quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Subversão é o meu trabalho


Esse foi o processo que o Brasil sofreu. É isso que o Brasil vem servindo há algum tempo. Yuri Bezmenov

(Ex KGB) conta as maneiras de subverter um povo e, depois do caos instalado, vem "a grande solução".

Deixando claro que não são apenas os comunas que fazem isso.

No final tem uma tabelinha, e eu desafio os leitores a fazerem um teste par ver a situação atual do Brasil.



Dubitando, ad veritatem parvenimus... aliquando! Duvidando, chegamos à verdade... às vezes!

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A subversão nos países-alvo da extinta União Soviética
Vídeo no YouTube || Ficheiro PDF disponível AQUI ou AQUI.
Palestra de um ex-agente do KGB, Yuri Alexandrovitch Bezmenov (Tomas Schuman) (1939 — 1993), proferida na Summit University, em Los Angeles, Califórnia, em 1983.
Subversão é o termo. Se virem no dicionário ou no código penal deste assunto, é normalmente explicado como uma parte de uma atividade para destruir coisas como religião, Governo, sistema, sistema político-económico de um país; e, normalmente, é ligado a espionagem e coisas românticas, como explodir pontes, descarrilar comboios, atividade capa e espada no estilo Hollywood; quando o que vou falar a respeito, agora, não tem absolutamente nada a ver com o cliché de espionagem ou da atividade do KGB de coletar informação.
Então, o maior erro ou conceito errado (acho eu) é que, quando estamos a falar de KGB, por alguma razão estranha, de produtores de Hollywood a professores de ciência política e «especialistas» em assuntos soviéticos (kremlinólogos, como se autodenominam), acham que a coisa mais desejável para Andropov e todo o KGB é roubar o esquema de algum jato supersónico, trazê-lo de volta para a União Soviética e vendê-lo para o complexo industrial militar soviético. É apenas em parte verdadeiro.
Se tomarmos todo o tempo, dinheiro, e mão de obra que a União Soviética e o KGB em particular gasta fora das fronteiras da União Soviética, descobriremos (claro que não há estatísticas oficiais, ao contrário da CIA ou do FBI) que a espionagem como tal ocupa apenas 10[%] a 15% do dinheiro, tempo e mão de obra. 15% da atividade do KGB. Os 85% restantes são sempre subversão. E ao contrário de um dicionário de inglês (dicionário Oxford), subversão, na terminologia soviética, significa sempre uma atividade distratora e agressiva, visando destruir o país, nação ou área geográfica do seu inimigo. Então, não há românticos lá, de forma alguma. Nada de explodir pontes, nada de microfilmes em latas de Coca-Cola, nada desse género! Sem «nonsense» James Bond!
A maior parte. Esta atividade é aberta, legítima e facilmente observável, se vocês se derem ao tempo e trabalho de observá-la; mas, de acordo com a lei e sistemas fiscalizadores da civilização ocidental, não é crime! Exatamente por causa do conceito errado — manipulação de termos —, achamos que o subversor é uma pessoa que vai explodir as nossas lindas pontes! Não! Subversor é um estudante que vem para intercâmbio, um diplomata, um ator, um artista, um jornalista (como eu fui há dez anos)…
Bem, subversão é uma atividade que é uma estrada de dois sentidos. Vocês não podem subverter um inimigo que não quer ser subvertido. Se conhecerem a história do Japão, por exemplo: Antes do século XX, o Japão era uma sociedade fechada. No momento em que um barco estrangeiro chegava às margens do Japão, o exército imperial japonês, educadamente, mandava-o desaparecer. E se um vendedor americano chega às margens do Japão, (digamos) uns 60, 70 anos atrás, e diz: «Oh, eu tenho um aspirador de pó muito lindo para si! Sabe, com um bom financiamento...». «Por favor, deixe-nos. Não precisamos do seu aspirador.» Se não forem embora, eles atiram, para preservar a sua cultura, ideologia, tradição, valores, intactos! Vocês não foram capazes de subverter o Japão. Não podem subverter a União Soviética, porque as fronteiras estão fechadas, a comunicação social é censurada pelo Governo, a população é controlada pelo KGB e polícia interna. Com todas as lindas figuras lisas da revista Time e Magazine America, que é publicada pela embaixada americana em Moscovo, vocês não podem subverter os cidadãos soviéticos porque a revista nunca chega aos cidadãos soviéticos. Ela é coletada das bancas e lançada na lata de lixo.
A subversão só pode ser bem sucedida quando o iniciador, o ator, o agente da subversão, tem um alvo que responde. É um tráfego de dois sentidos. Os Estados Unidos são um alvo recetivo de subversão. Não há resposta similar à dos Estados Unidos à União Soviética. Ela para em algum lugar no meio do caminho; nunca chega aqui.
A teoria da subversão remonta a 2500 anos atrás. O primeiro ser humano que formulou as táticas de subversão foi um filósofo chinês chamado Sun Tzu (500 a. C.). Foi um conselheiro para várias cortes imperiais na China antiga. E ele disse (após longa meditação) que, para implementar política estatal de uma maneira belicosa, é mais contraprodutivo, bárbaro e ineficiente lutar num campo de batalha.
Sabem que a guerra é a continuação da política estatal. (Certo?) Então, se querem implantar com sucesso a sua política estatal e começar a lutar, esta é a maneira mais idiota de fazer. A mais alta arte da guerra é não chegar a lutar; mas subverter qualquer coisa de valor no país do seu inimigo, até ao momento em que a perceção da realidade do seu inimigo deteriora a ponto de ele não o perceber a si como um inimigo e em que o seu sistema, a sua civilização e as suas ambições parecem ao seu inimigo uma alternativa se não desejável, então ao menos factível. «Antes vermelho que ser morto.» Esse é o propósito final, a etapa final da subversão, após a qual vocês podem simplesmente dominar o seu inimigo sem disparar um tiro, se a subversão for bem sucedida. Isto é basicamente o que é a subversão.
Como podem ver, nenhuma menção a explodir pontes. Claro que Sun Tzu não sabia muito sobre explodir pontes. Talvez não houvesse tantas pontes naquela época!
