Trem de passageiros que percorria o trecho entre a estação de Japeri, no pé da serra de Araras e de Barra do Piraí, no seu topo e parava em todas as antigas estações do trecho, e em algumas paradas.
Resquício dos antigos trens de passageiros que percorriam a linha do Centro em sua totalidade, apareceu em meados dos anos 1970, sendo suprimido devido a um acidente trágico na manhã de 18 de setembro de 1996, quando a composição, com 90 passageiros, foi pega por um cargueiro que desceu a serra desgovernado, a 700 metros da estação de Japeri. O Barrinha ainda voltou a andar em 2002, por uma vez somente, numa viagem experimental.
Os trens Barrinha, com seu nome certamente derivando do nome de Barra do Piraí (ou Barra Mansa limite da eletrificação da central), começaram a aparecer como trens que corriam somente no percurso Barra do Piraí – Japeri, na primeira metade dos anos 1970. Antes, as composições partiam de outros pontos, antes de Barra e depois de Japeri, de forma que o percurso era maior.
Existiram serviços especiais de subúrbio que se confudiam com o Barrinha, geralmente partindo de D. Pedro II, alguns chegando a ir até Santos Dummont - MG.
Nos anos 90 chegou a correr um trem chamado brizolão, por motivos políticos óbvios, que ligava Barra Mansa a Três Rios complementando o serviço do Barrinha.
O Barrinha foi extinto sob protestos em 1996, ainda com muitos usuários. As cidades e vilas que existem no seu percurso da serra dependiam demais dele, tanto para transporte de gente como de mercadorias. Um acidente nesse ano (1996) com um trem cargueiro e muitas mortes foi a desculpa ideal para a desativação do trem, aliado à prevista privatização da linha, na época .
Acompanhei diversas grades horárias e tipos de formação dos trens a descrição abaixo mostra mais ou menos como esse trem operou ao longo dos anos:
Em 1976, os guias já mostram dois horários, um saindo de madrugada de Barra e outro próximo ao meio-dia, para um trem que ia e voltava nesse percurso. O horário mostrado ao lado (do Guia Levi) mostra o trem em 1978.
Durante os anos 90, 2 pares de trem por dia, sempre o primeiro vindo de barra pela manhã e o último saindo de japerí a noite. A passagem no Barrinha custava Cr$ 590 — o mesmo preço do ônibus de Paracambi a Barra do Piraí. O trem funcionava com três carros, cada um com capacidade para 400 pessoas, mas trafegava com muito mais gente, quando utilizava os carros de aço carbono normalmente eram 2.
Horários do Barrinha em 1978 (Guia Levi, janeiro de 1978).
TUE 110 ( primeiro Alvorada) já desativado em Japeri-RJ, PROVAVELMENTE OPERAVA NO BARRINHA E NOS TRENS BRARA MANSA - D.PEDRO II
TUE de 2 carros em volta redonda 1964, provavelmente uma das extensões do Barrinha.
T.U.E. ER 312 EM MENDES 1985.
TUE 312 EM MENDES(Néri Ferreira, ou Mendes nova) - RJ
TUE 310 EM 1986 OU 1987 EM MENDES-RJ.
Barrinha em Paulo de Frontin
Em Mendes (Néri Ferreira) com um TUE tipo Alvorada
Acima e abaixo, Mendes (Néri Ferreira), no final dos anos 80,
um dos 2 TUE série 200 reformados em 1977/79.
Em Mendes (Néri Ferreira), TUE série 200 com pintura CBTU cinza com faixas verde e azul
Acima os mesmos e quase cativos TUES série 200. Depois usados como carros reboques.
Com um tue série 100, as cores fziam parte do novo modelo de organização dos trens de subúrbio.
Com um TUE de 4 carros, provavelmente um Alvorada
O Barrinha em Paulo de Frontin, acima, e em Mendes, abaixo. Ambas as fotos são em 1986
Acima, nos anos 1990, o Barrinha em Mendes (Foto: Hugo Caramuru) esse mesmo TUE da foto após uma avaria mais grave passou a ser rebocado por locos a diesel e operar quase que cativamente no Barrinha.
Todas as 14 fotos acima Fotos Hugo Caramuru.
