domingo, 5 de setembro de 2010

O futuro da ferrovia de Angra?





O porto de Angra embora limitado seja estratégico, me assusta o acesso ferroviário estar tão largado.

Pelo que entendi o porto de Angra está sendo reformado para operar como base de apoio a construção das novas plataformas da PETROBRAS para a exploração do pré-sal.

 Planta do porto, já levando em consideração o projeto da planta de fluídos para as plataformas de petróledo da Bacia de Santos




Mesmo enquanto não começa a construção dessas plataformas, sem a ferrovia é problemático trazer as grandes quantidades de aço para o porto de Angra, de onde se alimentam os vários estaleiros da região principalmente o Verolme.
Os dois silos de concreto serviam para o recebimento de trigo importado da Argentina, talvez possam servir para a exportação dos grãos que a FCA vai buscar em Pirapora-MG. Tempos atrás, antes da reabertura da linha de Pirapora, a FCA já estava pressionando a MRS para a instalação de um terceiro trilho na serra do mar e permitir a exportação de soja via estado do Rio de janeiro, evitando os congestionados portos de Santos e a EFVM. O projeto do terceiro trilho não foi à frente e chegou-se a cogitar transbordo da soja para caminhões em Barra Mansa...

Esquema de linha da FCA, mostrando a conexão entre barra mansa e Angra dos Reis, curiosamente não é mostrada a conexão entre as linha da FCA e MRS em Volta Redonda, no início do concessionamento a FCA era a controladora do porto de Angra mostrando que havia algum interesse de investir no mesmo.

Com um calado maior e talvez a construção de um novo píer Angra se tornasse atrativo.
O trigo era recebido em Angra ensacado, o porto hoje está sendo dragado, ou seja, o calado pode se tornar profundo o suficiente para receber graneleiros, hoje já se poderia embarcar soja ensacada com o calado existente.

Como registrado pelo pela página VFCO, o movimento de siderúrgicos ali era forte, creio que deva ter caído devido à concorrência com a linha da EFCB, por exemplo, o carvão da CSN deixou de ser embarcado ali e foi para o porto do rio e depois para Sepetiba.

No entanto hoje as linhas da MRS estão cheias com o minério, com um calado maior o porto de angra pode se tornar uma saída mais curta para a CSN e as indústrias de V. Redonda e região (siderúrgicos, cimento, carvão e talvez algumas cargas captadas em Minas Gerais)  ao invés de se utilizar o porto do rio e Sepetiba este último saturado de minério.

Aspecto da linha entre Angra dos Reis e Lídice, trecho de pior traçado com fortes rampas e raios de curva diminutos.

O perfil da linha apontado por muitos como a razão de estagnação da linha juntamente com a falta de espaço físico para a ampliação do porto creio que seja um problema fácil de contornar.
Entre Lídice e Barra mansa o perfil da linha é parecido com o do resto da linha troco da RMV permitindo a formação de trens relativamente pesados, o trecho entre Angra e Lídice é relativamente curto e com locos de pequeno porte destacadas para este trecho os trens pesados poderiam ser fracionados em Lídice e utilizando-se vários trens menores correndo continuamente neste trecho.

 Trem de Calcário da CSN, com tração trilpa de EMQ-MX620, é um trem típico da linha entre Arcos-MG e Volta Redonda-RJ, trens como esse poderiam trafegar sem problemas até Lídice e lá serem fracionados.

Composição de Calcário, sendo manobrada no terminal de carregamento da CSN na cidade de Arcos-MG, note o comprimento do trem.


 
 Locomotivas modelos G8 (850hp), à esquerda, e G12(1150hp) à direita, estão saindo de serviço em outros pontos da malha da FCA, substituídas por locomotiva maiores com maior capacidade de tração. Poderiam ser remanejadas para Angra ao invés de serem destivadas formando trens curtos em torno de 15 vagões no trecho Angra-Lídice.
 
O porto pode ser ampliado através de um pier novo conforme já dito.O real entrave na minha opinião é a ferrovia ser a FCA, controlada pela vale do Rio Doce, principal rival da CSN, que é o maior cliente potencial da ferrovia. 
Espero que o projeto da PETROBRAS para Angra (pré-sal) tenha força suficiente para suplantar as consequências dessa disputa.
 
 Pátio da estação de Angra dos Reis no início dos anos 90, os sempre presentes vagões prancha com produtos siderúrgicos. Curiosamente os embarques se tornaram mais complicados a medida que no processo de privatização a CSN e a vale se tornaram oponentes.

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