Mas o básico da subversão está sendo ensinado a todo o aluno da escola do KGB, na União Soviética, e a oficiais de academias militares. Não sei se o mesmo autor está incluído na lista de leituras para oficiais americanos, sem falar de estudantes comuns de ciência política. Eu tenho dificuldade em encontrar a tradução de Sun Tzu na biblioteca universitária em Toronto e depois aqui, em Los Angeles; mas é um livro que não está «disponível». Ele é forçado para todo o estudante na União Soviética, todo o estudante que se pensa que lidará mais na sua carreira com estrangeiros.
O que é subversão?
Basicamente, consiste em 4 períodos, temporalmente. Se começarmos aqui e formos neste sentido no tempo (certo?), aqui é o ponto inicial. A primeira etapa da subversão é o processo chamado basicamente desmoralização. Diz por si o que é.
DESMORALIZAÇÃO
Leva (digamos) de 15 a 20 anos para desmoralizar uma sociedade. Porquê 15 ou 20 anos? Esse é o tempo suficiente para educar uma geração de estudantes ou crianças. Uma geração. Um tempo de vida de uma pessoa, de um ser humano, que é dedicado a estudar, a formar a mentalidade, ideologia, personalidade. Não mais, não menos. Normalmente, leva de 15 a 20 anos.
O que inclui? Inclui: Influenciar, ou (por vários métodos) infiltração, métodos de propaganda, contactos diretos (não importa muito; vou descrevê-los depois), várias áreas onde a opinião pública é formada ou moldada: religião, sistema educativo, vida social, administração, sistema fiscalizador legal (militar, é claro) e relações de trabalho (trabalhador) — patrão, economia. (OK?) Cinco áreas. (Não vou escrever porque não vamos ter espaço suficiente.)
Às vezes, quando descrevo todos os métodos, alunos perguntam-me: «Tem a certeza de que isso é o resultado da influência soviética?» Não, necessariamente. Vejam: a tática da subversão sobre a qual estou a falar é similar à arte marcial, a arte marcial japonesa. Se alguns de vocês estão familiarizados com esta tática, provavelmente vão-se lembrar de que se um inimigo é maior, mais pesado que você, seria muito doloroso resistir ao seu golpe direto. Se uma pessoa mais pesada me quer acertar no rosto, seria muito ingénuo e contraprodutivo eu parar o seu golpe. A arte chinesa e japonesa do judo diz-nos o que fazer: primeiro, evitar o golpe, e então agarrar o punho e continuar o seu movimento na direção em que estava antes, (certo?) até que o inimigo bata na parede. (Viram?)
Então, o que acontece aqui: O país-alvo, obviamente, faz algo errado. Se é uma sociedade livre, democrática, há vários movimentos diferentes dentro da sociedade. Há, obviamente, em toda a sociedade, pessoas que são contra a sociedade. Podem ser criminosos comuns, em discordância da política estatal; inimigos declarados; simples personalidades psicóticas que são contra tudo... (Certo?) E, finalmente, há o pequeno grupo de agentes de uma nação estrangeira, comprados, subvertidos, recrutados. (Certo?) No momento em que todos estes movimentos estiverem direcionados numa direção (certo?), esta é a hora de agarrar este movimento e continuá-lo até que o movimento force a sociedade inteira ao colapso, à crise. (Certo?) Então, esta é exatamente a tática da arte marcial. Não paramos um inimigo; deixamo-lo ir, ajudamo-lo a ir na direção em que nós queremos que eles vão. (OK?)
Então, na etapa de desmoralização, obviamente há tendências em cada sociedade, em cada país, que estão indo na direção oposta aos princípios e valores morais básicos. Tirar vantagem destes movimentos, faturar em cima deles é o maior propósito do originador da subversão.
Então,
1. Temos religião;
2. Temos educação;
3. Temos vida social;
4. Temos estrutura de poder;
5. Temos relações de trabalho — sindicatos;
6. E, finalmente, temos lei e ordem. (OK?)
Estas são as áreas de aplicação da subversão.
O que significa, exatamente?
No caso da religião: Destrua-a. Ridicularize-a. Substitua-a por várias seitas, cultos, que levam a atenção das pessoas, a fé (seja ela ingénua, primitiva... não importa muito), desde que o dogma religioso basicamente aceite seja erodido devagar e levado para longe do propósito supremo da religião — [que é] manter as pessoas em contacto com o Ser Supremo. Isto serve ao propósito. Logo, substitua as organizações religiosas aceites, respeitadas, por organizações falsas. Distraia a atenção das pessoas da fé real e atraia-as a várias fés diferentes.
Educação: Distraia-os de aprender algo que seja construtivo, pragmático, eficiente. Em vez de matemática, física, línguas estrangeiras, química..., ensine-lhes a história do conflito urbano, comida natural, economia doméstica, a sua sexualidade..., qualquer coisa, desde que afaste. (OK?)
Vida social: Substitua as instituições e organizações tradicionalmente estabelecidas por instituições falsas. Tire a iniciativa às pessoas. Tire a responsabilidade às ligações naturalmente estabelecidas entre indivíduos, grupos de indivíduos e a sociedade como um todo e substitua-as por órgãos artificialmente e burocraticamente controlados. Em vez de vida social e amizade entre vizinhos, estabeleça instituições de assistentes sociais — pessoas que estão na folha de pagamento de quem? [Da] sociedade? Não: Burocracia! A principal preocupação dos assistentes sociais não é a sua família, não é você, não é a relação social entre grupos de pessoas. A preocupação principal é receber o cheque de pagamento do Governo. Qual será o resultado do serviço social deles? Não importa, realmente. Eles podem desenvolver todo o tipo de conceitos para mostrar ao Governo e ao povo que eles são úteis. (OK.) Para longe dos elos naturais.
