Prof. Marcos Coimbra
Membro
do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
O engarrafamento sofrido pelo Papa Francisco na Avenida Presidente
Vargas, no Rio de Janeiro, é emblemático. O erro foi indesculpável,
demonstrando uma falha na segurança, envolvendo cerca de 30.000 agentes,
no global, após meses de planejamento e treinamento dos responsáveis.
Até o momento em que escrevemos este artigo, não foi divulgada a
informação de quem teria sido o (ir)responsável pela lambança.
Assistimos a um jogo de empurra de responsabilidades, desde a prefeitura
aos agentes federais. Talvez nunca saibamos quem errou, mas a
argumentação de que nada aconteceu de grave não é aceitável. A brecha
foi aberta para uma tragédia acontecer, não efetivada por graça divina e
a falha foi explorada à exaustão por especialistas e pela mídia.
A leitura diária dos periódicos mostra, a todo instante, os
“engarrafamentos” ocasionados pela incompetência demonstrada pelos
atuais detentores do poder político no Brasil, os quais possuem um
projeto de manutenção no poder de verdadeiras “quadrilhas organizadas”,
ao invés de apresentar à sociedade brasileira um projeto nacional de
desenvolvimento. As manifestações populares autênticas ocorridas no país
mostram de modo contundente a insatisfação do cidadão diante do
descalabro, da anarquia, da incapacidade de governança e de gestão, da
exploração desenfreada praticada pela classe política, de um modo geral,
por corruptos e corruptores de toda ordem, que já se acostumaram à
exploração desenfreada do povo brasileiro.
O governo afirma não haver recursos para atender às necessidades
coletivas da população, mas eles existem para projetos faraônicos,
perdão para dívidas milionárias de outros países, licitações
fraudulentas de grande magnitude, manutenção da enorme máquina de
corrupção, eivada de fisiologismo e nepotismo, capaz de exaurir o fruto
do trabalho empreendido pelos agentes produtivos do sistema econômico.
Normalmente, apenas são eleitos os políticos comprometidos com este
perverso processo, pois recebem doações milionárias de grandes empresas,
na realidade um investimento com o objetivo de obtenção de um retorno
muitas vezes maior, por intermédio de contratos obscuros.
Existe a prevalência do interesse individual sobre o interesse
coletivo, ao contrário do ocorrido em países mais desenvolvidos e
justos. Exemplos gritantes podem ser citados, como a não correção pelo
governo federal das aposentadorias dos beneficiários do INSS,
recebedores de estipêndios superiores a um salário mínimo, enquanto
perdoa dívidas de centenas de milhões de dólares de países, onde a
miséria campeia, mas seus dirigentes são bilionários, para facilitar os
negócios de grandes empreiteiras. E a eleição de “vencedores” em setores
empresariais pelo BNDES (ao custo de bilhões), além da “maquiagem” das
Contas Nacionais?
Os
gastos em publicidade são monumentais, flagrando-se a veiculação, várias
vezes por dia, nas emissoras de televisão, em especial, de artistas
populares, em geral os mesmos, simpáticos a partidos políticos da base
governamental, que recebem elevadas quantias para realizar a propaganda
ostensiva da administração da candidata à reeleição.
A existência de 39 ministérios com mais de 22.000 cargos de confiança
preenchidos por “companheirismo” e não por mérito, a fim de possibilitar
o denominado “presidencialismo de coalizão”, caracteriza o desperdício
injustificado dos recursos auferidos através da arrecadação de cerca de
40% do PIB sem haver a contrapartida da prestação de serviços dignos de
Saúde, Educação, Segurança, Saneamento, Transportes etc.
A insistência na construção prioritária do “trem-bala”, da ordem de no
mínimo 60 bilhões de reais, é suspeita, considerando-se a inexistência
de malha ferroviária adequada às carências do país, em especial
considerando-se a triste situação do Rio de Janeiro, onde nosso “metrô”
possui apenas uma linha com uma extensão para atender milhões de
usuários, privilegiando o transporte por ônibus, na contramão de grandes
cidades como Nova Iorque, Paris e Londres com inúmeras linhas.
E, por último, é preciso destacar a demonstração de competência do novo
Papa argentino Francisco, o qual, mercê de seu carisma, simplicidade e
simpatia, é um exemplo de figura pública a ser seguido por políticos
brasileiros, tão arrogantes, presunçosos e incapazes. Seu pronunciamento
contra a legalização das drogas foi contundente e oportuno.
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