprodutivo eu parar o seu golpe. A arte chinesa e japonesa do judo diz-nos o que fazer: primeiro, evitar o golpe, e então agarrar o punho e continuar o seu movimento na direção em que estava antes, (certo?) até que o inimigo bata na parede. (Viram?)
Então, o que acontece aqui: O país-alvo, obviamente, faz algo errado. Se é uma sociedade livre, democrática, há vários movimentos diferentes dentro da sociedade. Há, obviamente, em toda a sociedade, pessoas que são contra a sociedade. Podem ser criminosos comuns, em discordância da política estatal; inimigos declarados; simples personalidades psicóticas que são contra tudo... (Certo?) E, finalmente, há o pequeno grupo de agentes de uma nação estrangeira, comprados, subvertidos, recrutados. (Certo?) No momento em que todos estes movimentos estiverem direcionados numa direção (certo?), esta é a hora de agarrar este movimento e continuá-lo até que o movimento force a sociedade inteira ao colapso, à crise. (Certo?) Então, esta é exatamente a tática da arte marcial. Não paramos um inimigo; deixamo-lo ir, ajudamo-lo a ir na direção em que nós queremos que eles vão. (OK?)
Então, na etapa de desmoralização, obviamente há tendências em cada sociedade, em cada país, que estão indo na direção oposta aos princípios e valores morais básicos. Tirar vantagem destes movimentos, faturar em cima deles é o maior propósito do originador da subversão.
Então,
1. Temos religião;
2. Temos educação;
3. Temos vida social;
4. Temos estrutura de poder;
5. Temos relações de trabalho — sindicatos;
6. E, finalmente, temos lei e ordem. (OK?)
Estas são as áreas de aplicação da subversão.
O que significa, exatamente?
No caso da religião: Destrua-a. Ridicularize-a. Substitua-a por várias seitas, cultos, que levam a atenção das pessoas, a fé (seja ela ingénua, primitiva... não importa muito), desde que o dogma religioso basicamente aceite seja erodido devagar e levado para longe do propósito supremo da religião — [que é] manter as pessoas em contacto com o Ser Supremo. Isto serve ao propósito. Logo, substitua as organizações religiosas aceites, respeitadas, por organizações falsas. Distraia a atenção das pessoas da fé real e atraia-as a várias fés diferentes.
Educação: Distraia-os de aprender algo que seja construtivo, pragmático, eficiente. Em vez de matemática, física, línguas estrangeiras, química..., ensine-lhes a história do conflito urbano, comida natural, economia doméstica, a sua sexualidade..., qualquer coisa, desde que afaste. (OK?)
Vida social: Substitua as instituições e organizações tradicionalmente estabelecidas por instituições falsas. Tire a iniciativa às pessoas. Tire a responsabilidade às ligações naturalmente estabelecidas entre indivíduos, grupos de indivíduos e a sociedade como um todo e substitua-as por órgãos artificialmente e burocraticamente controlados. Em vez de vida social e amizade entre vizinhos, estabeleça instituições de assistentes sociais — pessoas que estão na folha de pagamento de quem? [Da] sociedade? Não: Burocracia! A principal preocupação dos assistentes sociais não é a sua família, não é você, não é a relação social entre grupos de pessoas. A preocupação principal é receber o cheque de pagamento do Governo. Qual será o resultado do serviço social deles? Não importa, realmente. Eles podem desenvolver todo o tipo de conceitos para mostrar ao Governo e ao povo que eles são úteis. (OK.) Para longe dos elos naturais.
Estrutura de poder: (OK.) Os órgãos naturais de administração que tradicionalmente são eleitos pelo povo em geral ou indicados pelos líderes eleitos da sociedade são substituídos ativamente por órgãos artificiais: órgãos de pessoas, grupos de pessoas que ninguém elegeu jamais! Na verdade, a maioria das pessoas não gosta deles de modo nenhum, mais ainda assim eles existem. Um destes grupos é a comunicação social. Quem os elegeu? Como podem eles ter tanto poder, poder quase monopolista sobre a sua mente?! Eles podem violentar a sua mente! Mas quem os elegeu? Como podem? Eles têm ousadia de dizer o que é bom ou mau para o Presidente — eleito por vocês — e para o seu Governo. Que diabo são eles?! Spiro Agnew, que era odiado pela esquerda liberal, chamou-os de «tropa de snobes despudorados», e é exatamente o que são. Eles acham que sabem. Não sabem! O nível de mediocridade: Em grandes estabelecimentos como New York Times, Los Angeles Times, grandes redes de televisão, você não tem de ser um jornalista excelente. Você tem de ser exatamente um jornalista medíocre. É mais fácil sobreviver: Não há mais concorrência. Tem a sua bela e boa renda: 100 000 dólares por ano. E pronto. Se é melhor ou pior, não importa mais, desde que sorria para a câmara e faça o seu trabalho. É isso. Não há mais concorrência. Estrutura de poder é lentamente erodida pelos órgãos e grupos de pessoas que não têm nem qualificação, nem a vontade do povo para mantê-los no poder, e ainda assim eles têm poder. (OK.)
Junto com isto, há outro processo — Fiscalização, lei e ordem: A organização está sendo erodida. Nos últimos 20, 25 anos, se virem os filmes antigos e os filmes novos, verão que, nos filmes novos, um polícia, um oficial do exército americano, parece burro, raivoso, psicótico, paranoico. E o criminoso parece porreiro, como: Bem, ele fuma maconha e injeta qualquer droga; mas, basicamente, é um ser humano bonzinho. É criativo. E é improdutivo só porque a sociedade o oprime; enquanto um general do Pentágono é sempre, por definição, um burro, um maníaco guerreiro. O polícia é um porco, um polícia rude, abusa do poder... (Sabem?) Uma generalidade, uma generalização como esta. O ódio, a desconfiança para com as pessoas que vos devem proteger e fazem cumprir a lei e a ordem. Relativismo moral!
O processo Angelo Buono durou dois anos em Los Angeles e ainda assim há alguns advogados que dizem: «Olhem: ele é um bom sujeito, na verdade.» Houve testemunhas que disseram (também criminosas!): «Ora, ele é um tipo porreiro! Um dia, eu pedi para ele queimar a casa do meu inimigo e ele não quis!» Tipo porreiro! Erosão. Uma substituição lenta dos princípios morais básicos, em que um criminoso não é bem um criminoso: é um réu. Mesmo que a sua culpa esteja provada, há ainda uma dúvida. Matar ou não matar, ser ou não ser. «Não matarás!» Sim! Mas esta fala pode não ser necessariamente aplicável a um assassino! «Não assassinarás!» — esta deveria ser a premissa, e não «não matarás». (OK.)
Relações trabalhistas: Nesta etapa, dentro de 15 a 20 anos, destruímos os elos tradicionalmente estabelecidos de negociação entre patrão e empregado. A clássica teoria marxista-leninista de troca natural de bens: Uma pessoa «A» tem 5 sacas de cereais e uma pessoa «B» tem 5 pares de sapatos; e a troca natural sem dinheiro é quando eles negociam entre si, e apenas com a introdução da terceira «C», um completo terceiro alienígena, estranho, que diz: «Não lhe dê a ele as 5 sacas de cereal. Dê-mas a mim. E você, dê-me os seus 5 pares de sapatos, e eu distribuirei de acordo.» Então a economia irá [balançar]… Esta é a morte da troca natural, a morte da negociação natural.
Bem, os sindicatos foram estabelecidos há cem anos atrás. O objetivo era melhorar as condições de trabalho e proteger os direitos dos trabalhadores daqueles patrões que estavam a abusar do seu direito porque tinham mais dinheiro. Objetivamente, naquela época, inicialmente o movimento dos sindicatos funcionou de facto. O que vemos agora é que o processo de negociação não está mais a resultar no acordo que leva diretamente à melhoria de condições de trabalho e aumento de salário. O que vemos é que, após cada greve prolongada, os trabalhadores perdem. Mesmo que tenham aumento de 10% nos seus salários, não conseguem recuperar por causa da inflação e do tempo perdido. Mais que isso: Milhões de pessoas sofrem com aquela greve, porque agora a economia é interdependente, está entrelaçada como um único corpo. Se, antes, os siderúrgicos, (digamos) cem anos atrás, podiam entrar em greve, ninguém sofreria. Agora, é impossível. Se um funcionário do lixo entra em greve, hoje, o resto da cidade de milhões fica a cheirar mal. Quer dizer: o serviço faltará. No Québec, por exemplo, os eletricistas entraram em greve no meio do inverno! Você pode congelar o seu traseiro, e ainda assim eles estavam em greve. Eles recuperaram o salário? Não! Perderam! Quem ganhou com isto? Os líderes do sindicato. Qual é o motivo da greve? Melhorar as condições do trabalhador? Não! Óbvio que não é! Então qual é? IDEOLOGIA! Para mostrar a esses capitalistas! E a horda obediente de trabalhadores, como ovelhas, segue essa gente e não pode desobedecer. Porquê? Porque se desobedecerem, sabem o que acontece com eles? Piquetes, assassinatos, camionistas baleados por piquetes!... Em Montreal, por exemplo, vi com os meus próprios olhos, quando fui correspondente da CBC (Canadian Broadcasting Corporation International), quando trabalhadores de uma fábrica de aeronaves destruíram computadores e equipamentos na fábrica e a administração contratou fura-greves, os seus carros foram virados de cima para baixo e queimados. As suas casas foram queimadas! Os seus filhos foram intimidados e houve vítimas! Disto, vocês podem ter a certeza. Porquê? Para melhorar as condições dos trabalhadores? Não! Ideologia! (OK.)
Isto é o que basicamente acontece. Pode ou não acontecer sem a ajuda da União Soviética, mas as tendências naturais estão a ser bastante aproveitadas e exploradas pelos sistemas de propaganda soviéticos. Como? Sempre que um sindicato entra em greve, temos um influxo de propaganda, meios de comunicação social, disseminação ideológica: «O direito dos trabalhadores»! E repetimos, como papagaios: «Sim, o direito dos trabalhadores». Direito de quem? Dos trabalhadores? Não! A única liberdade do trabalhador — vender o seu trabalho de acordo com o seu próprio desejo e vontade — é-lhe tirada! Por quem? Pelo chefe do sindicato. É dado poder ilimitado, responsabilidade... Quero vender o meu trabalho, não por 2,50 à hora, mas por 2 dólares. Eu não tenho o direito! A minha liberdade é-me negada. Eu sei que se vender o meu trabalho por 2 dólares à hora e não por 3 dólares, concorrerei melhor com o outro indivíduo, que é preguiçoso e mais ambicioso. Eu não preciso de 3 dólares. Preciso apenas de 2 dólares. Não! Fui forçado a acreditar pela comunicação social, pelas empresas, por agências publicitárias que preciso de mais e mais e mais! Já viram alguma publicidade na TV para consumir menos? Não! De modo nenhum! Se precisa de um carro de 6 cilindros ou não, tem de comprá-lo e é já! Quando eu vinha a conduzir para cá, na estação de rádio local um locutor empolgado disse: «Você, corra e economize, economize, economize! Tem uma liquidação de pé-de-meia!» Economize, comprando mais!! Claro, claro! Seria muito ingénuo esperar que o KGB obrigasse a agência publicitária a fazer uma propaganda maluca dessas. Não, claro que não! Mas o que fazíamos, quando eu trabalhava para a Novosti: Atolávamos editoras, organizações estudantis, grupos religiosos, com literatura de luta de classes, se não diretamente com propaganda marxista-leninista, então propaganda de aspirações legítimas da classe operária: melhoria de vida, igualdade... Igualdade! Vejam só! O Presidente Kennedy uma vez disse: «Povo, vamos fazer a América acreditar que as pessoas nascem iguais!» As pessoas nascem iguais? Há alguma menção na Bíblia ou em alguma outra escritura sagrada em qualquer religião? Qualquer religião! Se não acredita em mim, vá para a biblioteca e procure. Não há uma única palavra sobre igualdade! Mas o oposto: Pelas tuas ações, Deus te julgará! O que você faz é importante: o mérito da sua personalidade. Você não pode legislar igualdade. Se quer ser igual, você tem de ser igual! Tem de merecer.
E ainda assim, construímos a nossa sociedade sobre o princípio de igualdade. Vocês dizem: «As pessoas são iguais». Sabem que é falso, é uma mentira! Algumas pessoas são altas e estúpidas; outras são baixas, carecas e inteligentes. Algumas… Se as fazemos iguais à força, se colocarmos o princípio da igualdade na base da nossa estrutura sociopolítica, é o mesmo que construir uma casa na areia. Cedo ou tarde, ela vai desmoronar; e é exatamente o que acontece.