Estrutura de poder: (OK.) Os órgãos naturais de administração que tradicionalmente são eleitos pelo povo em geral ou indicados pelos líderes eleitos da sociedade são substituídos ativamente por órgãos artificiais: órgãos de pessoas, grupos de pessoas que ninguém elegeu jamais! Na verdade, a maioria das pessoas não gosta deles de modo nenhum, mais ainda assim eles existem. Um destes grupos é a comunicação social. Quem os elegeu? Como podem eles ter tanto poder, poder quase monopolista sobre a sua mente?! Eles podem violentar a sua mente! Mas quem os elegeu? Como podem? Eles têm ousadia de dizer o que é bom ou mau para o Presidente — eleito por vocês — e para o seu Governo. Que diabo são eles?! Spiro Agnew, que era odiado pela esquerda liberal, chamou-os de «tropa de snobes despudorados», e é exatamente o que são. Eles acham que sabem. Não sabem! O nível de mediocridade: Em grandes estabelecimentos como New York Times, Los Angeles Times, grandes redes de televisão, você não tem de ser um jornalista excelente. Você tem de ser exatamente um jornalista medíocre. É mais fácil sobreviver: Não há mais concorrência. Tem a sua bela e boa renda: 100 000 dólares por ano. E pronto. Se é melhor ou pior, não importa mais, desde que sorria para a câmara e faça o seu trabalho. É isso. Não há mais concorrência. Estrutura de poder é lentamente erodida pelos órgãos e grupos de pessoas que não têm nem qualificação, nem a vontade do povo para mantê-los no poder, e ainda assim eles têm poder. (OK.)
Junto com isto, há outro processo — Fiscalização, lei e ordem: A organização está sendo erodida. Nos últimos 20, 25 anos, se virem os filmes antigos e os filmes novos, verão que, nos filmes novos, um polícia, um oficial do exército americano, parece burro, raivoso, psicótico, paranoico. E o criminoso parece porreiro, como: Bem, ele fuma maconha e injeta qualquer droga; mas, basicamente, é um ser humano bonzinho. É criativo. E é improdutivo só porque a sociedade o oprime; enquanto um general do Pentágono é sempre, por definição, um burro, um maníaco guerreiro. O polícia é um porco, um polícia rude, abusa do poder... (Sabem?) Uma generalidade, uma generalização como esta. O ódio, a desconfiança para com as pessoas que vos devem proteger e fazem cumprir a lei e a ordem. Relativismo moral!
O processo Angelo Buono durou dois anos em Los Angeles e ainda assim há alguns advogados que dizem: «Olhem: ele é um bom sujeito, na verdade.» Houve testemunhas que disseram (também criminosas!): «Ora, ele é um tipo porreiro! Um dia, eu pedi para ele queimar a casa do meu inimigo e ele não quis!» Tipo porreiro! Erosão. Uma substituição lenta dos princípios morais básicos, em que um criminoso não é bem um criminoso: é um réu. Mesmo que a sua culpa esteja provada, há ainda uma dúvida. Matar ou não matar, ser ou não ser. «Não matarás!» Sim! Mas esta fala pode não ser necessariamente aplicável a um assassino! «Não assassinarás!» — esta deveria ser a premissa, e não «não matarás». (OK.)
Relações trabalhistas: Nesta etapa, dentro de 15 a 20 anos, destruímos os elos tradicionalmente estabelecidos de negociação entre patrão e empregado. A clássica teoria marxista-leninista de troca natural de bens: Uma pessoa «A» tem 5 sacas de cereais e uma pessoa «B» tem 5 pares de sapatos; e a troca natural sem dinheiro é quando eles negociam entre si, e apenas com a introdução da terceira «C», um completo terceiro alienígena, estranho, que diz: «Não lhe dê a ele as 5 sacas de cereal. Dê-mas a mim. E você, dê-me os seus 5 pares de sapatos, e eu distribuirei de acordo.» Então a economia irá [balançar]… Esta é a morte da troca natural, a morte da negociação natural.
Bem, os sindicatos foram estabelecidos há cem anos atrás. O objetivo era melhorar as condições de trabalho e proteger os direitos dos trabalhadores daqueles patrões que estavam a abusar do seu direito porque tinham mais dinheiro. Objetivamente, naquela época, inicialmente o movimento dos sindicatos funcionou de facto. O que vemos agora é que o processo de negociação não está mais a resultar no acordo que leva diretamente à melhoria de condições de trabalho e aumento de salário. O que vemos é que, após cada greve prolongada, os trabalhadores perdem. Mesmo que tenham aumento de 10% nos seus salários, não conseguem recuperar por causa da inflação e do tempo perdido. Mais que isso: Milhões de pessoas sofrem com aquela greve, porque agora a economia é interdependente, está entrelaçada como um único corpo. Se, antes, os siderúrgicos, (digamos) cem anos atrás, podiam entrar em greve, ninguém sofreria. Agora, é impossível. Se um funcionário do lixo entra em greve, hoje, o resto da cidade de milhões fica a cheirar mal. Quer dizer: o serviço faltará. No Québec, por exemplo, os eletricistas entraram em greve no meio do inverno! Você pode congelar o seu traseiro, e ainda assim eles estavam em greve. Eles recuperaram o salário? Não! Perderam! Quem ganhou com isto? Os líderes do sindicato. Qual é o motivo da greve? Melhorar as condições do trabalhador? Não! Óbvio que não é! Então qual é? IDEOLOGIA! Para mostrar a esses capitalistas! E a horda obediente de trabalhadores, como ovelhas, segue essa gente e não pode desobedecer. Porquê? Porque se desobedecerem, sabem o que acontece com eles? Piquetes, assassinatos, camionistas baleados por piquetes!... Em Montreal, por exemplo, vi com os meus próprios olhos, quando fui correspondente da CBC (Canadian Broadcasting Corporation International), quando trabalhadores de uma fábrica de aeronaves destruíram computadores e equipamentos na fábrica e a administração contratou fura-greves, os seus carros foram virados de cima para baixo e queimados. As suas casas foram queimadas! Os seus filhos foram intimidados e houve vítimas! Disto, vocês podem ter a certeza. Porquê? Para melhorar as condições dos trabalhadores? Não! Ideologia! (OK.)
