Por
causa do embate, a obra foi interrompida em maio, por tempo
indeterminado, e o governo da Holanda ameaçou acionar o Brasil no Clube
de Paris por não pagamento, o que arranharia a imagem do País.
Iniciada
em 2011, a dragagem do Porto de Suape já recebeu R$ 185 milhões dos
governos federal e de Pernambuco, mas, por ora, a principal parte dos
serviços ainda não foi feita. O projeto, que já deveria ter sido
concluído, é fundamental para que navios petroleiros aportem próximo à
futura Refinaria de Abreu e Lima, da Petrobrás, um investimento de R$ 20
bilhões.
A
obra está a cargo da empresa holandesa Van Oord, que ganhou o contrato
de R$ 275 milhões após vencer licitação e alega ser vítima de calote. A
Secretaria de Portos da Presidência (SEP) pagou R$ 39 milhões dos R$ 78
milhões pactuados, mas rejeitou as prestações de contas apresentadas
pela administração do porto, ligada ao governo estadual, e suspendeu os
repasses restantes. Sem os recursos, o governo pernambucano afirma que
não há como honrar os compromissos.
Em
documento de 21 de agosto, o diretor do Departamento de Desempenho
Operacional da SEP, Marcelo Salles, diz que "não houve a devida
comprovação da regularidade da utilização dos recursos federais
transferidos" e deu 30 dias para Suape se explicar. Num outro documento,
de 12 de setembro, ele reitera os problemas e responsabiliza o Estado
de Pernambuco pela paralisação dos serviços.
A
SEP alega que a interrupção foi sem sua anuência e aponta "insegurança"
na execução do contrato. Suape, no entanto, argumenta que só pode
retomá-lo após a secretaria aprovar projeto mais detalhado das obras -
elas foram licitadas e contratadas com base apenas no projeto básico. Os
novos estudos preveem aumento de R$ 62 milhões no valor do
empreendimento, que passaria de R$ 275 milhões para R$ 337 milhões.
Numa
série de pareceres obtidos pelo Estado, produzidos desde julho deste
ano, em meio ao clima de tensão política entre Dilma e Campos, a SEP diz
que os custos de mobilização e desmobilização da obra em Suape são
muito superiores aos praticados em 14 portos brasileiros. O valor orçado
é quase o dobro do maior preço pago em outras unidades. Gestores do
porto alegam que os equipamentos usados ali são diferenciados, o que
eleva os preços.
A
SEP diz ainda que o governo de Campos manteve sobrepreço no orçamento
feito para a licitação das obras, mesmo após alerta do Tribunal de
Contas da União. "Deixou Suape de corrigir o orçamento do edital", diz
uma das análises. Mas, segundo o governo pernambucano, a própria
secretaria analisou e aprovou o documento em 2011. Os pareceres da SEP
registram ainda que o governo de Campos deixou de aplicar R$ 66,7
milhões na obra. Outro problema é que parte dos recursos aportados pelo
Estado, R$ 3,1 milhões, não transitou pela conta vinculada ao projeto.
Providências.
O estopim da crise se deu na véspera do desembarque de Campos do
governo Dilma. A Oord reclamou calote de 53 milhões de euros ao governo
de seu país. O representante da Holanda no Clube de Paris cobrou
providências ao Ministério da Fazenda brasileiro, sob pena de acionar a
instituição internacional. Abriu-se um jogo de empurra. O governo de
Campos cobrou recursos ao Planalto, que se negou a liberá-los por causa
das suspeitas de irregularidades nas obras.
Em
17 de setembro, um dia antes do governador se reunir com Dilma e
comunicar voo solo nas eleições de 2014, a Secretaria de Assuntos
Internos da Fazenda informou a representantes da Petrobrás, do Planalto e
do Itamaraty que o Estado de Pernambuco é que pagaria R$ 40 milhões à
Van Oord em dois dias. Em seguida, comunicaria ao governo holandês sua
"concordância" no reescalonamento da dívida e um apelo pelo não
acionamento do Brasil no Clube de Paris. Não houve acordo sobre o
pagamento do restante dos débitos.
A Secretaria de Portos era comandada, até a semana passada, pelo então ministro Leônidas Cristino, da ala do PSB contrária ao projeto presidencial de Campos. Suape é comandado por Márcio Monteiro, que acumula a função de secretário de Desenvolvimento Econômico no governo Campos.
Fonte: Com informações Estadão
Publicado Por: Lídia Brito
A Secretaria de Portos era comandada, até a semana passada, pelo então ministro Leônidas Cristino, da ala do PSB contrária ao projeto presidencial de Campos. Suape é comandado por Márcio Monteiro, que acumula a função de secretário de Desenvolvimento Econômico no governo Campos.
Fonte: Com informações Estadão
Publicado Por: Lídia Brito
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