Acima, em 1995, o Barrinha em Humberto Antunes. Abaixo, em 1994, o Barrinha passa próximo ao Tunel 12 (Fotos Eduardo Coelho).
Quando não utilizou os TUEs o barrinha foi tracionado por praticamente todas as locomotivas elétricas e diesel (das RS-1 as Sd-40-2) do parque de tração da EFCB, excetuando-se as manobreiras e as escandalosas, das quais nunca tive notícia de que tenham operado esse trem.
Eram, originalmente apenas trens elétricos. exceto nas famosas crises de tração da EFCB.
Em 1992, já havia alguns a diesel devido a falta de TUE's e ao mal estado da eletrificação na serra do mar. Os trens a diesel ou rebocavam velhos TUEs avariados, ou carros de aço carbono santa matilde pintura padrão RFFSA.
O Barrinha utilizava TUEs emprestados do STU-rj, mesmo após a criação da CBTU.
Alguns possuíam até mesmo nos indicadores de destino as estações do trecho da serra.
Chegou a utilizar TUE's da Flumitrens operacionais e recém reformados, no estado da arte, pouco antes do seu fim em 1996.
Acima, em Palmeira da Serra em 1995 (Foto José Emilio Buzelin).
Curiosidade esta pintura da CBTU era conhecida por chanceler (uma marca de cigarros da época) ou também por Batman Gay (devido a máscara preta e as várias faixas e tons de azul)
Foto próximo ao túnel 12, de Eduardo Coelho
Acima, em 1994, o Barrinha passa próximo ao Tunel 11 (Fotos Eduardo Coelho).
Foto do Barrinha em Japeri, foto da revista Veja, 1996 . vista do pontilhão sobre o rio Santanna em Japerí. Trem formado pelos tradicionais carros de aço carbono RFFSA .
O Barrinha quando rebocado por locos diesel, tinha uma carro bagageiro correio, como na foto acima, ou um vagão fechado, para transporte da economia da região da serra, principalmente produtos agrícolas ou as bicicletas dos passageiros.
O Barrinha foi extinto sob muitos protestos em 1996, ainda com muitos usuários. As cidades e vilas que existem no seu percurso da serra dependiam demais dele, tanto para transporte de gente como de mercadorias: alguns lugares desapareceram depois do fim do trem.
Mesmo as cidades maiores como Barra do Piraí e mendes sentiram o impacto da falta do trem.
Um acidente com um trem cargueiro e muitas mortes foi a desculpa ideal para a desativação do trem, aliado à prevista privatização da linha na época. O leilão da SR-3 ocorreu no dia seguinte ao acidente do Barrinha.
Acima, o trágico acidente de 1996. (Foto revista Veja, 1996). Me lembro desse dia minha avó morava a uma quadra da ferrovia o impacto foi tão grande que escutamos pelo telefone durante uma ligação que estávamos fazendo para ela.
Os carros de passageiro não são vistos na foto por já terem sido removidos, o segundo foi torcido como um pedaço de pano o primeiro foi arrancado dos truques e arremessado vários metros a frente da locomotiva que o puxava . Só houve sobreviventes no primeiro carro.
Os carros de passageiro não são vistos na foto por já terem sido removidos, o segundo foi torcido como um pedaço de pano o primeiro foi arrancado dos truques e arremessado vários metros a frente da locomotiva que o puxava . Só houve sobreviventes no primeiro carro.
Sem o trem "Atualmente, os agricultores transportam a pé, ao longoda linha férrea, parte da produção agrícola" hoje não há praticamente nenhuma produção já que não há como escoá-la. foto: Wilton de Souza
Foto do pessoal do M.D.T; R.F.F.S.A; A.F.P.F, inclusive do autor deste blog de bermuda no lado-esquerdo. Neste dia percorri a recem pavimentada estrada de Lages a Japerí de bicicleta (7Km) para tentar fotografar o trem. já que o ramal de paracambí seria iterrompido para manutenção.
Acima o trem de teste aguardando para iniciar a viagem na estação de japerí, rebocado por uma SD-38M, ao lado um TUE do ramal de Paracambí
As 6 fotos acima são de autoria de Edson Vander .