Isto é o que basicamente acontece. Pode ou não acontecer sem a ajuda da União Soviética, mas as tendências naturais estão a ser bastante aproveitadas e exploradas pelos sistemas de propaganda soviéticos. Como? Sempre que um sindicato entra em greve, temos um influxo de propaganda, meios de comunicação social, disseminação ideológica: «O direito dos trabalhadores»! E repetimos, como papagaios: «Sim, o direito dos trabalhadores». Direito de quem? Dos trabalhadores? Não! A única liberdade do trabalhador — vender o seu trabalho de acordo com o seu próprio desejo e vontade — é-lhe tirada! Por quem? Pelo chefe do sindicato. É dado poder ilimitado, responsabilidade... Quero vender o meu trabalho, não por 2,50 à hora, mas por 2 dólares. Eu não tenho o direito! A minha liberdade é-me negada. Eu sei que se vender o meu trabalho por 2 dólares à hora e não por 3 dólares, concorrerei melhor com o outro indivíduo, que é preguiçoso e mais ambicioso. Eu não preciso de 3 dólares. Preciso apenas de 2 dólares. Não! Fui forçado a acreditar pela comunicação social, pelas empresas, por agências publicitárias que preciso de mais e mais e mais! Já viram alguma publicidade na TV para consumir menos? Não! De modo nenhum! Se precisa de um carro de 6 cilindros ou não, tem de comprá-lo e é já! Quando eu vinha a conduzir para cá, na estação de rádio local um locutor empolgado disse: «Você, corra e economize, economize, economize! Tem uma liquidação de pé-de-meia!» Economize, comprando mais!! Claro, claro! Seria muito ingénuo esperar que o KGB obrigasse a agência publicitária a fazer uma propaganda maluca dessas. Não, claro que não! Mas o que fazíamos, quando eu trabalhava para a Novosti: Atolávamos editoras, organizações estudantis, grupos religiosos, com literatura de luta de classes, se não diretamente com propaganda marxista-leninista, então propaganda de aspirações legítimas da classe operária: melhoria de vida, igualdade... Igualdade! Vejam só! O Presidente Kennedy uma vez disse: «Povo, vamos fazer a América acreditar que as pessoas nascem iguais!» As pessoas nascem iguais? Há alguma menção na Bíblia ou em alguma outra escritura sagrada em qualquer religião? Qualquer religião! Se não acredita em mim, vá para a biblioteca e procure. Não há uma única palavra sobre igualdade! Mas o oposto: Pelas tuas ações, Deus te julgará! O que você faz é importante: o mérito da sua personalidade. Você não pode legislar igualdade. Se quer ser igual, você tem de ser igual! Tem de merecer.
E ainda assim, construímos a nossa sociedade sobre o princípio de igualdade. Vocês dizem: «As pessoas são iguais». Sabem que é falso, é uma mentira! Algumas pessoas são altas e estúpidas; outras são baixas, carecas e inteligentes. Algumas… Se as fazemos iguais à força, se colocarmos o princípio da igualdade na base da nossa estrutura sociopolítica, é o mesmo que construir uma casa na areia. Cedo ou tarde, ela vai desmoronar; e é exatamente o que acontece.
E nós, propagandistas soviéticos, estamos a tentar empurrar a vocês na direção em que vão sozinhos: «Igualdade, sim! Igualdade! As pessoas são iguais! Terra das oportunidades iguais!» É verdade ou não? Pensem bem! Oportunidades iguais. Deve haver oportunidades iguais? Para mim? E para um safado preguiçoso que vem para cá, vindo de outro país, e imediatamente se regista como recipiente, beneficiário de seguro? Eu nunca recebi um único dól... Não, desculpem, recebi uma vez. Mas nunca requeri seguro. Por 13 anos, aceitava qualquer emprego: segurança, jornalista, taxista, qualquer coisa!
Bem, eu fui muito ativo, mas algumas pessoas não gostam disso. Então, porque deveríamos ter oportunidades iguais? Porquê? [«Oportunidade igual de se destacar.»] Oportunidades iguais em circunstâncias iguais, sim, mas vocês sabem que as pessoas são diferentes. Destacar-se, sim, supondo que cheguemos ao mesmo nível de excelência, perfeição, que é um futuro distante hipotético. Sim, talvez. Mas sabemos perfeitamente bem que, mesmo com as melhores intenções, as pessoas não poderiam ser iguais. Porque deveríamos ter igualdade no (digamos) sistema legal? Eu, que me considero um cidadão cumpridor da lei, e uma pessoa que vem aqui para roubar e atirar? Digamos... O Governo dos Estados Unidos, sob Carter, importou milhares de criminosos cubanos. Eram criminosos conhecidos. Ainda assim, foram aceites. Acham justo que eu e a minha esposa das Filipinas, que trabalha como (perdão!) cavalo como técnica de laboratório no hospital, deveríamos ter os mesmos direitos que um criminoso de Cuba? Porquê? E ainda assim, repetimos como papagaios: «Igualdade, igualdade, igualdade!» E o sistema de propaganda soviética ajuda-nos a acreditar que igualdade é algo desejável. A democracia, tal como foi estabelecida pelos patronos deste país [os Estados Unidos], deste sistema, no século passado [XIX], não é igualdade: é o sistema em que pessoas diferentes, pessoas desiguais, têm sorte de sobreviver e de se ajudarem umas às outras, em constante concorrência, em constante aperfeiçoamento, e não uma igualdade que é imposta por um padrinho ou uma pessoa boazinha, em Washington DC. E a igualdade absoluta existe na União Soviética. «Igualdade»: Toda a gente está igualmente na lama, exceto algumas pessoas que são mais iguais que as outras, no Politburo. (OK?)
Então, no momento em que vocês levam um país ao ponto de quase total desmoralização, em que nada funciona mais, quando não têm a certeza do que é certo ou errado, bom ou mau, quando não há divisão entre o bem e o mal, quando até os líderes da Igreja dizem às vezes: «Bem, violência em favor da justiça (especialmente justiça social) é justificável em países como Nicarágua, El Salvador, (bem,) talvez Rodésia…» E escutamos isto e dizemos: «É, provavelmente. É verdade.» É verdade? Não, não é verdade! Violência não é justificável, especialmente em favor de «justiça social» introduzida por marxistas-leninistas (que são meus ex-colegas da Agência Novosti). (OK.)
Então, atingimos aquele ponto. O próximo passo é desestabilização.
DESMORALIZAÇÃO > DESESTABILIZAÇÃO
De novo, fala por si o que é: desestabilizar todas as relações, todas as instituições e organizações aceites no país do seu inimigo.