E nós, propagandistas soviéticos, estamos a tentar empurrar a vocês na direção em que vão sozinhos: «Igualdade, sim! Igualdade! As pessoas são iguais! Terra das oportunidades iguais!» É verdade ou não? Pensem bem! Oportunidades iguais. Deve haver oportunidades iguais? Para mim? E para um safado preguiçoso que vem para cá, vindo de outro país, e imediatamente se regista como recipiente, beneficiário de seguro? Eu nunca recebi um único dól... Não, desculpem, recebi uma vez. Mas nunca requeri seguro. Por 13 anos, aceitava qualquer emprego: segurança, jornalista, taxista, qualquer coisa!
Bem, eu fui muito ativo, mas algumas pessoas não gostam disso. Então, porque deveríamos ter oportunidades iguais? Porquê? [«Oportunidade igual de se destacar.»] Oportunidades iguais em circunstâncias iguais, sim, mas vocês sabem que as pessoas são diferentes. Destacar-se, sim, supondo que cheguemos ao mesmo nível de excelência, perfeição, que é um futuro distante hipotético. Sim, talvez. Mas sabemos perfeitamente bem que, mesmo com as melhores intenções, as pessoas não poderiam ser iguais. Porque deveríamos ter igualdade no (digamos) sistema legal? Eu, que me considero um cidadão cumpridor da lei, e uma pessoa que vem aqui para roubar e atirar? Digamos... O Governo dos Estados Unidos, sob Carter, importou milhares de criminosos cubanos. Eram criminosos conhecidos. Ainda assim, foram aceites. Acham justo que eu e a minha esposa das Filipinas, que trabalha como (perdão!) cavalo como técnica de laboratório no hospital, deveríamos ter os mesmos direitos que um criminoso de Cuba? Porquê? E ainda assim, repetimos como papagaios: «Igualdade, igualdade, igualdade!» E o sistema de propaganda soviética ajuda-nos a acreditar que igualdade é algo desejável. A democracia, tal como foi estabelecida pelos patronos deste país [os Estados Unidos], deste sistema, no século passado [XIX], não é igualdade: é o sistema em que pessoas diferentes, pessoas desiguais, têm sorte de sobreviver e de se ajudarem umas às outras, em constante concorrência, em constante aperfeiçoamento, e não uma igualdade que é imposta por um padrinho ou uma pessoa boazinha, em Washington DC. E a igualdade absoluta existe na União Soviética. «Igualdade»: Toda a gente está igualmente na lama, exceto algumas pessoas que são mais iguais que as outras, no Politburo. (OK?)
Então, no momento em que vocês levam um país ao ponto de quase total desmoralização, em que nada funciona mais, quando não têm a certeza do que é certo ou errado, bom ou mau, quando não há divisão entre o bem e o mal, quando até os líderes da Igreja dizem às vezes: «Bem, violência em favor da justiça (especialmente justiça social) é justificável em países como Nicarágua, El Salvador, (bem,) talvez Rodésia…» E escutamos isto e dizemos: «É, provavelmente. É verdade.» É verdade? Não, não é verdade! Violência não é justificável, especialmente em favor de «justiça social» introduzida por marxistas-leninistas (que são meus ex-colegas da Agência Novosti). (OK.)
Então, atingimos aquele ponto. O próximo passo é desestabilização.
DESMORALIZAÇÃO > DESESTABILIZAÇÃO
De novo, fala por si o que é: desestabilizar todas as relações, todas as instituições e organizações aceites no país do seu inimigo.
Como é que vocês fazem? Não têm de mandar um batalhão de agentes do KGB para explodir pontes. Não! Vocês deixam-nos fazer sozinhos! A área de aplicação é mais estreita agora. Não é como no caso anterior. As ações abertas, legítimas, do KGB, neste caso, mal seriam percetíveis. Não há crime se um professor que recentemente veio da União Soviética introduz um curso de marxismo-leninismo numa universidade californiana, por exemplo. Ninguém vai chegar à porta dele e dizer: «OK, senhor. Venha. Está preso.» Não! Não é crime. Não é sequer considerado um crime moral contra o seu país.
Então, a área de aplicação aqui estreita-se para:
1. Economia (novamente, relações trabalhistas, certo?);
2. Para lei e ordem e militares;
3. E, novamente, a comunicação social, mas um pouco diferente. (Vou explicar depois.) (OK.)
Três áreas, basicamente.
Economia: A radicalização do processo de negociação. Se naquela etapa ainda poderíamos atingir, teoricamente, algum acordo positivo entre as partes negociantes, com (digamos) introdução arbitrária de juízes de terceira parte, objetivamente julgando as exigências de ambos os lados; aqui é radicalização. Na etapa de desestabilização, não chegamos a um acordo nem dentro de uma família. O marido e a mulher não poderiam descobrir o que é melhor: O marido quer que os filhos comam à mesa, e a mulher quer que a criança corra pelo cómodo e derrube comida pelo chão. Eles não chegam a um acordo, a não ser que comecem uma luta. É impossível chegar a um acordo, um acordo construtivo entre vizinhos. Alguns dizem: «Eu não gosto que você trabalhe na relva nesta hora porque exatamente nesta hora ando a passear com o meu cachorro e ele fica nervoso e não consegue passar as bolas». (Sabem?) Eles não entram em acordo: Vão para um tribunal ou coisa assim.
Radicalização de relações humanas, sem mais acordo. Luta, luta, luta! As relações normais tradicionalmente aceites são desestabilizadas. As relações entre professores e alunos em escolas e universidades: luta! As relações, na esfera económica, entre empregados e patrões são mais radicalizadas: Não há mais aceitação da legitimidade das exigências dos trabalhadores. Como os japoneses, com a teoria Z (se já ouviram falar), em que trabalhadores estão envolvidos no processo de decisão, então eles não têm incentivo moral para lutar contra os seus patrões. Nos Estados Unidos, é justamente o oposto. Quanto mais difícil a luta, melhor, mais heroicos eles parecem. Quando a rede Greyhound estava de greve, recentemente, os correspondentes de emissoras de TV locais em todos os Estados Unidos abordaram os grevistas, e estes diziam: «Ah, sim, estamos a fazer algo de bom!». E pareciam heróis e tinham orgulho. Havia uma família: O marido era motorista de autocarro e então eles tinham decidido, em protesto contra os patrões, acampar em algum lugar da floresta. Foram apresentados à audiência como uma gente heroica e boazinha. (Viram?)
Os embates violentos entre passageiros, piquetes e os grevistas são apresentados como algo normal. 10, 15, 20 anos atrás, ficaríamos nervosos, a dizer: «Porquê? Porquê tanto ódio?» Hoje, não. Dizemos: «Bem: lugar-comum!» Radicalização, militarização às vezes, como expliquei naquela etapa (adiantei-me um pouco): Pessoas baleadas! (OK.)
Lei e ordem, agora: Também é empurrada para áreas em que as pessoas antes resolviam as suas diferenças pacificamente e legitimamente. Agora, estamos a ficar com esses casos judiciais nos casos mais irrelevantes. Não podemos mais resolver os nossos problemas. A sociedade como um todo fica cada vez mais antagónica entre indivíduos, grupos de indivíduos e a sociedade como um todo.
A comunicação social coloca-se em oposição à sociedade em geral, como um todo, separada, alienada. (OK?) Nesta etapa (lembram-se de que eu falava há umas duas horas atrás dos adormecidos?), aí é quando os estudantes (digamos) dos Estados Unidos (se são treinados na Universidade Lumumba) ou das nações em desenvolvimento (os estudantes com que eu lidava) estão a ser mandados de volta da União Soviética para aqui. Ou, se já estavam nos Estados Unidos, no país que é objeto da subversão, partem para a ação! Os adormecidos acordam! Dormiram por 15 a 20 anos. Agora, tornaram-se líderes de grupos, pregadores, sei lá… pessoas públicas. Agem proeminentemente. Incluem-se ativamente no processo político. De repente, vemos um homossexual... Há 15 anos, ele fazia as sujeiras dele e ninguém ligava, e agora ele faz disso uma questão política. Exige reconhecimento, respeito, direitos humanos, e junta um grande grupo de pessoas: o grupo dele e pessoas comuns. E há choques violentos entre ele e a polícia, o grupo dele e pessoas comuns. Não importa o quê: São negros contra brancos, amarelos contra verdes. Não importa onde está a linha divisória, desde que este grupo entre em choque antagónico, às vezes militarmente, às vezes com armas de fogo. Isto é o processo de desestabilização.
Os adormecidos (muitos dos quais são simplesmente agentes do KGB) tornam-se líderes do processo de desestabilização. Não quer dizer que o camarada Andropov mande o camarada Ivanov para os Estados Unidos. A pessoa que toma conta já está aqui! É um cidadão respeitado dos Estados Unidos. Às vezes, recebe dinheiro de várias fundações para a sua luta legítima a favor de (sei lá!) direitos humanos, direito das mulheres, kid-lib, prison-lib, seja o que for. Há americanos simpatizantes que lhe doam o seu dinheiro!
DESMORALIZAÇÃO > DESESTABILIZAÇÃO > CRISE
O processo de desestabilização, normalmente, leva diretamente ao processo de crise. No caso de nações em desenvolvimento (esta era a área em que eu era ativo), o processo começa quando os órgãos legítimos de poder, a estrutura social, desmoronam, não podem funcionar mais. E então nós temos órgãos artificiais injetados na sociedade; tais como comités não eleitos (lembram-se de que eu falava deles aqui [na desmoralização]?); assistentes sociais, que não são eleitos pelo povo; comunicação social, que são os senhores autoinvestidos da sua opinião; alguns grupos estranhos, que alegam que sabem como guiar a sociedade para a frente. Em geral, não sabem. Tudo o que eles querem saber é como coletar doações e vender a sua própria ideologia misturada, misto de religião e ideologia.
Aqui, temos todos estes órgãos artificiais exigindo poder. Se o poder lhes é negado, tomam-no à força. No caso do Irão, por exemplo, de repente tínhamos comités revolucionários. Quem? Quê? Que tipo de revolução? Não havia revolução ainda, e ainda assim tinham comités! Tomavam o poder de julgamento, tinham o poder de execução, tinham o poder de legislação, e tinham o poder judicial, todos combinados numa pessoa, que é um intelectual de miolo mole, às vezes formado em Harvard ou Berkeley. Ele volta para o seu país e acha que sabe a solução para todos os problemas sociais e económicos. (OK.)
A crise é quando a sociedade não pode mais funcionar produtivamente: desmorona. Obviamente, esta é a palavra para crise. Portanto, a população como um todo anda a procurar um salvador. Os grupos religiosos estão à espera de que venha um messias. Os trabalhadores dizem: «Temos família para alimentar! Vamos ter um Governo forte, talvez um Governo socialista, centralizado, onde alguém coloque os patrões nos seus lugares e nos deixe trabalhar! Estamos cansados de greve e de perder horas extra e todas essas coisas. Precisamos de um homem forte, Governo forte! Um líder, um salvador, é necessário.» A população já está irritada e cansada. E cá está: temos um salvador! Ou uma nação estrangeira vem; ou o grupo local de esquerdistas, marxistas... não importa como eles se chamam: sandinistas, reverendo, ou algum tipo... Bispo Muzorewa (como no Zimbabué)... Não importa. Vem um salvador e diz: «Eu guiar-vos-ei!» Então, nós temos duas alternativas aqui: guerra civil e invasão.
DESMORALIZAÇÃO > DESESTABILIZAÇÃO > CRISE > Guerra Civil ou Invasão
(OK?) Viram como funciona?
Guerra civil, sabemos o que é. Líbano é o melhor exemplo: A guerra civil que foi artificialmente implantada no Líbano por injeção de forças da OLP (Organização para Libertação da Palestina).
Invasão, tivemos em vários outros países como Afeganistão. Falem de qualquer país do Leste Europeu: foi invadido pelo exército soviético.
Mas o resultado é o mesmo.
A próxima etapa é normalização.
DESMORALIZAÇÃO > DESESTABILIZAÇÃO > CRISE > Guerra Civil ou Invasão > NORMALIZAÇÃO
Normalização é uma palavra muito irónica, é claro! É emprestada da situação de 1968, na Checoslováquia, quando a propaganda soviética e depois o New York Times declararam: «O país está normalizado». Os tanques chegaram a Praga; então, não há mais Primavera de Praga, não há mais violência... Normal. Normalização. Nesta etapa, os governantes autoinvestidos da sociedade não precisam de mais nenhuma revolução, não precisam de mais nenhum radicalismo. Então, este é o reverso da desestabilização; basicamente, é estabilizar o país à força.
Então, todos os adormecidos, e ativistas, e assistentes sociais, e «liberais», e homossexuais, e professores, e marxistas, e leninistas... são eliminados; fisicamente, às vezes. Já fizeram o serviço deles. (OK?) Não são mais necessários. Os novos governantes precisam de estabilidade para explorar a nação, para explorar o país, tirar vantagens da vitória. (OK?) Então, chega de revolucionários, por favor!
