quinta-feira, 3 de julho de 2014

Há mais do que preto e branco

Você tem razão,  A tal marcha é uma farsa. 
Só que não foi organizada pelos que você estigmatiza, mas por grupos muito bem treinados para desinformação e manipulação da opinião, normalmente nos extremos dos dois lados, cujos interesses pelo caos se somam até o momento de dividir o poder.  Aí é um para cada lado.
Quanto à “direita” não ganhar eleições pelo voto, isto é discutível e você sabe bem – o voto é universal.  O de qualquer um, iletrado ou não, consciente ou não, vale o mesmo.  Este é o princípio democrático atual.  Eu disse atual e friso.  Não dá para negar que a massa, ao mesmo tempo inculta e desassistida – culpa na maior parte, é claro, dos que estiveram no poder – é extremamente vulnerável ao apelo demagógico e sensível à ideia primária de um salvador da pátria e de um todo poderoso cacique. 
Ninguém nasce livre. 
Isto é uma das maiores mentiras já ditas até hoje.  Liberdade você conquista pelo trabalho, pela perseverança e, principalmente, pela educação.  Eu disse educação como um todo, não apenas o ir à escola.  Só que aí temos um paradoxo: a massa ilustrada passa a pensar – e isto é um perigo enorme para quem está no poder, principalmente se levado a ele pela exploração da promessa fácil e inconsequente da redenção imediata.  Pior ainda, se levado ao poder por mecanismos fraudulentos que são percebidos mesmo intuitivamente, porque isto traz a descrença no sistema – mais ou menos como hoje, em que descremos de quase tudo. 
O pensamento humanístico, primordial como eu e você defendemos, submerge diante das necessidades primárias não atendidas, exacerbadas pela imbecilidade da promessa fácil de felicidade da máquina de fazer doido chamada TV. 
Se felicidade é ter um tênis da marca X, então eu quero um.  Se um político promete que vai me dar condições de ter um tênis marca X, é nele que vou votar.  Ou no calhorda que me oferece uma lixa de unha ou uma camiseta, porque “ele me deu alguma coisa, então nele eu acredito”.... 
Por outro lado, sustentando tudo, uma classe média, vilipendiada pelos doutrinadores bem treinados, encurralada pelos impostos excessivos – instrumentos da violência institucional do estado – e ameaçada pela violência da marginalidade, acaba com a mesma descrença no sistema.  Quer dizer, se lhe atribuem as causas tanto da marginalidade (o famigerado “problema social”) e se lhe punem com impostos, restrições de toda ordem e insegurança geral quanto a tudo, desde pessoal até tudo quanto construiu.
Muito interessante sua cantilena.  Inteligente, até.  Mas a realidade é outra.  Quando a teoria não se encaixa na prática, é simplesmente descartada.
Toda a esquerda se justifica do fracasso geral dos sistemas que implantou em toda parte dizendo que não era o verdadeiro comunismo ou o socialismo.  Lindo.  Só que isto não traz de volta os milhões sacrificados em nome das utopias.  O mais engraçado é que a direita diz o mesmo.  É o problema dos extremos.  Na verdade, em doutrina, atitudes, ações e resultado, quais as diferenças entre Hitler, Mussolini e Stálin, a não ser um monde de conversa fiada?  Nada digno de nota.
Posso ser contrário a movimentos de força, mas não sou hipócrita.  O que houve em 1963 foi o choque de dois movimentos de força, sim.  Você é inteligente o suficiente para saber disso, mesmo que não admita.  Os militares não teriam desmontado a igrejinha do golpe de esquerda (não seria o primeiro...) se não tivesse o apoio da maioria da população.  Mesmo quando as células terroristas subvencionadas (o que você também sabe) apareceram na mídia com sequestros, atentados e assassinatos, não foram além da simpatia romântica dos acadêmicos em suas torres de marfim e dos jornalistas, estes, sim, chocados com os eventuais excessos da repressão.  Falei eventuais e repito: eventuais.  Você pode ter sido vítima pessoal da repressão, mas, na prática, se tirar os exageros e hipérboles da divulgação, no cômputo geral foi muito, infinitamente menor do que qualquer tomada poder pelos extremistas de esquerda e de direita em qualquer parte do mundo.  O apoio dado à esquerda foi tão ínfimo que sucumbiu à Copa de 1970... “Brasil, ame-o ou deixe-o”, lembra?  “Setenta milhões em ação”...
