Com o poder que atualmente a imprensa e as igrejas feudais e financeiristas evangélias tem vvale a pena pensar no assunto:
José Maurício Guimarães
Eis a questão, meus amigos: "Quem precisa de um livre pensador?" A resposta é simples:
- Ninguém precisa de um livre pensador.
Vou demonstrar a inutilidade dos livres pensadores e os males em tê-los por perto.
Começo pelo faraó Akhenaton, jovem príncipe do Egito que, no diálogo místico com o Sol (Atom), descobriu lhe a natureza de deus único. Pôs-se alivrepensar, demonstrou que os deuses com cabeça de crocodilo eram uma tremenda asneira; criou um culto novo, fundou uma cidade (Akhetaton) e deu aviso prévio para os sacerdotes puxa-sacos (os Kheri-Hebs). Resultado: da noite para o dia Akhetaton desapareceu como que por encanto. O culto a Aton foi proibido e o nome do príncipe livrepensante foi lixado das paredes, da cidade. De Amarna não restou pedra sobre pedra e tudo voltou ao normal no bom e velho Egito - o melhor dos antigos reinos deste que é o melhor dos mundos possíveis.
Se vocês querem um mundo tranquilo, livrem-se dos livres pensadores pois, na melhor das hipóteses, esses incômodos livrepensantes vão colocar em risco a teta onde vocês estão mamando.
- Zoroastro, profeta persa do século VII a.C., também livrepensou: propôs que o homem encontrasse o seu lugar no planeta de forma harmoniosa, praticando a justiça, a retidão, a cooperação, a verdade e a bondade, além de falar a verdade e cumprir com o prometido. Condenava a gula, o orgulho, a indolência, a cobiça, a ira, a luxúria, o adultério, o aborto, a calúnia e a dissipação. Foi assassinado, aos 77 anos de idade, por um de seus discípulos, enquanto meditava no templo.
- Sócrates livrepensou e foi condenado a beber cicuta (Conium maculatum), acusado de ateísmo e de corromper os jovens gregos.
- Como só os urubus e os abutres têm juízo, voam em bando. As águias voam solitárias e acabam batendo de frente com alguém. Os quatro Santos Coroados (Quatuor Coronati) Carpófaro, Severiano, Severo e Vitorino, recusaram-se a esculpir uma estátua ao deus Esculápio, por ordem de Diocleciano I (284 a 305 d.C.), e foram condenados e açoitados com cordas providas de pontas de chumbo. Desfalecidos, e foram encerrados em barris com ferros pontiagudos e lançados num rio. Quando foram descobertos os corpos, eles traziam coroas nas cabeças cravadas a marteladas através de um longo punhal que lhes perfurava o crânio numa extensão vertical de 15 centímetros.
- Os sábios de Alexandria livrepensaram, criaram a maior biblioteca do mundo e foram massacrados pelos devotos de São Cirilo, Patriarca de Alexandria, que mandou prender a livrepensante Hipatia, mestra da escola platônica e professora de filosofia e astronomia na biblioteca. Hipatia foi capturada por bons e santos cidadãos que a arrastaram pelas ruas da cidade até uma igreja onde foi cruelmente torturada até a morte. Depois de morta, o corpo foi cuidadosa e piedosamente descarnado com cacos de telha; os restos foram lançados aos cães e os ossos queimados numa fogueira ao som de cânticos e incenso.
- Jan Huss (1369-1415) livrepensou uma reforma religiosa. Foi excomungado em 1410, condenado pelo Concílio de Constança e queimado vivo.
- Giordano Bruno (1548-1600) era frade dominicano, filósofo, teólogo professor e escritor. Resolveu livrepensar e foi condenado à fogueira. Mas antes disso, arrancaram-lhe a língua com uma tenaz, pois mesmo na prisão das masmorras, ele continuava tenazmente falando sobre suas ideias malignas: a tese de que o universo é infinito e povoado por uma infinidade de estrelas e por outros planetas.
- Mas Galileu Galilei, que também livrepensava o modelo heliocêntrico (o Sol como centro do sistema), no momento extremo, quando condenado pelo Santo Ofício, conseguiu ter comutada a pena abjurando suas ideias. Preferiu um bom prato de macarronada com queixo de Parma e o bom vinho da Toscana a passar o resto da vida na prisão ou morrendo como churrasco nas brasas da Inquisição. Galileu Galilei deslivrepensou, isto é: teve juízo e deixou tudo como estava: o Sol girando em torno da Terra e os puxa-sacos girando em torno dos poderosos.
- Thomas Morus (que se tornou santo católico) era um louco da natureza livrepensante. Quando Henrique VIII decidiu separar-se da esposa, seu pedido de divórcio não foi atendido pela Igreja. Henrique procurou uma saída: sabendo que Thomas Morus era profundo conhecedor de Teologia e Direito Canônico, nomeou-o chanceler do reino, na expectativa de que ele advogasse junto ao Papa a pretendida separação e um novo casamento. (Diga-se de passagem, e que sirva de instrução para os donos do poder: uma das formas de silenciar uma pessoa que pensa, é dar-lhe um emprego ou cargo.) Morus continuo livrepensando e bateu o pé. Renunciou ao cargo de Lord Chanceler e caiu em desgraça. Foi preso e condenado à morte por decapitação em Tower Hill. Sua cabeça ficou exposta na ponte de Londres durante um mês.
- Aprendam com Galileu, fiquem famosos mediante a subserviência e não pelo livre pensar.
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