E é exatamente isto o que acontece em vários países. Lembram-se do Bangladesh? (Esta foi a crise na qual eu fui de utilidade.) Primeiro, tinham Mujibur Rahman. Em 1971, ele era o líder do Partido do Povo, a Liga Awami, com um bigode como Stalin. Esteve várias vezes na Rússia. Cinco anos depois, foi baleado pelos seus ex-colegas marxistas. Cumpriu a sua função. No Afeganistão, isto aconteceu 3 vezes. Primeiro, havia Taraki, depois Amin e agora Babrak Karmal. Mataram-se sucessivamente, um após outro, no momento em que um cumpria a sua obrigação; o primeiro desmoralizava o país, o segundo desestabilizava, o terceiro levou-o à crise. Adeus, camarada. Pum! Babrak Karmal vem de Moscovo e é colocado no poder. O mesmo aconteceu em Grenada, recentemente. Maurice Bishop, marxista, foi morto por Austin (Como se chama? General qualquer coisa), que também era marxista! (Certo?) Então, chega de revoluções, por favor. Normalização, agora.
De agora em diante, chega de greves, chega de homossexuais, chega de women-lib, chega de kid-lib, chega de lib. Ponto final! Boa e sólida liberdade proletária democrática!... E pronto.
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Agora, para reverter este processo, é preciso um esforço enorme. Quando, hoje, os Estados Unidos tiveram de invadir Grenada para reverter o processo de subversão, algumas pessoas disseram: «Rapaz, isso não é bom. Não é 'kosher' invadir um lindo país, a ilha de Grenada!». Ora, porque não pararam o processo aqui [na desmoralização], quando Grenada foi só abordada por esquerdistas? Porque não impedir que Maurice Bishop chegasse sequer ao poder? Os grenadenses queriam-no? Muito questionável! Para começar, não sabiam quem era Maurice Bishop. Ele mesmo chegou ao poder por um golpe de Estado. (OK?) Mas não, deixamos a situação avançar cada vez mais até à crise e à normalização muito em breve. E aí, os Estados Unidos decidem invadir o país, descobrindo que o país era inteiramente uma base militar para a União Soviética! Claro que é uma medida drástica! Claro que é uma pena que os fuzileiros tivessem de perder (o quê?) 17 vidas. Muito mau. Porque não parar o processo antes que chegue à crise? Ah, não! Os intelectuais não deixam! É interferência em assuntos internos. Eles têm o máximo de cuidado em não deixar o Governo americano interferir em assuntos internos de países latino-americanos. Não ligam à União Soviética interferindo nestes assuntos.
Então, para reverter este processo daqui [normalização], é necessária apenas e sempre ação militar. Nenhuma outra força na Terra pode reverter este processo, neste ponto.
Neste ponto [crise], não é necessária uma invasão militar pelo exército dos Estados Unidos. É necessária ação vigorosa, como no Chile. Um envolvimento discreto da CIA, para impedir que o salvador de fora chegue ao poder, e estabilizar o país antes que ele entre em guerra civil. (OK?) Apoiar as forças conservadoras de direita, através de dinheiro, bandidos ou lei, não importa! Estabilizem o país! Não deixem a crise evoluir para guerra civil ou invasão! «Oh, não! — vão dizer os seus liberais — é contra a lei! O Congresso não alocará dinheiro para ações secretas da CIA!» Porque não? Devemos esperar até vir a normalização e os tanques soviéticos aterrarem no aeroporto de Los Angeles?
Agora, neste ponto da desestabilização, o processo também poderia ser revertido e de novo mais fácil que este! Nada de envolvimento da CIA, neste ponto! Sabem o que é preciso aqui? Restrição de algumas liberdades para pequenos grupos, que são inimigos autodeclarados da sociedade. É simples, assim! «Oh, não!» — dirão os liberais da comunicação social — «Isto é contra a constituição americana!» Como podemos? Negar à força direitos civis a criminosos, por exemplo. «Não é bom!» (OK.) Então, permitimos que eles... (OK.) Se permitem que os criminosos tenham direitos civis, vão em frente e levem o país à crise. Deste modo, não há derramamento de sangue! Limitem os direitos! Digo: não colocá-los na cadeia! Não estou a dizer para colocar todos os gays de São Francisco num campo de concentração! Não permitam que eles consigam poder político! Não os elejam para posições de poder, seja a nível municipal, estadual ou federal. Tem de ser enfiado na cabeça de eleitores americanos que uma pessoa como esta nas posições de poder é um inimigo! Não temam esta palavra: É um inimigo! Se não for um inimigo aqui, será aqui. Mais adiante, ele será fuzilado; é claro! Mas, neste ponto, ele é um inimigo. (OK?) Vocês estarão a prestar um grande serviço, negando-lhe um direito de faturar em cima das suas próprias ideias malucas e de se tornar um homem poderoso, um homem que usa a sua posição de poder. Restrição de certas liberdades e de permissividade naquele ponto impediriam de deslizar para a crise e, provavelmente, reverteriam o processo de desestabilização. Restringir o poder ilimitado, o poder monopolista dos sindicatos, neste ponto, salvaria a economia do colapso. Introduzir uma lei para impedir empresas privadas de violarem a mente da opinião pública na direção do consumismo. Nenhuma empresa deve ter o direito de forçar a si a comprar mais, a não ser que você queira. Tem de haver uma lei. Quer anunciar o seu carro? OK. Mas nenhuma menção a comprá-lo agora e economizar dinheiro! Tem de ser contra a lei forçar as pessoas a consumirem mais. Autorrestrição!
Anteriormente, antes de este processo começar, a autorrestrição era um assunto da Igreja — religião —, porque os nossos pregadores, os padres da Igreja, nos diriam: «Bens materiais são bons, mas não é a função primária do ser humano, porque vocês têm de viver com algo!» Obviamente, o desígnio da nossa vida não é consumir mais desodorizantes. Tem de haver algo maior. Se tal instrumento complicado como o corpo humano foi criado, obviamente deve haver algum propósito mais elevado para isto. E é bem fácil evitar a desestabilização, negando às empresas ambiciosas uma pequena liberdade: de forçar vocês a tornarem-se processadores de produtos e bens indesejados. Eles transformam vocês em máquinas, como a minhoca, que tem entrada e saída. Então, quanto tempo um eletrodoméstico médio dura hoje em dia? Menos de um ano. Porquê? Onde está a qualidade? «Mas nós queremos que você compre mais.» (OK.) O processo de desestabilização pode ser facilmente vencido se (como digo) a sociedade, por vontade própria ou depois de persuadida pelos líderes, chegar à ideia de autorrestrição. «É tão difícil! Queremos consumir mais!» Mas têm a obrigação, a não ser que queiram chegar a esta etapa em que, como dizemos na Rússia, se o deserto do Saara se tornar um Estado comunista um dia, haverá racionamento de areia. Então, vocês têm de limitar as suas expectativas neste ponto, antes que seja tarde demais. Mas não, não queremos fazer isto.
O processo de desmoralização, de novo, é a coisa mais fácil de reverter. Antes de tudo, restringindo a importação de propaganda, a coisa mais fácil de fazer. Importação ilimitada, irrestrita, de literatura soviética, jornalistas soviéticos; dar a propaganda soviética e a agitadores ideológicos tempo igual na cadeia de TV americana — tem de ser impedido! E é fácil. Eles não se ofenderão. (Vejam bem.) Na verdade, eles respeitarão mais a América. Mas quando o meu ex-colega Vladimir Posner aparece no Nighline, e Ted Koppel pergunta «Bem, Vladimir, o que pensa disso?» — O que pode ele pensar?! É um instrumento de propaganda! Ele pensa o que o camarada Andropov lhe manda pensar. É apenas um belo e articulado altifalante do sistema de subversão soviético. E Ted Koppel faz-lhes acreditar que o meu amigo Vladimir Posner pensa?!
O processo de desmoralização pode não ter começado de forma alguma se, neste ponto, o país que é um recipiente de subversão ativamente (não violentamente, mas ativamente) impede a importação de ideologia estrangeira. Não quero que a América siga o modelo do Japão antigo. Vocês não têm de atirar em todo o estrangeiro que se aproxime das fronteiras sagradas dos Estados Unidos. Mas quando ele lhes oferece um bagulho disfarçado de algo bem lustroso, vocês devem dizer-lhe: «Não. Nós temos o nosso próprio bagulho.» Se, neste ponto, a sociedade for forte, corajosa e bastante consciente para parar a importação de ideias que são estranhas, então toda a cadeia de eventos pode ser evitada.
Estive recentemente nas Filipinas e fiquei chocado. Como nas grandes cidades, como Manila, crianças escutam música ensurdecedora! Uma nação melodiosa, com uma longa tradição de bela e boa música étnica introduzida pelos espanhóis há muito tempo, talvez uns 2, 3 séculos atrás (não me lembro), de repente, escutando lixo musical! Estourando os rádios a estouro total, volume total! Porquê?
Na Índia, passei vários anos a ver a reação de indianos saindo dos cinemas, depois de verem uma produção de Hollywood. Não conseguiam entender por que os americanos são tão desperdiçadores, rebentam os seus carros, os seus carros lustrosos, a cada 5 minutos. Como podem atirar uns nos outros por meio milhão de dólares? É verdade que são tão obcecados por sexo? Conseguem imaginar mostrar um filme onde a cada 5 minutos há uma cópula na tela a um país como a Índia, um país com longa tradição de respeito nestes assuntos particulares? Ou ao Paquistão?! E os Estados Unidos esperam que essas pessoas vos respeitem? De modo nenhum. Ah, sim, eles verão o filme. Pagarão 5 rupias para ver aquele lixo, mas sairão [do cinema] e dirão aos seus filhos: «Não respeitem os americanos. Não sejam como os americanos.» (Viram?)
Então, o processo de desmoralização pode ser impedido bem aqui, tanto exportado como importado. E isto precisa de um passo, uma coisa muito importante a fazer. Não têm de expulsar todos os agentes do KGB de Washington DC. A solução mais difícil e ao mesmo tempo a mais simples para a subversão é começar aqui [na fase de desmoralização] e antes ainda, trazendo a sociedade de volta à religião, algo que vocês não podem tocar, comer e vestir, mas algo que governa a sociedade e a faz mover e preservar-se.
Um cientista soviético, Shafarevich, que não tem nada a ver com religião (é um cientista da computação), fez um estudo muito intenso na história de países socialistas. (Ele chamava socialista ou comunista a qualquer país com uma economia centralizada e uma estrutura de poder piramidal.) E descobriu (na verdade, não descobriu; apenas chamou à atenção dos seus leitores) que civilizações como Mohenjo-Daro (nas regiões hindus ribeirinhas), como o Egito, como os maias, os incas, como a cultura babilónica, desmoronaram e desapareceram da face da Terra no momento em que perderam a religião. Simples, assim. Desintegraram-se. Ninguém se lembra mais delas. Bem, vagamente.
Então, as ideias movimentam a sociedade e mantêm a humanidade como uma sociedade de seres humanos, agentes inteligentes e morais de Deus. Os factos, a verdade, o conhecimento exato, talvez não. Toda a tecnologia sofisticada e os computadores não impedirão a sociedade de se desintegrar e, eventualmente, de desaparecer. Já conheceram alguma pessoa que sacrificasse a sua vida, liberdade, por uma verdade como esta [2 x 2 = 4]? Isto é verdade! Nunca encontrei uma pessoa que dissesse: «Isto é verdade e estou pronto para defender a verdade. Atira em mim!»… Para defender a verdade. (Certo?) Mas milhões sacrificaram as suas vidas, liberdade, conforto, — tudo! — por coisas como Deus, como Jesus Cristo. É uma honra! Alguns mártires no campo de concentração soviético morreram. E morreram em paz, ao contrário daqueles que gritaram «Viva Stalin!», sabendo perfeitamente bem que ele podia não viver muito.
Algo que é não-material movimenta a sociedade e ajuda-a a sobreviver. E vice-versa: No momento em que nos voltamos para «dois vezes dois é quatro», e fazemos disto um princípio-guia para a nossa vida, nossa existência, morremos. Mesmo quando isto é verdade, e isto, não conseguimos prová-lo; só o podemos sentir e ter fé. Então, a solução para a subversão ideológica, estranhamente, é muito simples: Você não tem de atirar nas pessoas, não tem de mirar mísseis, Pershings e mísseis de cruzeiro no quartel-general de Andropov. Só tem de ter fé e evitar a subversão; noutras palavras: não ser uma vítima da subversão. Não tente ser uma pessoa que, no judo, tenta esmagar o adversário e é apanhada pela sua mão. Não golpeie assim. Golpeie com o poder do seu espírito e superioridade moral. Se não tem este poder, é a hora de desenvolvê-lo. E esta é a única solução.
Acabou. Obrigado!