Gozado é que, naquela época, aconteceu naturalmente. 
Hoje, porém, estão apostando tudo na vitória para ver se o fenômeno se repete...
Então, com os pés no chão, o papo utópico, polarizado como nos tempos da guerra fria, fica muito pouco sustentável.  Enquanto houver pão e circo, é possível que a massa aplauda.  Isto é imemorial.  Mas, no meio da massa, estão aqueles que sempre pagam a conta.  E não são os “filhinhos de papai refestelados em seus carros importados”.  Não.  São gente como nós, que trabalha e geme para sustentar a corte de uma nova monarquia hipócrita, que confunde propositalmente a verdade e os valores; a corte de uma nova monarquia hipócrita que corrói as instituições, elas mesmas já eivadas de defeitos, até que nada mais representem, que destrói reputações e, irresponsavelmente, pouco se importando com a consequência para as futuras gerações, prepara o féretro do Brasil como nação.
O grande problema, mano, é que não há nada grátis no mundo.  Papo furado não substitui trabalho sério. 
Essa conta imensa que estão gerando nós é que teremos que pagar.  O pão e circo, cedo ou tarde, vai acabar.  O ronco da fome e das frustrações vai fazer mais barulho do que os aplausos.  E você vem falar de “marcha dos radicais histéricos, dos apopléticos e dos bate-paus de direita, todos aqueles que se sentem bem com as injustiças sociais perpetradas durante séculos por uma das “elites” mais perversas da humanidade e responsável por quase quatro séculos de escravidão”, como se fosse possível julgar o passado pelos critérios de hoje ou se você não fosse parte da mesma sociedade, em que, aliás, todas as camadas têm seus interesses e suas aspirações.  Não existe esse maniqueísmo engessado – o lado bom e o lado mau – com que você simplifica o discurso monolítico.
Todos queremos mais justiça.  Você não é o único. 
Não me mande a conta dos erros do passado.  Se queremos uma sociedade pluralista, mais equânime, ou ela virá como consequência do trabalho, da educação séria e do comprometimento ou simplesmente não virá.  Não virá jamais da demagogia barata ou das utopias desmioladas, sem pé na realidade.  Ou, pior ainda, da subversão ou da porrada. 
Todas as tentativas de impor mudanças sem medir consequências deram no mesmo beco sem saída. 
Inclusive 1963...
 
 

 
 
A Marcha da Família com Deus e pela Liberdade é uma farsa e uma chacota sem graça organizada por pessoas que não conseguem viver dentro da legalidade democrática e muito menos conviver com a diferença e a pluralidade social e cultural
É sempre assim: a direita tem memória curta. Por conveniência e cinismo, é claro. Raramente vence as eleições presidenciais por intermédio do voto. É histórico. E, no decorrer do tempo, apela para a farsa, a manipulação, a mentira, até conseguir causar uma enorme confusão na sociedade, e, inapelavelmente, partir para a violência, o crime político e a ilegalidade constitucional, na forma de golpe, porque o que interessa ao reacionário é desestabilizar a democracia brasileira, que se alicerça no estado democrático de direito garantido pela Constituição de 1988.
Processo similar de desestabilização política aconteceu antes do golpe civil-militar de 1º de abril de 1964 — o Dia da Mentira ou do Mentiroso. E não é que, após 50 anos, ou seja, um tempo de meio século, os herdeiros e viúvas da ditadura, as vivandeiras de quartéis e os novatos de direita, conhecidos também como coxinhas ou rola-bostas, resolvem marcar para o próximo dia 22 de março, em São Paulo (sempre São Paulo!), a reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, acontecida em 1964?
 Seria cômica se não fosse trágica e perigosa, porque uma marcha com tal conteúdo tétrico ou sombrio realmente tem de ser denunciada e explicada, primeiramente para Deus, que, certamente, não aprova golpes e o que advém deles, como exílios, torturas e mortes, e depois explicar àquelas pessoas que, porventura, não sabem ou não compreendem como pode acabar uma marcha de conotação política reacionária, conservadora e realizada por grupos que tem profunda rejeição pela democracia e também pela igualdade de oportunidades e de direitos para todos os brasileiros, independente de raça, credo, sexo, ideologia, naturalidade e classe social.