Como é que vocês fazem? Não têm de mandar um batalhão de agentes do KGB para explodir pontes. Não! Vocês deixam-nos fazer sozinhos! A área de aplicação é mais estreita agora. Não é como no caso anterior. As ações abertas, legítimas, do KGB, neste caso, mal seriam percetíveis. Não há crime se um professor que recentemente veio da União Soviética introduz um curso de marxismo-leninismo numa universidade californiana, por exemplo. Ninguém vai chegar à porta dele e dizer: «OK, senhor. Venha. Está preso.» Não! Não é crime. Não é sequer considerado um crime moral contra o seu país.
Então, a área de aplicação aqui estreita-se para:
1. Economia (novamente, relações trabalhistas, certo?);
2. Para lei e ordem e militares;
3. E, novamente, a comunicação social, mas um pouco diferente. (Vou explicar depois.) (OK.)
Três áreas, basicamente.
Economia: A radicalização do processo de negociação. Se naquela etapa ainda poderíamos atingir, teoricamente, algum acordo positivo entre as partes negociantes, com (digamos) introdução arbitrária de juízes de terceira parte, objetivamente julgando as exigências de ambos os lados; aqui é radicalização. Na etapa de desestabilização, não chegamos a um acordo nem dentro de uma família. O marido e a mulher não poderiam descobrir o que é melhor: O marido quer que os filhos comam à mesa, e a mulher quer que a criança corra pelo cómodo e derrube comida pelo chão. Eles não chegam a um acordo, a não ser que comecem uma luta. É impossível chegar a um acordo, um acordo construtivo entre vizinhos. Alguns dizem: «Eu não gosto que você trabalhe na relva nesta hora porque exatamente nesta hora ando a passear com o meu cachorro e ele fica nervoso e não consegue passar as bolas». (Sabem?) Eles não entram em acordo: Vão para um tribunal ou coisa assim.
Radicalização de relações humanas, sem mais acordo. Luta, luta, luta! As relações normais tradicionalmente aceites são desestabilizadas. As relações entre professores e alunos em escolas e universidades: luta! As relações, na esfera económica, entre empregados e patrões são mais radicalizadas: Não há mais aceitação da legitimidade das exigências dos trabalhadores. Como os japoneses, com a teoria Z (se já ouviram falar), em que trabalhadores estão envolvidos no processo de decisão, então eles não têm incentivo moral para lutar contra os seus patrões. Nos Estados Unidos, é justamente o oposto. Quanto mais difícil a luta, melhor, mais heroicos eles parecem. Quando a rede Greyhound estava de greve, recentemente, os correspondentes de emissoras de TV locais em todos os Estados Unidos abordaram os grevistas, e estes diziam: «Ah, sim, estamos a fazer algo de bom!». E pareciam heróis e tinham orgulho. Havia uma família: O marido era motorista de autocarro e então eles tinham decidido, em protesto contra os patrões, acampar em algum lugar da floresta. Foram apresentados à audiência como uma gente heroica e boazinha. (Viram?)
Os embates violentos entre passageiros, piquetes e os grevistas são apresentados como algo normal. 10, 15, 20 anos atrás, ficaríamos nervosos, a dizer: «Porquê? Porquê tanto ódio?» Hoje, não. Dizemos: «Bem: lugar-comum!» Radicalização, militarização às vezes, como expliquei naquela etapa (adiantei-me um pouco): Pessoas baleadas! (OK.)
Lei e ordem, agora: Também é empurrada para áreas em que as pessoas antes resolviam as suas diferenças pacificamente e legitimamente. Agora, estamos a ficar com esses casos judiciais nos casos mais irrelevantes. Não podemos mais resolver os nossos problemas. A sociedade como um todo fica cada vez mais antagónica entre indivíduos, grupos de indivíduos e a sociedade como um todo.
A comunicação social coloca-se em oposição à sociedade em geral, como um todo, separada, alienada. (OK?) Nesta etapa (lembram-se de que eu falava há umas duas horas atrás dos adormecidos?), aí é quando os estudantes (digamos) dos Estados Unidos (se são treinados na Universidade Lumumba) ou das nações em desenvolvimento (os estudantes com que eu lidava) estão a ser mandados de volta da União Soviética para aqui. Ou, se já estavam nos Estados Unidos, no país que é objeto da subversão, partem para a ação! Os adormecidos acordam! Dormiram por 15 a 20 anos. Agora, tornaram-se líderes de grupos, pregadores, sei lá… pessoas públicas. Agem proeminentemente. Incluem-se ativamente no processo político. De repente, vemos um homossexual... Há 15 anos, ele fazia as sujeiras dele e ninguém ligava, e agora ele faz disso uma questão política. Exige reconhecimento, respeito, direitos humanos, e junta um grande grupo de pessoas: o grupo dele e pessoas comuns. E há choques violentos entre ele e a polícia, o grupo dele e pessoas comuns. Não importa o quê: São negros contra brancos, amarelos contra verdes. Não importa onde está a linha divisória, desde que este grupo entre em choque antagónico, às vezes militarmente, às vezes com armas de fogo. Isto é o processo de desestabilização.
Os adormecidos (muitos dos quais são simplesmente agentes do KGB) tornam-se líderes do processo de desestabilização. Não quer dizer que o camarada Andropov mande o camarada Ivanov para os Estados Unidos. A pessoa que toma conta já está aqui! É um cidadão respeitado dos Estados Unidos. Às vezes, recebe dinheiro de várias fundações para a sua luta legítima a favor de (sei lá!) direitos humanos, direito das mulheres, kid-lib, prison-lib, seja o que for. Há americanos simpatizantes que lhe doam o seu dinheiro!
DESMORALIZAÇÃO > DESESTABILIZAÇÃO > CRISE
O processo de desestabilização, normalmente, leva diretamente ao processo de crise. No caso de nações em desenvolvimento (esta era a área em que eu era ativo), o processo começa quando os órgãos legítimos de poder, a estrutura social, desmoronam, não podem funcionar mais. E então nós temos órgãos artificiais injetados na sociedade; tais como comités não eleitos (lembram-se de que eu falava deles aqui [na desmoralização]?); assistentes sociais, que não são eleitos pelo povo; comunicação social, que são os senhores autoinvestidos da sua opinião; alguns grupos estranhos, que alegam que sabem como guiar a sociedade para a frente. Em geral, não sabem. Tudo o que eles querem saber é como coletar doações e vender a sua própria ideologia misturada, misto de religião e ideologia.