O processo de subversão da sociedade do país alvo, é necessário para manipular cultural e psicologicamente as massas de forma a facilitar a implantação de regimes revolucionários. Este processo, descrito por ele, é dividido em quatro fases que são: "desmoralização", "desestabilização", "crise", "normalização".4
FaseTempo necessárioAlvos e / ou consequências
Desmoralização15-20 anos
(tempo necessário para educar uma geração com "princípios revolucionários", opostos aos princípios morais tradicionais, gerando uma inversão de valores).
Religião, educação, cultura, comunicação social, lei e ordem, relações sociais, segurança, política interna/externa, família, saúde, etc.
Desestabilização2-5 anos
(período necessário para solapar as estruturas política, econômica e social).
Luta pelo poder, economia, estrutura social e lei, política externa.
Crise2-6 meses
(momento de precipitar uma crise generalizada, incitando desordem, pânico e radicalismo, apresentando como solução para a sociedade um "governo forte" ou uma alternativa "revolucionária").
Guerra civil, intervenção estrangeira, golpe de estado conservador.
NormalizaçãoEm teoria, seria permanente.Neste momento, a "nova ordem" é imposta e, os agentes empregados nas fases anteriores (os "idiotas úteis") são descartados. Na maioria dos casos, são eliminados fisicamente.
A cada fase completada com êxito, torna-se mais difícil reverter o processo de subversão.
Durante a 3ª fase ("crise"), na tentativa de deter o processo, grupos conservadores tendem a promover contrarrevoluções e /ou golpes de estado. Muitas vezes, isto resulta guerras civis.
Na 4ª fase ("normalização"), o novo regime busca estabilizar a sociedade. Os "idiotas úteis", que cumpriram seu papel nas fases anteriores, tornam-se desnecessários e são descartados, pois são considerados um empecilho ao processo de "normalização". Bezmenov citava recorrentemente como "idiotas úteis" os grupos mais variados: artistasjornalistasprofessoresativistas demovimentos sociais (feministashomossexuais, defensores de direitos humanos, etc), políticosempresários, líderes de seitas e tantos outros. Uns, colaboram de forma ativa e consciente, outros sofrem manipulações e atuam apenas como massa de manobra. Também citava, como exemplos de "idiotas úteis", os líderes revolucionários Nur Mohammad Taraki e Hafizullah Amin doAfeganistão e Sheikh Mujibur Rahman de Bangladesh, que depois de chegarem ao poder, foram assassinados pelos próprios marxistas-leninistas.