Estava previsto para meados de 2007 o retorno às operações do Trem Barrinha, que será operado pela Central, empresa do Governo do Estado do Rio de Janeiro e contará com nove estações e duas paradas.
O serviço seria feito no conceito de trens regionais, com 4 viagens diárias em 1 ex-TUE de 3 carros da Série 400 puxados por uma locomotiva diesel-elétrica, já que a eletrificação foi arrancada pela concessionária MRS Logística por volta de 1998.
O trem e uma locomotiva devolvidos, pela supervia (loco-7115) chegou a ser reformado e logo em seguida abandonado em Barão de Mauá por cerca de 3 anos.
Acima e abaixo o interior do trem, e o novo intinerário de paradas. nota-se que não foram inclusos scheid e Mário Belo, comunidades que desapareceram depois do fim do trem em 1996.
Acima e abaixo, o Barrinha abandonado junto a materiais da EFCB,
que aguardam restauração e um museu para abrigá-los.
Como uma criança entre cadáveres.
Acima detalhe da caixa de baterias re-instalada na ALCO RS-3 7115, para que a mesma pudesse alimentar o tem de passageiros. também foi instalado um motor diesel de pickup com gerador no interior do nariz curto da loco.
Todas as 9 fotos acima de autoria de Victor de A. e Silva
Em outrubro de 2009, o secretário de transportes, Júlio Lopes, descartou totalmente a possibilidade de retorno do ramal. FILHO DA PUTA NEOLIBERAL!
A locomotiva revisada com dinheiro público foi entregue a supervia, os carros de passageiros continuam abandonados em Barão de Mauá.
Na época foi prometido que esses carros seriam aproveitados no ramal de guapimirim da Central logística, pois bem não foram e continuam parados no mesmo lugar, apodrecendo lentamente.
Este artigo é apenas um resumo ligeiro sobre a longa história deste importante trem regional do estado do Rio de Janeiro, qualquer informação a mais é muito bem vinda. Pode-se ler mais sobre o fim do barrinha em:
http://blogdogiesbrecht.blogspot.com/2009/10/o-ultimo-fim-do-barrinha.html
http://www.brazilia.jor.br/node/1262
http://parahdiario.blogspot.com/2009/12/agora-e-oficial-barrinha-nao-volta.html
Agradecimentos a aqueles que reuniram boa parte do material utilizado para esta publicação e disponibilizaram na internet.
Flavio R. Cavalcanti - http://vfco.brazilia.jor.br/
Ralph Giesbrecht - http://www.estacoesferroviarias.com.br/trens_rj/barrinha.htm
Antonio Augusto Gorni - http://www.pell.portland.or.us/~efbrazil/electro/efcb.html.
José H. Buzzelin - http://almanaquedarffsa.blogspot.com/
Eduardo Coelho - http://www.trem.org.br/Hugo Caramuru
Edson Vander
Na verdade este carro que seria do Barrinha está lá jogado na Leopoldina até hoje e nem mudança de truques para bitóla métrica foi feita. Escrevam o que eu estou escrevendo hoje: o destino deasta composição reformada sabe qual será: sucata e maçarico e nada mais disso! Escrevam o que eu escrevi e vocês me darão razão infelizmente. Isso me revolta muito!
ResponderExcluirSim, o Barrinha está lá mesmo, na extinta Leopoldina, apodrecendo. É um descaso sem tamanho. E uma curiosidade, o Barrinha da CBTU, o Batman Gay, também era conhecido como Trovão Azul.
ResponderExcluirAGORA PERGUNTO, NUNGUÉM DENUNCIA ESSE ABSURDO ??????? VAMOS PROCURAR A RECORD O SBT....
ResponderExcluiratualmente quando passo pelo viaduto acima da estação desativada ,não encontro mais essa composição estacionada
ResponderExcluirTambém não encontro mais, será que já virou sucata?
ExcluirMe lembro bem do Barrinha, o pai da minha comadre e prima, que era o chefe do trem(Barrinha), faleceu naquele acidente trágico.
ResponderExcluirParabéns pelo blog e a iniciativa de manter viva uma parte da história de nossas composições de trens no Brasil.