Prof. Marcos Coimbra
Membro
do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
Na
interminável lista de agressões ao cidadão brasileiro, em especial do
Rio de Janeiro, não há como ignorar o anúncio feito pela Agência
Nacional de Energia (Aneel) de que a energia elétrica passará a ser
cinco vezes mais cara no horário de pico (18h00minh às 21:00h). A nova
regra passará a vigorar a partir de janeiro de 2014 para os consumidores
que quiserem e que tiverem medidor eletrônico de energia. Em 2013,
serão feitas simulações, e os resultados, divulgados. Haverá três
momentos tarifários: ponta (pico), fora de ponta e intermediário. O
horário intermediário terá tarifa três vezes maior que o momento fora de
pico.
O
horário de pico terá três horas de duração. O intermediário terá duas,
uma antes e outra depois do horário de pico. Cada distribuidora vai
determinar seu horário de pico, mas a decisão terá de passar por
consulta pública e passar pelo crivo da Aneel. O objetivo anunciado da
mudança é alterar os hábitos de consumo e desafogar as linhas de
transmissão nos horários em que há mais demanda por energia. O mesmo
raciocínio é a justificativa para o horário de verão, que visa deslocar o
consumo para mais tarde da noite.
Convenhamos
que o desrespeito ao cidadão chegou ao ápice. As tarifas de energia
cobradas pela Light acabam de ser aumentadas, na média, para os
consumidores de baixa tensão, grupo que inclui residências e comércio,
em 6,2%, apenas por causa de furtos de energia (“gatos”) enquanto os
reajustes de pensões e de aposentadorias, ficaram aquém até deste
índice. E no ano vindouro serão bem maiores, devido ao uso das
termelétricas. Justamente no horário em que a população necessita é que
as tarifas serão quintuplicadas. E com a escorchante carga tributária
onerando ainda mais os pobres dos consumidores, imaginem os leitores
qual será o valor de uma conta.
Se
a moda pega (e tudo indica que sim), os demais concessionários de
serviços públicos, em especial os privatizados vão começar a identificar
artifícios semelhantes. Isto provocará uma diminuição da renda pessoal
disponível real (RPD) do cidadão, levando-o a consumir menos em
alimentação, saúde, educação etc. O mais espantoso é a falta de reação
do povo brasileiro e de seus representantes a imposições deste tipo.
Onde estão aqueles que deveriam proteger os interesses dos cidadãos?
Existem vereadores, deputados, senadores e outros atentos a estas
barbaridades? E o Ministério Público.?Será que existe ainda alguém para
lutar pelos legítimos direitos do cidadão ou estão todos muito ocupados
com outros assuntos?
Este
descalabro repete-se em praticamente todos os setores, principalmente
nas áreas de educação, saúde, segurança, transportes etc.
A
educação fundamental e média continua a apresentar resultados pífios. O
professor finge que ensina, não por culpa dele, e o aluno finge que
aprende. Os alunos passam três anos na escola e, lamentavelmente, ainda
permanecem analfabetos funcionais. A saúde pública é implacavelmente
sucateada. Os profissionais são desvalorizados, perseguidos, obrigados a
entrar em fundações, abandonando a condição de estatutários e o setor é
privatizado progressivamente.
Na
segurança persiste o triunfo do “marketing” sobre a realidade. A
implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) resolve um
problema e gera outros. O tráfico continua na área, mais discreto e há o
deslocamento de marginais da “área pacificada” para outras regiões,
levando a insegurança e o terror.
A
mobilidade urbana é cada vez mais caótica. O Rio de Janeiro passa a ser
o detentor do título de terceira cidade mais engarrafada do mundo. O
ensandecido prefeito do Rio de Janeiro começa a derrubar o viaduto da
Perimetral sem medir as conseqüências, interessado apenas nos
“benefícios” que ele irá auferir. Aponta como solução a utilização dos
transportes públicos e o uso do transporte solidário. Ocorre que o
serviço prestado pelos concessionários na área de transportes, como em
praticamente todos os outros, é péssimo de um modo geral. Nada funciona a
contento. Nem barcas, nem metrô, nem ônibus, nem trens. O transporte
solidário deve ser fruto de um trabalho de conscientização por vários
anos até ser empregado de forma significativa.
É uma pena verificar o abandono do pobre cidadão, possuidor apenas de deveres e não de direitos. Até quando?
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