domingo, 4 de agosto de 2013

PETROBRÁS - Porque será que a mídia não fala?


4 dedinhos de prosa sobre a Petrobras – Uma visão Contábil-Econômica e sobre
o seu futuro Publicado em Opinião

Dedinho de Prosa 1

Você lembra, há sete anos atrás, nosso então presidente afirmando que,
pela primeira vez na historia desse país, o Brasil alcançou a autossuficiência
na produção de petróleo ?
Eu lembro.
E qual é a verdade passados 7 anos ?
A verdade é que a Petrobras tem produzido cada vez menos, mesmo
encontrando cada vez mais jazidas.
Só em 2012 o Brasil importou R$ 15 bilhões em derivados de petróleo.
Nesses mesmos 7 anos a balança comercial do petróleo e derivados
apresentou um déficit superior a R$ 57 bilhões. Para se ter uma ideia, esse número
é maior do que os R$ 50 bilhões que o governo pretende investir esse ano em Infraestrutura.
Em 2012 a produção da Petrobras caiu 2%.
Começamos 2013 pior ainda: A produção de janeiro caiu 3,3% e fevereiro recuou 2,25%.
A Petrobras está “crescendo” que nem rabo de cavalo: pra baixo.

Dedinho de Prosa 2

Você lembra que a primeira coisa que o presidente Lula fez (depois de ter tomado
um Romanée Conti) foi cancelar as compras das plataformas para a Petrobras que
o antigo presidente tinha feito, pois era um absurdo comprar coisas do estrangeiro
sendo que nossa indústria naval esta sendo sucateada?
Eu lembro.
E qual a verdade passados 10 anos?
A verdade é terrível e passa pelo que esse governo aprendeu a fazer (não sei como):
Maquiagem de balanço.
Esse governo atual levou a Petrobras ao limite máximo, e perigoso, de endividamento, ou seja quase 3 vezes a sua geração de resultados.
Assim, decidiram não mais endividá-la, contabilmente, e como cada plataforma
custa R$ 3 bilhões cancelaram as compras nacionais, levando o SINAVAL –
Sindicado Naval – a denunciar a perda constante de postos de trabalhos.
E como estão fazendo?
Simples!! Em vez de comprar, alugam. Assim, a contabilização é em despesa e
não em passivo a pagar.
Mas quanto fica esse aluguel? Mais barato que comprar?
Em 2011 a Petrobras gastou R$ 4 bilhões em locação. Em 2012, R$ 6 bilhões.
Mas pelo menos contratou-se empresas brasileiras?
Todas as locações de plataformas são de empresas estrangeiras.
Na realidade não sei se isso é maquiagem do balanço ou maquiagem do destino
final do dinheiro.

Dedinho de Prosa 3

Você lembra que o PT, para ganhar as eleições, diz o tempo todo que é contrario
às privatizações? E que exemplo de gestão pública é o caso da Petrobras?
Eu lembro.
E qual é a verdade.
A resposta já seria fácil só pela simples leitura do acima. Mas deixem-me
prosear mais um causo.
Em 2006 uma empresa belga comprou uma falida refinaria no Texas por
US$ 42 milhões. Poucos meses depois essa empresa vendeu essa refinaria
por 
US$ 1,2 bilhão. Adivinhe quem foi o felizardo comprador?
Isso mesmo, a nossa Petrobras.

