Prof. Marcos Coimbra
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.
Atravessamos
uma das mais graves crises da história pátria, em função principalmente
do grau de dependência externa, motivado pela adoção de uma política
entreguista, onde autoridades públicas exercem as funções de
representantes do capital transnacional, em continuação às
administrações anteriores.
Na expressão política, com raras exceções, não encontramos partidos
possuidores de ideário, tábua de valores, doutrina, princípios
programáticos bem definidos. Na realidade, o verdadeiro objetivo é
assumir o poder, não como um meio para alcançar os Objetivos Nacionais
Brasileiros, mas sim como um fim para auferir benesses e vantagens. A
corrupção e o nepotismo alcançam níveis nunca imaginados. A Nação foi
dividida em "capitanias hereditárias", onde cada região ou estado é
dominado por um "cacique" ou por uma plutocracia, combinando não só o
poder político, como o econômico e o controle dos meios de comunicação
de massa.
O
Executivo legisla por intermédio de medidas provisórias, usurpando a
função do Legislativo e procurando controlar o Judiciário, configurando
uma verdadeira ditadura constitucional monolítica. E o sistema já está
preparando a figura do sucessor, através da apresentação de candidatos
que, apesar de aparentemente independentes e de oposição, servem aos
mesmos interesses, os da Tri-Lateral e de seu representante nas
Américas, o Diálogo Interamericano.
Na expressão econômica, as previsões mais otimistas apontam para um
crescimento de cerca de 2,5 % do PIB. Isto representa, de fato, um
significado pífio, considerando-se o crescimento dos outros componentes
dos BRICs. As administrações atuais persistem na tresloucada idéia de
privatização, mesmo que disfarçada, em atendimento aos interesses
externos. Nossa infra-estrutura econômico-social continua sendo
destruída. As comunicações já foram entregues. Os preços sobem e os
serviços pioram. O transporte, em grande parte sob o regime de concessão
ou permissão, é um setor onde os empresários privados atuam em cartéis,
dominando o mercado, livres de uma efetiva fiscalização. As principais
rodovias e estradas vão sendo privatizadas em “leilões” e seus felizes
concessionários cobram pedágios extorsivos, como o caso da Via Lagos.
Até os aeroportos estão sendo privatizados. O problema é que, mantido o
mesmo padrão dos outros setores, vão ocorrer falhas graves. A diferença é
que, ao invés do estrago de um eletrodoméstico, vão cair aviões, com
centenas de vidas em jogo.
Agora,
querem cometer a insanidade de privatizar a CEDAE no Rio. E os
estrangeiros que, é lógico, serão os compradores, não estão interessados
em investir. Querem comprar, com recursos do BNDES, o que está pronto e
lucrar, demitindo funcionários, aumentando preços e deteriorando
serviços. As conseqüências são previsíveis. O inferno que está ocorrendo
nos outros setores privatizados. Os combustíveis acabam de subir e vão
aumentar de novo no ano vindouro, após as eleições. A taxa de juros
arbitrada pelo BACEN sobe para imorais 10 %, voltando a ser a maior taxa
real do mundo. Os juros cobrados pelo sistema financeiro aumentam a
cada dia. Os preços são progressivamente elevados. Os índices oficiais
de inflação não refletem a realidade. É o preço da desnacionalização de
nossa economia.
Na
expressão psicossocial o desemprego atinge 9,8% em outubro, segundo o
DIEESE, indicador mais expressivo do que o do IBGE. Caso computemos os
parcialmente ocupados, a taxa sobe expressivamente A saúde pública é
sucateada ao paroxismo. Não há dúvida de que é a preparação para a
privatização. Atualmente, quem não tem um plano particular de saúde está
condenado à indigência. E quem tem, apenas passou a ter aquilo que
todos nós possuíamos anteriormente. Assistência de razoável categoria. A
educação pública também está sendo sufocada, com verbas mal aplicadas,
para permitir a expansão do ensino privado. A insegurança cresce
avassaladoramente.
Na expressão militar, o sucateamento imposto às Forças Armadas, os
baixos salários e a crescente perda de sua capacidade operacional, em
conjunto com a omissão do ministério da Defesa, impossibilita-as, na
prática, de cumprir suas missões constitucionais, como a manutenção da
Integridade do Patrimônio Nacional. A Amazônia corre sério risco de
internacionalização e nossas Forças Armadas não têm condições de, numa
guerra convencional, mantê-las, segundo declarações de ex-comandantes.
Esta é a análise possível de ser feita, com um mínimo de critério,
isenção e imparcialidade. Contudo, nem tudo está perdido. O bravo povo
brasileiro cansou de dar provas concretas, no passado, da sua capacidade
de superar condições adversas, ultrapassá-las e retomar o caminho
inexorável do desenvolvimento e da segurança, a fim de ser a potência do
terceiro milênio.
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Sítio: www.brasilsoberano.com.br (Artigo de 10.12.13-MM).
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