Na
semana passada, o ministro Walton Alencar Rodrigues, goiano de 51 anos,
conduziu um voto que produziu uma decisão inédita no Tribunal de Contas
da União (TCU): obrigar servidores com megacontracheques ou
beneficiados por outras irregularidades a devolverem aos cofres públicos
milhões emsupersalários recebidos
nos últimos cinco anos. Valor da continha: R$ 788 milhões, se
considerados apenas o valor apurado há quatro anos com os servidores
existentes àquela época. Por lei, nenhum funcionário público pode ganhar
mais que ministro do Supremo Tribunal Federal, ou seja, atualmente, R$
28 mil mensais.
Em
seu voto, Walton afirmou que os funcionários do Senado – alguns com
salários de R$ 55 mil brutos mensais, chegando a R$ 106 mil em alguns
meses, conforme revelou a Revista Congresso em Foco –
praticaram enriquecimento ilícito. Segundo ele, foram “ações
evidentemente patrimonialistas” em favor de uma “irregular absorção dos
recursos da União por servidores públicos, em situação de evidente
enriquecimento ilícito”. Esse foi um dos argumentos do ministro para
defender a devolução dos valores, que chegam a R$ 300 milhões só em
supersalários, além de outras oito irregularidades em folha de
pagamentos detectadas pela auditoria da Secretaria de Fiscalização de
Pessoal (Sefip) do TCU.
“A
obrigatoriedade da devolução das parcelas indevidamente recebidas pelos
servidores do Senado independe da boa ou má-fé, com que eles receberam
os recursos, porquanto houve na prática enriquecimento ilícito”, disse
Walton Alencar. O ministro exigia a devolução de valores nos últimos dez
anos, entre 2004 e 2013. Foi convencido pelo colega Benjamin Zymler a
manter a proposta dos auditores, de 2009 a 2013, os últimos cinco anos.
Veja a íntegra do acórdão do TCU
LISTA: os nomes e salários dos 464 supersalários do Senado
Em
seu voto, Walton afirma que as normas internas da Câmara e do Senado
que permitiram os supersalários só lá existem. Ao contrário do resto dos
órgãos públicos, as duas Casas pagam o valor dos cargos comissionados à
parte, sem considerá-lo na hora de cortar o que estoura os R$ 28 mil
mensais. “O Senado e a Câmara toleram a coexistência de normas em
absoluto descompasso com a Constituição, engendrando altíssima, abusiva e
ilegal remuneração a seus servidores, incompatível com um regime de
legalidade pretendido no Estado Democrático de Direito”, disse o
ministro na ocasião.
O
ministro ainda destacou a quantidade de funcionários beneficiados com
as ilegalidades. Eram 464 no Senado ainda em 2009, antes do aumento
promovido no ano seguinte. Na Câmara, 1.112 servidores. Mas a quantidade
hoje é muito maior: são 2.200 na Câmara e 714 no Senado, segundo
auditoria concluída este ano pelo Tribunal de Contas da União. Esses
pagamentos foram feitos “de forma totalmente contrária à Constituição e à
legislação em vigor.”
Servidor do Senado terá de devolver R$ 130 mil
TCU manda servidores do Senado devolverem supersalários
Mais sobre supersalários
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/tcu-supersalario-gera-enriquecimento-ilicito/
Nenhum comentário:
Postar um comentário