Passado pouco tempo, acredite, a Petrobras verificou que tinha feito um mal
negócio e resolveu vender tal refinaria. Mandou avaliar. Foi avaliada por menos
de 
US$ 100 milhões. Colocou a venda. O Tribunal de Contas da União resolveu
investigar essas estranhas negociações que gerariam um prejuízo de mais de
US$ 1 bilhão. A Petrobras suspendeu imediatamente a venda. Só no balanço
do ano passado consta mais de R$ 450 milhões de despesas com essa
estupenda refinaria.
Mas isso são negócios no exterior. Como são os negócios da Petrobras
no Brasil? São rentáveis?
Mais ou menos.
O antecessor da Dilma, aquele aposentado por invalidez (lembra, aquele que
não tinha um dedo), selou um acordo com outro ex-presidente, grande estadista,
o Chávez (infelizmente esse já morreu), para construção da Refinaria Abreu e Lima,
em Pernambuco, terra natal do vivente. Os dois calcularam, na ponta do lápis, o
desembolso da Petrobras nessa Parceria: R$ 5 bilhões.
Qual a realidade atual?
O último relatório da Petrobras aponta um custo até hoje de R$ 35 bilhões.

Mais duas prosinhas
:
Nas vésperas de eleições o nosso nordestino presidente lançou a construção
de duas Refinarias Premiuns. Onde? Uma no Maranhão e outra no Ceará.
E como estão? Projetos suspensos. Por que? Agora constatou-se que não há
certeza da rentabilidade na operação dessas refinarias.
Vendo tudo isso, me rebelo: Deus foi injusto em levar o Chávez.

Dedinho de Prosa 4

Você lembra da cena daqueles 4 dedinhos sujos de petróleo? Aquele nosso
ex-presidente em cima de uma plataforma sujando a mão no óleo (acho que
foi a única vez na vida) para convencer os trabalhadores a retirarem o dinheiro
do FGTS e investirem na Petrobras?
Eu lembro.
E o que aconteceu?
Os trabalhadores perderam 50% do patrimônio que retiraram do FGTS.
Mas como isso aconteceu?
O Mercado Financeiro, que não é controlado ou subornado por ninguém,
começou a perceber que empresa é de fato a Petrobras e sua avaliação
não para de cair.
O Mercado, e os investidores, perceberam que a empresa está sendo
manipulada com intuitos puramente políticos, ou como “cabides de empregos”
ou para mascarar a inflação, não reajustando seus preços a parâmetros internacionais.

Pior ainda.
A Petrobras ajuda nosso país vizinho, a Argentina, a aprimorar essa prática
de mascarar a inflação.
Como assim?
Simples: na Argentina a gasolina é vendida nos postos a aproximadamente o
equivalente a R$ 0,98 o litro (aqui você sabe que pagamos em média R$ 2,80).
Como consegue isso?
A Petrobras exportou, durante anos, para a Argentina gasolina a R$ 0,65.
Detalhe: exporta gasolina limpa, sem misturas com álcool ou outros aditivos.
É por essas, e outras, que a Petrobras é uma amostra do que acontece na
administração total do nosso país, inclusive levando o Brasil a registrar um
déficit na balança comercial, no primeiro trimestre de 2013, de US$ 5,1 bi, algo
que não acontecia há 12 anos.
Esse ano a Petrobras completará 60 anos. Teve como seu slogan mais forte:
O Petróleo é Nosso.
A pergunta atual é: e o dinheiro vai pra quem?

Dedinho de Prosa 5

Pérai – estará dizendo meu infortunado leitor – o título preconiza 4 dedinhos
de prosa e você chegou no 5 !!!
Pois é. Eu tenho 5 dedos em cada mão. Eu trabalho honestamente e não
estou aposentado. E não poderia deixar de relatar minha visão sobre o
futuro da Petrobras, sua atual direção e o pré-sal.
Atualmente a Petrobras e presidida por Graça Foster. Nasceu no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, começou a trabalhar com 21 anos como estagiária na Petrobras, formou-se em engenharia na Universidade Fluminense, foi promovida para engenheira de perfuração e hoje é presidente da Petrobras. Ah, quase esqueci o mais importante, de 2003 a 2005 acumulou também a função de secretária da Dilma.

Com essa vasta experiência acadêmica, profissional, internacional e de gestão,
a Graça fechou o balanço da Petrobras de 2012 apresentando um Passivo a Pagar
de R$ 332,3 bilhões, tendo apenas como Ativo Realizável R$ 118,1 bilhões. Ou seja,
a Petrobras deve 3 vezes o que tem em caixa. Apresentou também em 2012 o
menor lucro dos últimos 8 anos, R$ 20,9 bilhões, embora a receita bruta cresça
em torno de 20% ao ano.
Diante desse cenário, a Graça resolveu “gerar” dinheiro, pois serão necessários
para o pré-sal R$ 237 bilhões até 2016.
Tanto investimento no pré-sal, mas ele dará retorno?
Ninguém sabe.

Veja:
De 1980 a 2004, o barril de petróleo era negociado a US$ 40.
De 2004 a 2009 a US$ 70 e hoje na casa do US$ 90.
Mas essa cotação esta caindo pois as reservas mundiais de petróleo estão
abarrotadas. Os EUA estão com o dobro da capacidade estocada.
A tendência é de queda. Cada vez mais se descobrem, e são adotadas,
novas alternativas energéticas.
Ai que mora o problema.
O petróleo do pré-sal custa em torno de US$ 50 a 70 para ser extraído.
E se o preço internacional cair abaixo disso? Gastaremos mais para vender
por menos? E as outras soluções energéticas que estão chegando?
Mas a Graça tem que dar continuidade ao projeto, tem que gerar dinheiro.
Mas como?
Vendendo os ativos da Petrobras, atitude essa como qualquer empresa em
fase pré-falimentar faria.
Ah, vendendo ativos não operacionais e defasados?
Não!!
Vendendo tudo que gera energia renovável, como parques eólicos, centrais
hidrelétricas e termelétricas.
Mas isso tem lógica? Ela decide tudo isso sozinha?
Não!!
Ela recebe ordens do Presidente do Conselho de Administraçãoda Petrobras: Sr.Guido Mantega.
E o Mantega responde a quem?
Bem, o chefe continua em plena atividade. Nos últimos meses, de jatinho
particular, ele está “ajudando” o amigo Eike Batista e seu diretor Pires Neto
afastado no ano passado do Ministério dos Transportes por escândalos
ligados aos mensaleiros) a vender sondas petroleiras que a OGX comprou
no exterior e que não tem utilidade. E o “coitado” do Eike pediu auxilio ao
companheiro pois as ações da OGX já caíram 90% esse ano.
Adivinha como vão ajudá-lo? Adivinha para quem eles estão tramando a
venda dessas inúteis sondas?
Petrobras.

O chefe deu mais ordens: Em agosto de 2012 a Dilma lançou o “pacote ferroviário”
de R$ 91 bilhões. Teria como principal meta escoar o petróleo do pré-sal.
Advinha qual foi o principal beneficiado com as primeiras estradas de ferro?
Eike Batista.
Pior. Além de utilizarem dinheiro publico para atender uma empresa privada,
fizerem um acordo chamado Modelo Ferroviário.
Sabe como funciona?
Simples:
Por esse Modelo o Eike não precisará colocar nenhum centavo para o transporte.
O governo pagará tudo. Funcionará assim: Uma empresa constrói as ferrovias;
o governo compra toda a capacidade de transporte e repassa para as empresas
interessadas em usar os trilhos. Se não houver demanda, ou se for parcial,
o governo paga totalmente a conta.
Não é um excelente negócio?
Não para a Petrobras. Não para o Pais. E bom para……

Depois de relatar tudo isso, se você ainda estiver lendo, e eu puder dar um
conselho antes das próximas eleições, ai vai:
Não compre ações da Petrobras.


