Estatal pagou 13,5 milhões de reais à diretoria no ano passado; desde 2006, remuneração (fixa e variável) subiu 120%
Graça Foster, presidente da Petrobras: salários de 2013 foram os maiores já pagos pela estatal (Wilton Junior/AE) |
Entre 2006 e 2013, houve apenas um ano em que a empresa reduziu a remuneração total de sua diretoria — em 2009, durante o período agudo da crise financeira iniciada com a quebra do banco Lehman Brothers, nos Estados Unidos, em 2008. Naqueles tempos, os sete diretores receberam ‘apenas’ 6,61 milhões de reais — ante os 8,5 milhões pagos no ano anterior. Em 2006, ano da assinatura do inacreditável contrato de compra da refinaria de Pasadena, no Texas, a diretoria (composta por José Sérgio Gabrielli e os enrolados Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró) recebeu 6,2 milhões de reais. Naquele mesmo ano, ainda segundo a CVM, a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra fazia parte do comitê fiscal da estatal, incumbido de avaliar, entre outras coisas, a saúde financeira e os deveres tributários da empresa.
Desde a compra de Pasadena até o ano passado, os salários oscilaram 120%, num movimento descolado da variação da inflação no período — de 50,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2011, ano em que a estatal teve de desembolsar 820 milhões de dólares para concluir o acordo com a belga Astra Oil e encerrar o litígio sobre a compra da refinaria no Texas (que resultou num rombo de 1,18 bilhão de dólares), os diretores tinham inúmeras razões para sorrir. Ganharam 12,222 milhões de reais, o equivalente a 1,74 milhão por executivo — uma alta de 50% em relação ao ano anterior.
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Os salários apresentados pela companhia à CVM não estão fora dos padrões de mercado para empresas de capital aberto. A Ambev, maior empresa da Bolsa de Valores e amplamente renomada por sua política de meritocracia, pagou o dobro que a Petrobras à sua diretoria no ano passado (incluindo remuneração fixa e variável). A diferença entre ambas é que, no caso da Petrobras, a evolução salarial dos diretores que, em muitos casos, atuaram como artífices de negócios malsucedidos, nem sempre é resultado do mérito.
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