Aqui, temos todos estes órgãos artificiais exigindo poder. Se o poder lhes é negado, tomam-no à força. No caso do Irão, por exemplo, de repente tínhamos comités revolucionários. Quem? Quê? Que tipo de revolução? Não havia revolução ainda, e ainda assim tinham comités! Tomavam o poder de julgamento, tinham o poder de execução, tinham o poder de legislação, e tinham o poder judicial, todos combinados numa pessoa, que é um intelectual de miolo mole, às vezes formado em Harvard ou Berkeley. Ele volta para o seu país e acha que sabe a solução para todos os problemas sociais e económicos. (OK.)
A crise é quando a sociedade não pode mais funcionar produtivamente: desmorona. Obviamente, esta é a palavra para crise. Portanto, a população como um todo anda a procurar um salvador. Os grupos religiosos estão à espera de que venha um messias. Os trabalhadores dizem: «Temos família para alimentar! Vamos ter um Governo forte, talvez um Governo socialista, centralizado, onde alguém coloque os patrões nos seus lugares e nos deixe trabalhar! Estamos cansados de greve e de perder horas extra e todas essas coisas. Precisamos de um homem forte, Governo forte! Um líder, um salvador, é necessário.» A população já está irritada e cansada. E cá está: temos um salvador! Ou uma nação estrangeira vem; ou o grupo local de esquerdistas, marxistas... não importa como eles se chamam: sandinistas, reverendo, ou algum tipo... Bispo Muzorewa (como no Zimbabué)... Não importa. Vem um salvador e diz: «Eu guiar-vos-ei!» Então, nós temos duas alternativas aqui: guerra civil e invasão.
DESMORALIZAÇÃO > DESESTABILIZAÇÃO > CRISE > Guerra Civil ou Invasão
(OK?) Viram como funciona?
Guerra civil, sabemos o que é. Líbano é o melhor exemplo: A guerra civil que foi artificialmente implantada no Líbano por injeção de forças da OLP (Organização para Libertação da Palestina).
Invasão, tivemos em vários outros países como Afeganistão. Falem de qualquer país do Leste Europeu: foi invadido pelo exército soviético.
Mas o resultado é o mesmo.
A próxima etapa é normalização.
DESMORALIZAÇÃO > DESESTABILIZAÇÃO > CRISE > Guerra Civil ou Invasão > NORMALIZAÇÃO
Normalização é uma palavra muito irónica, é claro! É emprestada da situação de 1968, na Checoslováquia, quando a propaganda soviética e depois o New York Times declararam: «O país está normalizado». Os tanques chegaram a Praga; então, não há mais Primavera de Praga, não há mais violência... Normal. Normalização. Nesta etapa, os governantes autoinvestidos da sociedade não precisam de mais nenhuma revolução, não precisam de mais nenhum radicalismo. Então, este é o reverso da desestabilização; basicamente, é estabilizar o país à força.
Então, todos os adormecidos, e ativistas, e assistentes sociais, e «liberais», e homossexuais, e professores, e marxistas, e leninistas... são eliminados; fisicamente, às vezes. Já fizeram o serviço deles. (OK?) Não são mais necessários. Os novos governantes precisam de estabilidade para explorar a nação, para explorar o país, tirar vantagens da vitória. (OK?) Então, chega de revolucionários, por favor!
E é exatamente isto o que acontece em vários países. Lembram-se do Bangladesh? (Esta foi a crise na qual eu fui de utilidade.) Primeiro, tinham Mujibur Rahman. Em 1971, ele era o líder do Partido do Povo, a Liga Awami, com um bigode como Stalin. Esteve várias vezes na Rússia. Cinco anos depois, foi baleado pelos seus ex-colegas marxistas. Cumpriu a sua função. No Afeganistão, isto aconteceu 3 vezes. Primeiro, havia Taraki, depois Amin e agora Babrak Karmal. Mataram-se sucessivamente, um após outro, no momento em que um cumpria a sua obrigação; o primeiro desmoralizava o país, o segundo desestabilizava, o terceiro levou-o à crise. Adeus, camarada. Pum! Babrak Karmal vem de Moscovo e é colocado no poder. O mesmo aconteceu em Grenada, recentemente. Maurice Bishop, marxista, foi morto por Austin (Como se chama? General qualquer coisa), que também era marxista! (Certo?) Então, chega de revoluções, por favor. Normalização, agora.
De agora em diante, chega de greves, chega de homossexuais, chega de women-lib, chega de kid-lib, chega de lib. Ponto final! Boa e sólida liberdade proletária democrática!... E pronto.
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Agora, para reverter este processo, é preciso um esforço enorme. Quando, hoje, os Estados Unidos tiveram de invadir Grenada para reverter o processo de subversão, algumas pessoas disseram: «Rapaz, isso não é bom. Não é 'kosher' invadir um lindo país, a ilha de Grenada!». Ora, porque não pararam o processo aqui [na desmoralização], quando Grenada foi só abordada por esquerdistas? Porque não impedir que Maurice Bishop chegasse sequer ao poder? Os grenadenses queriam-no? Muito questionável! Para começar, não sabiam quem era Maurice Bishop. Ele mesmo chegou ao poder por um golpe de Estado. (OK?) Mas não, deixamos a situação avançar cada vez mais até à crise e à normalização muito em breve. E aí, os Estados Unidos decidem invadir o país, descobrindo que o país era inteiramente uma base militar para a União Soviética! Claro que é uma medida drástica! Claro que é uma pena que os fuzileiros tivessem de perder (o quê?) 17 vidas. Muito mau. Porque não parar o processo antes que chegue à crise? Ah, não! Os intelectuais não deixam! É interferência em assuntos internos. Eles têm o máximo de cuidado em não deixar o Governo americano interferir em assuntos internos de países latino-americanos. Não ligam à União Soviética interferindo nestes assuntos.
Então, para reverter este processo daqui [normalização], é necessária apenas e sempre ação militar. Nenhuma outra força na Terra pode reverter este processo, neste ponto.