Marco Antonio Pinto de Faria
Bacharel em Ciências Contábeis, Administrador de Empresas, Auditor,
Presidente e Fundador do Grupo SKILL composto por empresas atuantes
no mercado há 34 anos, oferecendo serviços de Consultoria Tributária,
Contabilidade e Tecnologia da Informação. Integrante do IBRACON – I
nstituto dos Auditores Independentes do Brasil.
--
Projeto Guará-Lula NE

JUIZ SUSPENDE PUBLICIDADE OFICIAL E DÁ DINHEIRO À SAÚDE


    JUIZ SUSPENDE PUBLICIDADE OFICIAL E DÁ DINHEIRO À SAÚDE
    O Conversa Afiada entrevistou nessa quarta-feira (31), por telefone, o juiz da comarca de Currais Novos (RN), Marcus Vinícius Pereira Jr., de 32 anos.
    O juiz da pequena comarca de Currais Novos, que fica a 200 quilômetros de Natal, decidiu ontem bloquear todos os recursos do Estado do Rio Grande do Norte destinados à propaganda institucional.
    O dinheiro será transferido para a Saúde pública.
    A decisão se deu em uma ação de uma senhora que processava o Estado para obrigá-lo a realizar um procedimento cirúrgico fundamental no tratamento do câncer.
    Segundo o juiz Marcus Vinícius, existem mais de 40 processos do mesmo tipo na comarca de Currais Novos que, segundo ele, vive um colapso na saúde.
    Na sentença, baseado em números do Tribunal de Contas do Estado, o juiz constatou que, no ano de 2011, o Estado do Rio Grande do Norte gastou 11 milhões de reais em Saúde, enquanto destinou 16 milhões em propaganda institucional.
    Por força da decisão, as empresas: InterTV Cabugi, TV Ponta Negra, TV Bandeirantes Natal, TV Tropical, TV União, TV Universitária, Sidys TV a Cabo, Jornal Tribuna do Norte, Rádios (96, 98, 104,7 e Cabugi3) já pararam de receber os recursos do Estado.
    Clique aqui para ler “Juiz do RN sai na frente na Ley de Medios”.
    Para se ter uma ideia dos interesses que o juiz Marcus Vinícius enfrentou, a Inter TV Cabugi; o jornal Tribuna do Norte; e a rádio Cabugi3, são ligados à família Alves do Presidente da Câmara, Henrique Alves, e do Ministro da Previdência, senador Garibaldi Alves (PMDB). O grupo, TV e rádio, é afiliado às Organizações Globo.
    A TV Tropical, afiliada da Rede Record, pertence à família Maia, do senador Agripino Maia (DEM).
    A terceira família que manda na política e nas comunicações do estado do Rio Grande do Norte é a família Rosado, da governadora Rosalba Ciarlini Rosado (DEM), que aliás, o Juiz Marcus Vinícius intimou a depor no processo.
    A família Rosado é dona do Rede Potiguar de Comunicação.
    Dos dez parlamentares eleitos pelo estado do Rio Grande do Norte em 2010, oito deputados federais e dois senadores, sete tem um dos sobrenomes: Maia, Alves ou Rosado.
    Segue a íntegra da entrevista em áudio e texto.
    1 – PHA: Dr. Marcus Vinícius, o senhor poderia justificar, do ponto de vista da lei, a sua decisão?
    Marcus Vinícius: Sim, Paulo, na verdade existe uma grande demanda de saúde na comarca em que eu trabalho, numa cidade de interior, no Estado do Rio Grande do Norte.
    E o Estado não vem correspondendo aos anseios da população no que se refere à prestação do direito à saúde.
    Existem várias pessoas com problemas de câncer, problemas ortopédicos.
    Essas pessoas ajuízam ações judiciais, e o Estado termina – mesmo no final dos prazos de 70, de 90 dias – não garantindo à população o acesso à saúde.
    Inclusive, em uma Ação Civil Pública ajuizada aqui, em Currais Novos, foi constatado que a UTI do Hospital Regional não estava funcionando por falta de pagamento aos médicos contratados.
    Em razão disso, analisando a prioridade orçamentária, nós constatamos que o Estado do Rio Grande do Norte vem gastando muito dinheiro com a publicidade institucional. E, por outro lado, ele não tem garantido o acesso à Saúde.
    Então, foi determinado, com base no artigo 461, paragrafo 5º, do Código de Processo Civil, que o Estado suspendesse os gastos com propaganda institucional, até que  possa garantir o acesso à Saúde, nesse caso específico.
    Tão logo o Estado garanta o direito à saúde, normalmente, seriam liberados esses recursos destinados a propaganda institucional.
    2 – PHA: O senhor poderia dizer o que está previsto neste artigo 461, paragrafo 5º, do Código de Processo Civil?
    Marcus Vinícius: O artigo 461, paragrafo 5º, do Código de Processo Civil diz que o juiz pode tomar as medidas que forem necessárias para garantir a tutela específica, e garantir que o direito pleiteado seja conquistado.
    Por exemplo, nesse caso de tutela de Saúde, dessa decisão de ontem – que foi o grande estopim de toda essa situação – é o de uma senhora que necessitava de uma cirurgia em função de um câncer.
    Ela precisava realizar a drenagem de um tumor no abdome para poder dar início a um processo de quimioterapia, e o Estado, mesmo intimado, normalmente não garante esse acesso à saúde.
    Então, o Código de Processo Civil possibilita ao Juiz tomar medidas como essa.
    No caso, a suspensão de recursos para o pagamento de propaganda institucional, para que, nesse caso especifico, ele forneça o serviço.
    A ideia é que, se o Estado não tem os recursos – como muitas vezes alega – para garantir o direito à saúde, ele não pode utilizar recursos – também públicos – com o custeio de propaganda institucional.
    Apresenta-se como algo muito contraditório uma pessoa, por exemplo, essa senhora, que está com câncer, necessitando de uma cirurgia, não ter acesso à saúde enquanto ela vê, em sua residência, a exibição de uma propaganda institucional dizendo que o Estado do Rio Grande do Norte está em ótimas condições, sendo que isso, infelizmente, não corresponde à verdade.
    3 – PHA: O senhor tem uma ideia do valor desses recursos pagos pelo Estado a Inter TV Cabugi; TV Ponta Negra; TV Bandeirantes Natal; TV Tropical e etc?
    Marcus Vinícius: Como fundamentação da decisão, foi usado um relatório do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte, analisando as contas de 2011 – que tem se repetido nos anos seguintes. Nesse relatório se chegou à conclusão de que o Estado gastou no ano R$ 11 milhões com Saúde e, por outro lado, gastou R$ 16 milhões em propaganda institucional.
    A análise do Judiciário é que tem que ser dada prioridade a esse anseio da população, que é o direito à Saúde. Considerando esse parâmetro, foi determinada suspensão – até para que se verifique melhor o que exatamente está sendo contratado com essas empresas.
    No decorrer do processo, cada uma dessas empresas vão ter que informar ao Judiciário quanto está sendo aplicado, e após toda essa documentação ser juntada no processo, será proferido um julgamento final.
    4 – PHA: Quando terminará essa questão? Ou seja, quando o senhor vai considerar que o dever do Estado foi cumprido ?
    Marcus Vinícius: O Judiciário trabalha de acordo com as demandas. Foi concedido à governadora do Estado do Rio Grande do Norte (Rosalba Ciarlini Rosado, do DEM) o prazo de cinco dias para ela indicar a data, o local e a equipe destinada à realização dessa cirurgia.
    Agora, da mesma forma que essa cidadã está precisando de uma cirurgia, aqui na comarca de Currais Novos nós temos outros 40 processos na mesma situação.
    Normalmente o que ocorreria? O Judiciário acaba fazendo o bloqueio dos recursos públicos e pagando o serviço na rede privada, o que representa sempre um prejuízo muito grande para o Estado, e, diga-se, para população. Uma vez que o valor pago pelo SUS – se nós tivéssemos uma gestão adequada dos recursos de saúde no Estado do Rio Grande do Norte – é um valor muito menor do que o pago na rede privada.
    Então, a população é penalizada em dois momentos: ela paga mais caro depois de já ter passado um grande tempo de angustia, já que os nossos hospitais aqui, infelizmente, estão cheios; e paga mais caro ainda, porque esses procedimentos acabam sendo feitos na rede privada.
    Para a resolução dessa questão, o Estado do Rio Grande do Norte poderia disponibilizar esse tratamento à Saúde e, no momento em que fosse verificada a disponibilização, automaticamente, esse bloqueio aos recursos destinados à propaganda institucional seria finalizado.
    5 – PHA: O senhor não teme ser crucificado por esses veículos de comunicação?
    Marcus Vinícius: Bom, isso é uma possibilidade. Mas, o juiz, diante da sua independência, ele tem que trabalhar para honrar os preceitos presentes na Constituição Federal.
    E o direito à saúde está acima do direito de fazer propaganda institucional.
    Então, no caso concreto, posto em julgamento aqui em Currais Novos, é uma questão de Justiça – mesmo sabendo dessa possibilidade de crucificação pelos meios de comunicação: garantir que o povo tenha acesso aos recursos destinados ao povo.
    A medida extrema foi essa, destacando que, antes dessa, várias outras medidas foram tomadas. Nós tentamos por diversas formas garantir que o Estado garantisse o direito à Saúde.
    Lembrando que, essas são apenas as pessoas que tem acesso ao Judiciário. Muitas das pessoas não tem sequer acesso ao Judiciário.
    Aqui na cidade de Currais Novos nós estamos passando por um caos na saúde. Por diversas vezes, foram fixadas placas na frente do hospital anunciando que a emergência estava fechada por falta de médicos plantonistas.
    Logo que as medidas foram sendo tomadas pelo Judiciário e pelo Ministério Público, o quadro começou a mudar.
    6 – PHA: O senhor se baseou em algum precedente, em alguma decisão anterior, ou o senhor tomou uma decisão pioneira?
    Marcus Vinícius: Eu de fato não conheço nenhuma decisão nesse sentido. Mas tomei a decisão com a esperança de que, de fato, o poder Judiciário haja com independência e possa garantir o direito à Saúde para a população.
    Eu não estou confortável em uma ação como essa. O que eu queria é que a população tivesse acesso aos serviços de Saúde e que não existisse esse tipo de demanda. Mas, como não existe, o Judiciário tem que enfrentar (o problema) mesmo que tomando medidas como essa.
    Vamos aguardar o que os tribunais superiores dirão, inclusive o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, acerca da aplicabilidade dessa medida.
    7 – PHA:  A governadora já recorreu?
    Marcus Vinícius: Não, não existe nenhum recurso. A medida foi tomada ontem, as pessoas ainda estão sendo notificadas.
    Mas, o que eu posso garantir é que essa decisão já está sendo cumprida. Os órgãos de comunicação que receberam (a notificação) já não estão mais exibindo essa propaganda institucional.
    A ideia do Judiciário é que esses recursos para propaganda sejam liberados tão logo o Estado garanta o direito à saúde aos cidadãos aqui de Currais Novos.
    8 – PHA: A quanto tempo o senhor está a frente dessa vara de Currais Novos?
    Marcus Vinícius: Eu sou magistrado no Rio Grande do Norte há nove anos, e estou a frente dessa comarca de Currais Novos há aproximadamente três anos. É uma comarca bastante complicada, onde nós temos mais de 5 mil processos, não temos sequer um assessor para garantir uma tramitação maior desses processos, mas o Tribunal vem trabalhando para garantir uma tramitação mais rápida dos processos.
    O juiz tem que estar pronto para a qualquer momento garantir essa tutela jurisdicional. Garantir a população uma decisão, mas não apenas uma decisão, mas uma decisão efetiva.
    Porque de nada adianta para população que um juiz declare um direito se ele não aplica uma medida que faça esse direito de fato chegar ao cidadão. A nossa grande preocupação é exatamente essa, de não só declarar direitos, mas de fazer com que esses direitos sejam de fato concretizados.
    Em Tempo: Por telefone, o secretário de comunicação do governo do Estado do Rio Grande do Norte, Edson Braga, disse, à redação do Conversa Afiada, que o Procurador-geral do Estado já foi notificado quanto à decisão da comarca de Currais Novos e que, ainda amanhã, deverá ingressar com ação no Tribunal de Justiça para recorrer da decisão.
    CLIQUE AQUI para ouvir a entrevista.
     