A marcha dos radicais histéricos, dos apopléticos e dos bate-paus de direita, todos aqueles que se sentem bem com as injustiças sociais perpetradas durante séculos por uma das “elites” mais perversas da humanidade e responsável por quase quatro séculos de escravidão. Os "intervencionistas" (metáfora para golpistas) que desejam a volta para o passado de ditadura, que assombra as instituições democráticas e causa repulsa aos brasileiros que acreditam na democracia, forma de governo imperfeita, mas que permite a autodeterminação política dos povos por meio de eleições diretas e do respeito ao jogo democrático.
Contudo, essa gente não tem jeito, recusa-se a aprender, mesmo aqueles que nasceram após o golpe de estado, mas que por índole e instinto possuem uma incrível capacidade para reagir contra tudo aquilo que possa inserir a maioria da sociedade em um processo de bem-estar social. Desrespeitam as instituições republicanas e se insurgem contra os governos populares liderados no passado por Getúlio, Juscelino, Jango e Lula, bem como atualmente fazem uma oposição desleal, de essência golpista, que visa, sobretudo, violar as leis e, por conseguinte, preparar o terreno pré-eleitoral para favorecer os candidatos conservadores, os fundamentalistas de direita e do mercado, que não suportariam ficar mais quatro anos fora do poder federal, pois a direita sabe que, por intermédio do voto, não vai ser autorizada pelo povo para sentar na cadeira da Presidência da República. Ponto!
Os reacionários querem, na verdade, que a roda da história gire para trás. São essencialmente revoltados e ferozes, mesmo os que vivem bem e ganharam muito dinheiro com os governos trabalhistas de Lula e Dilma. São pessoas que têm suas necessidades supridas. São raivosos, exasperados, exaltados e tratam com intolerância os que pensam diferente deles, porque portadores de todo tipo de preconceito, “valores” e “princípios” que aprenderam no decorrer de suas vidas, por meio de grupos sociais dos quais fazem parte, e, evidentemente, através de seus familiares e antepassados.
Por sua vez, todas as pessoas, entidades e governos que eles consideram que possam mexer com seus mundinhos egoístas, tacanhos e, ridiculamente, sectários eles atacam sem dó e piedade. E por quê? Porque o reacionário não quer dividir, democratizar e muito menos permitir que a casta a qual ele pertença ou almeja pertencer possa um dia ter de conviver com as classes sociais que essa gente de caráter demoníaco considera inferior e, consequentemente, sem direito a ter direitos, bem como melhorar um pouco de vida.
O conservador, o coxinha é aquele sujeito que considera normal a injustiça praticada por homens e mulheres com poder econômico e político, que controlam o sistema acadêmico, financeiro e de produção. Por isso, ele acha justo excluir, pois dessa forma, conforme sua cabeça retrógrada e psicótica, vai sempre ter a oportunidade de acumular riquezas e benefícios, sem se importar, de forma alguma, com o preço da dor e da necessidade do restante da sociedade.
Exatamente dessa forma que o reaça funciona. Conheço vários, homens e mulheres, muitos deles pessoalmente educados e até parcimoniosos, mas quando se trata de falar sobre questões políticas e econômicas quando tange à distribuição de renda e aos direitos de cidadania, transformam-se rapidamente, seus olhos saem de suas órbitas, impacientes e intolerantes se tornam, e aquele sujeito de fala mansa e de expressão corporal moderada sai da condição de Dr. Jekyll para a de Mr. Hyde — o Médico e o Monstro. Acontece, incrivelmente, a metamorfose inesperada — imponderada.
Em 1964, grupos retrógrados e reacionários integrantes de partidos, da ala da Igreja Católica conservadora, instituições públicas e privadas, além da classe média tradicional, realizaram a “marcha dos que querem tudo para eles e nada para os outros”. Porque, se pararmos para pensar, a direita se importa mesmo é com o acúmulo de dinheiro e de patrimônio. Ponto! Por isso que é tão fácil para ela se mobilizar, porque sua essência não é social e muito menos voltada ao debate sobre as questões de um país. A direita é prática e pragmática, porque só tem responsabilidade consigo e não com a sociedade.