Neste ponto [crise], não é necessária uma invasão militar pelo exército dos Estados Unidos. É necessária ação vigorosa, como no Chile. Um envolvimento discreto da CIA, para impedir que o salvador de fora chegue ao poder, e estabilizar o país antes que ele entre em guerra civil. (OK?) Apoiar as forças conservadoras de direita, através de dinheiro, bandidos ou lei, não importa! Estabilizem o país! Não deixem a crise evoluir para guerra civil ou invasão! «Oh, não! — vão dizer os seus liberais — é contra a lei! O Congresso não alocará dinheiro para ações secretas da CIA!» Porque não? Devemos esperar até vir a normalização e os tanques soviéticos aterrarem no aeroporto de Los Angeles?
Agora, neste ponto da desestabilização, o processo também poderia ser revertido e de novo mais fácil que este! Nada de envolvimento da CIA, neste ponto! Sabem o que é preciso aqui? Restrição de algumas liberdades para pequenos grupos, que são inimigos autodeclarados da sociedade. É simples, assim! «Oh, não!» — dirão os liberais da comunicação social — «Isto é contra a constituição americana!» Como podemos? Negar à força direitos civis a criminosos, por exemplo. «Não é bom!» (OK.) Então, permitimos que eles... (OK.) Se permitem que os criminosos tenham direitos civis, vão em frente e levem o país à crise. Deste modo, não há derramamento de sangue! Limitem os direitos! Digo: não colocá-los na cadeia! Não estou a dizer para colocar todos os gays de São Francisco num campo de concentração! Não permitam que eles consigam poder político! Não os elejam para posições de poder, seja a nível municipal, estadual ou federal. Tem de ser enfiado na cabeça de eleitores americanos que uma pessoa como esta nas posições de poder é um inimigo! Não temam esta palavra: É um inimigo! Se não for um inimigo aqui, será aqui. Mais adiante, ele será fuzilado; é claro! Mas, neste ponto, ele é um inimigo. (OK?) Vocês estarão a prestar um grande serviço, negando-lhe um direito de faturar em cima das suas próprias ideias malucas e de se tornar um homem poderoso, um homem que usa a sua posição de poder. Restrição de certas liberdades e de permissividade naquele ponto impediriam de deslizar para a crise e, provavelmente, reverteriam o processo de desestabilização. Restringir o poder ilimitado, o poder monopolista dos sindicatos, neste ponto, salvaria a economia do colapso. Introduzir uma lei para impedir empresas privadas de violarem a mente da opinião pública na direção do consumismo. Nenhuma empresa deve ter o direito de forçar a si a comprar mais, a não ser que você queira. Tem de haver uma lei. Quer anunciar o seu carro? OK. Mas nenhuma menção a comprá-lo agora e economizar dinheiro! Tem de ser contra a lei forçar as pessoas a consumirem mais. Autorrestrição!
Anteriormente, antes de este processo começar, a autorrestrição era um assunto da Igreja — religião —, porque os nossos pregadores, os padres da Igreja, nos diriam: «Bens materiais são bons, mas não é a função primária do ser humano, porque vocês têm de viver com algo!» Obviamente, o desígnio da nossa vida não é consumir mais desodorizantes. Tem de haver algo maior. Se tal instrumento complicado como o corpo humano foi criado, obviamente deve haver algum propósito mais elevado para isto. E é bem fácil evitar a desestabilização, negando às empresas ambiciosas uma pequena liberdade: de forçar vocês a tornarem-se processadores de produtos e bens indesejados. Eles transformam vocês em máquinas, como a minhoca, que tem entrada e saída. Então, quanto tempo um eletrodoméstico médio dura hoje em dia? Menos de um ano. Porquê? Onde está a qualidade? «Mas nós queremos que você compre mais.» (OK.) O processo de desestabilização pode ser facilmente vencido se (como digo) a sociedade, por vontade própria ou depois de persuadida pelos líderes, chegar à ideia de autorrestrição. «É tão difícil! Queremos consumir mais!» Mas têm a obrigação, a não ser que queiram chegar a esta etapa em que, como dizemos na Rússia, se o deserto do Saara se tornar um Estado comunista um dia, haverá racionamento de areia. Então, vocês têm de limitar as suas expectativas neste ponto, antes que seja tarde demais. Mas não, não queremos fazer isto.
O processo de desmoralização, de novo, é a coisa mais fácil de reverter. Antes de tudo, restringindo a importação de propaganda, a coisa mais fácil de fazer. Importação ilimitada, irrestrita, de literatura soviética, jornalistas soviéticos; dar a propaganda soviética e a agitadores ideológicos tempo igual na cadeia de TV americana — tem de ser impedido! E é fácil. Eles não se ofenderão. (Vejam bem.) Na verdade, eles respeitarão mais a América. Mas quando o meu ex-colega Vladimir Posner aparece no Nighline, e Ted Koppel pergunta «Bem, Vladimir, o que pensa disso?» — O que pode ele pensar?! É um instrumento de propaganda! Ele pensa o que o camarada Andropov lhe manda pensar. É apenas um belo e articulado altifalante do sistema de subversão soviético. E Ted Koppel faz-lhes acreditar que o meu amigo Vladimir Posner pensa?!
O processo de desmoralização pode não ter começado de forma alguma se, neste ponto, o país que é um recipiente de subversão ativamente (não violentamente, mas ativamente) impede a importação de ideologia estrangeira. Não quero que a América siga o modelo do Japão antigo. Vocês não têm de atirar em todo o estrangeiro que se aproxime das fronteiras sagradas dos Estados Unidos. Mas quando ele lhes oferece um bagulho disfarçado de algo bem lustroso, vocês devem dizer-lhe: «Não. Nós temos o nosso próprio bagulho.» Se, neste ponto, a sociedade for forte, corajosa e bastante consciente para parar a importação de ideias que são estranhas, então toda a cadeia de eventos pode ser evitada.
Estive recentemente nas Filipinas e fiquei chocado. Como nas grandes cidades, como Manila, crianças escutam música ensurdecedora! Uma nação melodiosa, com uma longa tradição de bela e boa música étnica introduzida pelos espanhóis há muito tempo, talvez uns 2, 3 séculos atrás (não me lembro), de repente, escutando lixo musical! Estourando os rádios a estouro total, volume total! Porquê?