Da arte de iludir


01 de agosto de 2013 | 7h 46
DEMÉTRIO MAGNOLI *
Todos eles leram O Leopardo, de Lampedusa. “Se queremos que as coisas permaneçam como sempre foram, elas terão de mudar” - o célebre conselho de Tancredi Falconeri a Don Fabrizio provavelmente não foi enunciado explicitamente na reunião de Dilma Rousseff com os líderes do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), mas uns e outros sabiam que era disso que se tratava. A presidente declarou-se simpática à proposta de reforma política, mas não chegou a anunciar apoio público, algo que “não interessa” ao movimento, segundo o juiz Márlon Reis. O patrocínio oficial ficou, assim, fora dos autos.
Nas ruas, em junho, gritaram-se as palavras “educação” e “saúde”, não “reforma política”. Contudo o governo concluiu, razoavelmente, que o sistema político em vigor se tornou insuportável - e resolveu agir antes que uma nova onda de manifestações se organize sob a bandeira “Fora Dilma”. Os ensaios sucessivos da Constituinte exclusiva, uma flagrante inconstitucionalidade, e do plebiscito, uma tentativa quixotesca de cassar as prerrogativas do Congresso (o que se traduz hoje, na prática, como prerrogativas do PMDB), evidenciaram o desespero que invadiu o Planalto. É sobre esse pano de fundo que surgiu, como derradeira boia de salvação, a iniciativa do MCCE. Tancredi está entre nós.
Antes das manifestações de junho, só o PT tinha uma proposta completa de reforma política. Nos sonhos petistas, o anárquico e corrompido sistema atual evoluiria em direção a algo mais consistente - e ainda mais impermeável à vontade dos cidadãos. O financiamento público de campanha concluiria o processo de estatização dos partidos políticos, que se tornariam virtualmente imunes ao escrutínio popular. O voto em lista fechada concentraria o poder nas mãos das cúpulas partidárias, rompendo os tênues vínculos ainda existentes entre os eleitores e seus representantes. No fim, surgiria uma partidocracia cortada segundo os interesses exclusivos do partido dotado da máquina eleitoral mais eficiente.
O projeto petista, que já esbarrava na resistência do restante da elite política, tornou-se inviável depois do transbordamento das insatisfações populares. No lugar dele, o Planalto inclina-se em direção ao artefato lampedusiano produzido no forno do MCCE. O primeiro componente da proposta, sobre o financiamento de campanha, é um tímido aceno às ruas. O segundo, sobre o sistema eleitoral, é uma versão levemente modificada do projeto petista do voto em listas fechadas. Os autores da proposta têm bons motivos para temer que lhes colem o rótulo de companheiros de viagem do governo.
Dentro da ideia do financiamento público de campanha pulsa um coração totalitário. Sob a sua lógica, os partidos se libertariam por completo da necessidade de persuadir as pessoas a financiá-los. Pela mesma lógica, eu seria compelido a pagar as campanhas de figuras arcaicas restauradas pelo lulopetismo (Sarney, Calheiros, Collor, Maluf), de pastores fanáticos que sonham incendiar bruxas (Feliciano), de oportunistas sem freios atraídos pelas luzes do poder (Kassab, Afif), de saudosistas confessos do regime militar (Bolsonaro) e de stalinistas conservados em formol que adoram ditaduras de esquerda (quase todos os candidatos do PT, do PCdoB e do PSOL). O MCCE rejeitou essa ideia macabra, associando sensatamente o financiamento de campanha à capacidade dos partidos de exercer influência sobre cidadãos livres. Entretanto, curvando-se aos interesses gerais da elite política, a proposta não toca nas vacas sagradas do sistema em vigor: o Fundo Partidário e o tempo de televisão cinicamente qualificado como gratuito.
O sistema eleitoral atual é uma triste caricatura de democracia representativa. Soterrados sob listas intermináveis de candidatos apresentados por dezenas de siglas partidárias e ludibriados pelo truque imoral das coligações proporcionais, os eleitores operam como engrenagens da máquina de reprodução de uma elite política bárbara, hostil ao interesse público. A alternativa petista do voto em listas fechadas corrompe a representação de modo diverso, mas não menos doentio, conferindo aos chefes dos partidos o poder extraordinário de esculpir a composição do Parlamento.
A proposta do MCCE envolve a alternativa petista num celofane ilusório, sem modificar o seu cerne. Os partidos seriam obrigados a realizar prévias internas fiscalizadas pela Justiça Eleitoral para selecionar seus candidatos, o que configura uma interferência antidemocrática na vida partidária. Numa primeira etapa, os eleitores votariam apenas nos partidos. Depois, na etapa derradeira, votariam em nomes constantes de listas com duas vezes mais candidatos que as vagas obtidas na etapa anterior. A valsa complexa conserva o poder de decisão essencialmente com os dirigentes dos partidos, mas distribui alguns doces aos eleitores. O Planalto e o PT entenderam o sentido da obra - que, por isso mesmo, deve ser descrita como “apartidária”.
Uma ruptura democrática seria a adoção do sistema de voto distrital misto. Nos Estados Unidos e na França, a disputa entre apenas um candidato de cada partido em circunscrições eleitorais delimitadas transfere o poder de decisão para os eleitores e provoca nítidas polarizações ideológicas. Sob a sua lógica, os partidos são estimulados a lançar candidatos capazes de sobreviver ao escrutínio direto do público. E, ao contrário do que argumentam os arautos do voto proporcional exclusivo, os candidatos não se podem apresentar como “deputados-vereadores”, pois a dinâmica da disputa majoritária os compele a associar seus nomes às posições doutrinárias de seus partidos.
O MCCE, porém, parece avesso à ideia de uma mudança genuína. “Precisamos do apoio de todas as forças políticas na hora da aprovação no Congresso”, explicou Márlon Reis, o Tancredi disponível na esteira da tempestade de junho.
* DEMÉTRIO MAGNOLI É SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL: DEMETRIO.MAGNOLI@UOL.COM.BR.

O que realmente mudou?

Documento especial de 1990, sobre o surfe ferroviário. Várias imagens sobre a miséria que é o subúrbio do rio fde janeiro, hoje são poucos os surfistas, mas o que mudou realmente?