À direita basta o poder de compra do dinheiro, no que concerne a acumulá-lo, aumentá-lo e a possuir bens materiais e patrimoniais. Por isto e por causa disto é muito difícil vencê-la, pois o direitista se agrega com facilidade, além de ter caráter bastante agressivo, porém, de pensamento simplório e filosoficamente simples. Não é fácil enfrentar a direita, porque ela controla as empresas e as terras, além de ser proprietária de um canhão midiático que propaga seus interesses ao tempo que combate, sem trégua, todo político ou cidadão, instituição e até mesmo empresa que, porventura, não leia por sua cartilha.
A Marcha da Família com Deus pela Liberdade é uma excrescência histórica e que vai ser relembrada e reeditada no dia 22, na Praça da República e seu trajeto termina na Catedral da Sé. Termina apenas seu trajeto, mas, na memória de milhões de brasileiros, tal itinerário da caminhada draconiana, vampiresca durou o tempo de 21 anos, quando, enfim, foi inaugurada a Nova República, com a ascensão e morte de Tancredo Neves e a posse de José Sarney assegurada pelo deputado e presidente da Câmara e da Constituínte, deputado Ulysses Guimarães.  
A marcha de direita e da direita é moralista e, como a do passado, se edifica em um moralismo tirânico e sem sentido; e, o pior, em nome da democracia e, de forma genérica, “contra a corrupção”. E deu no que deu: fechamento do Congresso Nacional e extinção de partidos políticos, censura da imprensa, demissões, aposentadorias forçadas, perseguições a empresários e servidores públicos que não apoiaram o golpe de estado, prisões sem mandados, exílios, torturas e assassinatos. Tudo em nome da família, de Deus  e, pasmem: da liberdade!
Estou acostumado a ler mensagens que me enviam a afirmarem que os governos populares e democráticos de Lula e Dilma são ditaduras. Um absurdo. Esse pessoal não sabe o que é uma ditadura. Pelo menos parte dele, que nasceu após 1964 e, obviamente, por ser nova não percebia com exatidão o que acontecia no Brasil. A outra parte dessa gente sabe o que é uma ditadura e apenas diz que os governos do PT são ditaduras por má-fé, porque, na verdade, algumas dessas pessoas são favoráveis a um regime de força e digo até que têm perfis fascistas, até porque neste mundo há gosto para tudo, inclusive ser um direitista mentiroso e que age com má-fé intelectual e política.
Sem sombra de dúvida é uma evidência que essas pessoas que vão marchar em nome da família, de Deus e pela liberdade, de forma totalmente equivocada e perversa, querem mesmo é que se repita no Brasil o golpe civil-militar de 1964. Muitos dos organizadores dessa marcha ou simplesmente os que a apoiam falam em “intervenção militar”, e, na maior desfaçatez, tentam explicar o inexplicável, justificar o injustificável e defender o indefensável de que a intervenção de militares não é golpe.
 
Se essas pessoas golpistas e direitistas tivessem que pintar suas caras de paus com verniz, certamente faltaria o produto no comércio, porque são milhares e milhares de pessoas e por isso não daria tempo para a indústria fabricar verniz para atender tal demanda. Todavia, milhões de brasileiros votam na esquerda, mesmo se a maioria nem saiba o que significa ser de direita ou de esquerda. Porém, o cidadão médio ou pobre deste País sabe que sua vida mudou e para melhor, bem como tem a compreensão que os responsáveis pelas melhorias foram os governos populares de Lula e Dilma Rousseff. Ponto!
O reacionário, além de cúmplice, é submisso às ditaduras e odeia a pessoa que não se submete ou discorda ou questiona o regime de força e, por seu turno, antidemocrático. São os coxinhas, os novatos, por instinto, e os veteranos, por nostalgia, que emergem do pântano de um passado recente que deixou como herança a violência, a censura e a perseguição àqueles que ousaram discordar de uma ditadura corrupta, sanguinária, que controlava, inclusive, o Poder Judiciário — o Supremo Tribunal Federal, que apenas ratificava o que os generais decidiam.
Entretanto, com o passar do tempo e a consolidação da democracia brasileira, a direita partidária perdeu espaço e foi derrotada três vezes em eleições presidenciais. É de mais para os reacionários; e por causa disso partidos conservadores e de oposição, a exemplo do PSDB, do DEM e do PPS, dentre outros, têm contado com o apoio incondicional da imprensa de negócios privados controlada por meia dúzia de magnatas bilionários, que tentam pautar a vida brasileira, bem como influenciar nas eleições presidenciais desde quando Lula foi derrotado por Collor em 1989, além de, evidentemente, terem apoiado e se beneficiado do golpe de 1964.