Na Índia, passei vários anos a ver a reação de indianos saindo dos cinemas, depois de verem uma produção de Hollywood. Não conseguiam entender por que os americanos são tão desperdiçadores, rebentam os seus carros, os seus carros lustrosos, a cada 5 minutos. Como podem atirar uns nos outros por meio milhão de dólares? É verdade que são tão obcecados por sexo? Conseguem imaginar mostrar um filme onde a cada 5 minutos há uma cópula na tela a um país como a Índia, um país com longa tradição de respeito nestes assuntos particulares? Ou ao Paquistão?! E os Estados Unidos esperam que essas pessoas vos respeitem? De modo nenhum. Ah, sim, eles verão o filme. Pagarão 5 rupias para ver aquele lixo, mas sairão [do cinema] e dirão aos seus filhos: «Não respeitem os americanos. Não sejam como os americanos.» (Viram?)
Então, o processo de desmoralização pode ser impedido bem aqui, tanto exportado como importado. E isto precisa de um passo, uma coisa muito importante a fazer. Não têm de expulsar todos os agentes do KGB de Washington DC. A solução mais difícil e ao mesmo tempo a mais simples para a subversão é começar aqui [na fase de desmoralização] e antes ainda, trazendo a sociedade de volta à religião, algo que vocês não podem tocar, comer e vestir, mas algo que governa a sociedade e a faz mover e preservar-se.
Um cientista soviético, Shafarevich, que não tem nada a ver com religião (é um cientista da computação), fez um estudo muito intenso na história de países socialistas. (Ele chamava socialista ou comunista a qualquer país com uma economia centralizada e uma estrutura de poder piramidal.) E descobriu (na verdade, não descobriu; apenas chamou à atenção dos seus leitores) que civilizações como Mohenjo-Daro (nas regiões hindus ribeirinhas), como o Egito, como os maias, os incas, como a cultura babilónica, desmoronaram e desapareceram da face da Terra no momento em que perderam a religião. Simples, assim. Desintegraram-se. Ninguém se lembra mais delas. Bem, vagamente.
Então, as ideias movimentam a sociedade e mantêm a humanidade como uma sociedade de seres humanos, agentes inteligentes e morais de Deus. Os factos, a verdade, o conhecimento exato, talvez não. Toda a tecnologia sofisticada e os computadores não impedirão a sociedade de se desintegrar e, eventualmente, de desaparecer. Já conheceram alguma pessoa que sacrificasse a sua vida, liberdade, por uma verdade como esta [2 x 2 = 4]? Isto é verdade! Nunca encontrei uma pessoa que dissesse: «Isto é verdade e estou pronto para defender a verdade. Atira em mim!»… Para defender a verdade. (Certo?) Mas milhões sacrificaram as suas vidas, liberdade, conforto, — tudo! — por coisas como Deus, como Jesus Cristo. É uma honra! Alguns mártires no campo de concentração soviético morreram. E morreram em paz, ao contrário daqueles que gritaram «Viva Stalin!», sabendo perfeitamente bem que ele podia não viver muito.
Algo que é não-material movimenta a sociedade e ajuda-a a sobreviver. E vice-versa: No momento em que nos voltamos para «dois vezes dois é quatro», e fazemos disto um princípio-guia para a nossa vida, nossa existência, morremos. Mesmo quando isto é verdade, e isto, não conseguimos prová-lo; só o podemos sentir e ter fé. Então, a solução para a subversão ideológica, estranhamente, é muito simples: Você não tem de atirar nas pessoas, não tem de mirar mísseis, Pershings e mísseis de cruzeiro no quartel-general de Andropov. Só tem de ter fé e evitar a subversão; noutras palavras: não ser uma vítima da subversão. Não tente ser uma pessoa que, no judo, tenta esmagar o adversário e é apanhada pela sua mão. Não golpeie assim. Golpeie com o poder do seu espírito e superioridade moral. Se não tem este poder, é a hora de desenvolvê-lo. E esta é a única solução.
Acabou. Obrigado!



O processo de subversão da sociedade do país alvo, é necessário para manipular cultural e psicologicamente as massas de forma a facilitar a implantação de regimes revolucionários. Este processo, descrito por ele, é dividido em quatro fases que são: "desmoralização", "desestabilização", "crise", "normalização".4
FaseTempo necessárioAlvos e / ou consequências
Desmoralização15-20 anos
(tempo necessário para educar uma geração com "princípios revolucionários", opostos aos princípios morais tradicionais, gerando uma inversão de valores).
Religião, educação, cultura, comunicação social, lei e ordem, relações sociais, segurança, política interna/externa, família, saúde, etc.
Desestabilização2-5 anos
(período necessário para solapar as estruturas política, econômica e social).
Luta pelo poder, economia, estrutura social e lei, política externa.
Crise2-6 meses
(momento de precipitar uma crise generalizada, incitando desordem, pânico e radicalismo, apresentando como solução para a sociedade um "governo forte" ou uma alternativa "revolucionária").
Guerra civil, intervenção estrangeira, golpe de estado conservador.
NormalizaçãoEm teoria, seria permanente.Neste momento, a "nova ordem" é imposta e, os agentes empregados nas fases anteriores (os "idiotas úteis") são descartados. Na maioria dos casos, são eliminados fisicamente.
A cada fase completada com êxito, torna-se mais difícil reverter o processo de subversão.
Durante a 3ª fase ("crise"), na tentativa de deter o processo, grupos conservadores tendem a promover contrarrevoluções e /ou golpes de estado. Muitas vezes, isto resulta guerras civis.
Na 4ª fase ("normalização"), o novo regime busca estabilizar a sociedade. Os "idiotas úteis", que cumpriram seu papel nas fases anteriores, tornam-se desnecessários e são descartados, pois são considerados um empecilho ao processo de "normalização". Bezmenov citava recorrentemente como "idiotas úteis" os grupos mais variados: artistasjornalistasprofessoresativistas demovimentos sociais (feministashomossexuais, defensores de direitos humanos, etc), políticosempresários, líderes de seitas e tantos outros. Uns, colaboram de forma ativa e consciente, outros sofrem manipulações e atuam apenas como massa de manobra. Também citava, como exemplos de "idiotas úteis", os líderes revolucionários Nur Mohammad Taraki e Hafizullah Amin doAfeganistão e Sheikh Mujibur Rahman de Bangladesh, que depois de chegarem ao poder, foram assassinados pelos próprios marxistas-leninistas.

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