Além de forças de segurança brasileira, Copa terá um Centro de Cooperação Policial Internacional chefiado pela PF
- A
participação de policiais estrangeiros na segurança da Copa do Mundo
não se limitará aos 31 países que enviarão seleções para o torneio.
Também atuarão no evento policiais convidados de 15 países que não se
classificaram para o Mundial, entre os quais Cuba, Moçambique, Nova
Zelândia e Venezuela.
A vinda dos policiais estrangeiros, que será paga pelo Brasil, foi autorizada por uma portaria do Ministério da Justiça que definiu a estratégia federal de segurança para a Copa. A portaria determina a criação em Brasília de um Centro de Cooperação Policial Internacional, chefiado pela Polícia Federal e encarregado de coordenar as ações dos policiais estrangeiros no país durante o Mundial.
Segundo a portaria, aprovada no fim de março, o centro será composto por policiais "dos países participantes da Copa do Mundo 2014 e de países considerados estratégicos para a segurança do evento".
Os países considerados estratégicos para a segurança da Copa foram África do Sul, Angola, Bolívia, Canadá, China, Cingapura, Cuba, Israel, Moçambique, Nova Zelândia, Paraguai, Peru, Catar, Tanzânia e Venezuela.
Segundo o Itamaraty, cada um desses países poderá enviar três policiais ao Brasil, somando 45 no total.
Responsável pelos convites às polícias estrangeiras, a Polícia Federal não respondeu à BBC Brasil quais foram os critérios para a escolha desses países. O órgão tampouco respondeu quanto o Brasil gastará com as passagens e hospedagem dos estrangeiros.
Segundo o Itamaraty, os 45 agentes trabalharão exclusivamente no Centro de Cooperação Policial Internacional, em Brasília.
Uma das delegações estrangeiras anunciou, porém, que os policiais também atuarão fora do centro. Citando declarações da polícia de Moçambique, o jornal Folha de Maputo, da capital moçambicana afirmou que a "os agentes nacionais se ocuparão de proteger as seleções no hotel, durante os treinos e no percurso para os estádios de jogos".
"Um dos estádios de destaque onde a participação policial moçambicana se fará sentir durante a competição será no Estádio do Maracanã", afirma o veículo.
Países cobiçados
A lista de convidados é composta em sua maioria por países cobiçados pela diplomacia brasileira.
Angola e Moçambique concentram os investimentos e projetos de cooperação brasileiros na África.
Cuba, que neste ano inaugurou um porto financiado pelo Brasil, é parceiro do país no programa Mais Médicos, uma das vitrines eleitorais da presidente Dilma Rousseff.
África do Sul e China são parceiras do Brasil no fórum Brics (o quarto membro, a Índia, não enviará policiais). Bolívia, Paraguai, Peru e Venezuela são vizinhos com os quais o Brasil divide fronteiras extensas.
Também convidado, o Catar receberá a Copa em 2022. A Rússia, que sediará o evento em 2018, também enviará policiais ao Brasil, por ter se classificado para a competição.
Torcedores encrenqueiros
Como a Rússia, os demais 30 países que mandarão seleções para a Copa poderão enviar até sete policiais para o Brasil - três deles integrarão o centro internacional em Brasília e quatro, equipes que atuarão nas cidades onde suas seleções jogarão, com acesso aos estádios.
Policiais estrangeiros também participaram das últimas Copas.
Segundo o secretário Extraordinário de Segurança para Grandes Eventos, Andrei Augusto Passos Rodrigues, policiais das equipes móveis acompanharão torcedores de seus países nos estádios e locais de concentração de turistas.
Desarmados e supervisionados pela PF, os agentes estrangeiros poderão servir de intérpretes ou identificar cartazes com mensagens ofensivas, segundo Rodrigues. Eles vestirão os uniformes que normalmente usam em seus países.
"Esses policiais têm um efeito inibidor: ao vê-los, os torcedores estrangeiros sentem que, se fizerem bobagem aqui, poderão sofrer consequências no seu próprio país", diz o secretário.
Segundo Rodrigues, os policiais de países participantes da Copa que ficarem no centro em Brasília colherão informações sobre torcedores potencialmente perigosos ou que se envolvam em confusões. Os agentes, diz ele, também poderão ajudar a levantar antecedentes criminais ou checar a autenticidade de documentos dos torcedores.
O secretário não soube dizer como atuarão os policiais dos 15 países não classificados para o torneio. Segundo Rodrigues, cabe à Polícia Federal, que os convidou, detalhar como será a participação dos agentes.
Procurada com insistência desde a última sexta-feira, a PF ignorou os questionamentos sobre o tema.
BBC - Brasil
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