Porém, o que mais chama a atenção dos “marchadores” do dia 22 de março, em São Paulo (Sempre São Paulo!), é a irresistível vontade dessa gente de reescrever a história, a vocação cretina, manipulada e dissimulada para o revisionismo barato, pois “acreditam” que a ditadura civil-militar foi um processo “democrático” cujo propósito era salvar a democracia dos comunistas e sindicalistas "comedores de criancinhas" quando a verdade é que o golpe ilegal, inconstitucional e criminoso foi um movimento orquestrado pela direita empresarial e militar brasileira apoiada pela CIA do governo de John Fitzgerald Kennedy.
Calaram o Brasil à força. Mataram, roubaram e censuram a divulgação dos crimes. Arrebentaram com a ordem constitucional e para isso rasgaram a Constituição por intermédio de atos discricionários como o foram os atos institucionais e a Lei de Segurança Nacional (LSN) imposta a todos os brasileiros para que se calassem, não se movessem e não reagissem a um regime pária e que não tinha a autorização da grande maioria do povo brasileiro para vicejar e existir. Tanto que acabou derrotado e desmoralizado por si próprio, em 1984, com as Diretas Já! e a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, no ano seguinte.
A Marcha da Família com Deus e pela Liberdade é uma farsa e uma chacota sem graça organizada por pessoas que não conseguem viver dentro da legalidade democrática e muito menos conviver com a diferença e a pluralidade social e cultural. São pequenos mussolinis travestidos de democratas, mas que pedem pela intervenção militar. A marcha é a tentativa de um estupro na democracia, realizado por pessoas de má-fé política, alienados e analfabetos políticos e por direitistas que sabem o que querem: a volta da ditadura e o fim do estado democrático de direito garantido pela Constituição de 1988. A marcha dos reacionários prega o golpe e ressuscita as vivandeiras de quartéis. É isso aí.
  
 
APELOS POR UMA INTERVENÇÃO MILITAR
por Milton Pires
UM "EXÉRCITO FANTASMA" ANTE OS APELOS POR UMA INTERVENÇÃO MILITAR QUE LIVRE O BRASIL MAIS UMA VEZ DA DOMINAÇÃO COMUNISTA
O artigo que segue após este prólogo é do médico Milton Pires. Para que não conhece, Pires além de exercer a medicina em Porto Alegre, é também escritor e possui um blog o Ataque Aberto.
Também colabora em vários sites e blogs, como o Mídia Sem Máscara. Seus artigos têm grande repercussão nas redes sociais. Recentemente participou de um hangout com o Lobão, que também está aqui no blog.
Milton Pires costuma ser ferino e direto em seus artigos na intransigente defesa do Estado de Direito democrático, seriamente ameaçado no Brasil pelo Foro de São Paulo, organização comunista fundada por Lula e Fidel Castro em 1990 e dirigida pelo PT. Com a morte de caudilho Hugo Chávez, que deu vida ao seu sucessor, o desastrado assassino sanguinário Nicolás Maduro, aumentou o protagonismo de Lula e seus sequazes no continente latino-americano, envolvendo, por conseguinte, o Brasil, já que o PT está há 11 anos no poder.
O artigo de Milton Pires analisa a situação atual brasileira e os recentes seguidos apelos pelas redes sociais conclamando uma intervenção militar para evitar a venezuelização do Brasil, ou seja, impedir a transformação do nosso país em mais uma república comunista do século XXI.
O título original do artigo é “Exército Fantasma”. Na verdade, é quase uma carta aberta aos militares brasileiros. A análise de Milton Pires é interessante. Face à forma do assédio comunista deste século XXI, o articulista levanta algumas questões muito importantes. O ataque comunista no século XXI é completamente diferente do que ocorreu há meio século, como é diferente a situação das Forças Armadas neste momento. Vale a pena ler:
 
O EXÉRCITO FANTASMA
Em 1964 as forças armadas “escolheram” intervir no Brasil. Com frase simples inicio esse artigo que espero chegar aos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica. O que aqui vai ser dito entra em total oposição com um texto anterior de minha autoria que chamei de “Oração às Forças Armadas”.
Escrevo essas linhas em função da proximidade dos 50 anos da Revolução de 64 e dos apelos que agora proliferam nas redes sociais pedindo, mais diretamente ao Exército, a tomada do poder no Brasil. Não é minha intenção defender o que foi feito no passado, exaltar o papel dos militares ou lamentar o que está acontecendo no país.
Começo, retomando a primeira frase, numa tese muito simples e pretendo que seja ela o próprio corpo dessa argumentação. Afirmei na primeira linha que as forças armadas “escolheram” intervir no Brasil; hoje essa escolha não existe mais.
Tudo que tem sido dito na internet, todas as manifestações dos militares da reserva e de uma população civil desesperada com aquilo que o PT está fazendo no Brasil partem, portanto, de uma premissa absolutamente errada: a idéia de que seus apelos, como aquele que fiz no artigo que chamei de “Oração”, possam determinar um ato de vontade, uma tomada de decisão..uma espécie de resolução militar para salvar o Brasil do destino da Venezuela.
 Isso simplesmente não vai acontecer por dois motivos:
-  Primeiro pela covardia e egoísmo de uma parte dos militares que pensa, como qualquer funcionário público brasileiro, na sua aposentadoria.
- Segundo, e esse é o motivo mais perigoso, por uma pequena parcela (pequena, mas poderosa e muito bem informada) deles que vem apostando numa política de terra arrasada...numa lógica do “quanto pior melhor” no sentido de garantir perante à população civil o respaldo à futura tomada de poder.
Quero aqui me dirigir aos três comandantes, sendo eu mesmo um militar da reserva, para dizer que os dois grupos hão de fracassar. Nós não estamos mais em 1964. Não há tempo suficiente para entrar para reserva ou obter respaldo popular.
Não se trata mais de impedir, como há 50 anos, que os comunistas cheguem ao poder. Os comunistas, senhores comandantes, ESTÃO no poder.
São eles os seus chefes. São a eles que devem vocês prestar continência.
Dias após dia, ano após ano, os senhores tem visto batalhões de fronteira na penúria e agora desativados.
Bases aéreas e, num futuro próximo navais, tem sido em sequência desativadas.
O orçamento destinado aos senhores não cobre mais o rancho e o fardamento.
Não há no Exército munição para sustentar um dia de guerra total. Pergunto-lhes, pois: não concordam vocês que não trata-se mais aqui de salvar o Brasil de coisa alguma mas sim da própria existência das forças armadas como instituição?
Todos nós, senhores comandantes, estamos cansados das manifestações da reserva...de certos “Rambos de pijama” que não percebem que aproxima-se o fim do Exército e que pensam, numa lógica que desconhece totalmente o pensamento revolucionário, ser possível negociar com o PT.
Sobre isso afirmo o seguinte: meu posto é de segundo tenente da reserva. Jamais trabalhei em qualquer serviço de informação e pouco me importa o conhecimento da inteligência militar brasileira.
Escrevo aqui como quem conhece, e muito bem, a inteligência petista: Não se enganem, senhores, com a promessa de novos caças, de mais porta-aviões ou de um submarino nuclear.
Não acreditem em mais tanques ou no soldo melhor para os oficiais generais porque o que se aproxima é a penúria total.
Entendam que em 1964 vocês tomaram o poder porque “queriam” salvar o país do comunismo.
Em 2014 ou depois, terão que fazê-lo para salvar a própria pele.
O verdadeiro exército petista está entre os integrantes do MST e da gigantesca massa carcerária brasileira, hoje mais de meio milhão de condenados, que esse Partido criminoso controla com mão de ferro.
Senhores comandantes, até hoje nada do que os senhores viram foi suficiente para lhes convencer da necessidade de intervenção..
Tudo continua parecendo uma questão de “decisão”...de “momento certo”..e de respaldo da população civil como se estivéssemos nós todos em 1964 quando foi por um ato de vontade própria que o Exército colocou-se no poder.
Vossa vontade, senhores, não mais está em questão..Aceitem meu aviso quando digo que dessa vez não é “só o Brasil” que está ameaçado mas o próprio Exército que aproxima-se, ainda que seja lentamente, da própria extinção.
Ou os senhores compreendem isso e tomam a atitude que, salvando a si próprios há de salvar a democracia brasileira, ou em breve não serão mais que um Exército Fantasma.
Porto Alegre, 10 de março de 2014.
Milton Pires

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O que realmente mudou?

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